20-10-2025 Segunda-feira
Lindbergh Farias (PT-RJ) pediu a cassação dos mandatos de Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli e denunciou não só a farra bolsonarista com dinheiro público como também a blindagem desses parlamentares
O povo brasileiro pagou nos dois últimos anos nada menos que R$ 3,3 milhões com despesas de gabinetes de parlamentares que estão presos ou no exterior, sem trabalhar, como Eduardo Bolsonaro que conspira contra o país, e Carla Zambelli. Ambos são do PL, partido da extrema direita feroz na defesa do estado mínimo e nas críticas aos gastos com programas sociais. Além deles, tem o ex-deputado Chiquinho Brazão, que foi alvo do Conselho de Ética ano passado, mas a votação para a perda do mandato não ocorreu.
As informações foram reveladas pelo jornal O Estado de São Paulo no final de semana. O líder da bancada no Congresso, deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) pediu a cassação dos mandatos e denunciou não só a farra bolsonarista com dinheiro público como também a blindagem desses parlamentares.
“No caso do Eduardo Bolsonaro o relator já pediu o arquivamento, mas tem um acordão para salvá-lo: não cassar e ele perder o mandato por faltas. Qual é o acordão? Ele não fica inelegível e pode disputar a eleição de 2026”, denunciou Lindbergh ao lembrar que recentemente a Câmara conseguiu “livrar a cara” do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) ao interromper um processo contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Derrotamos a PEC da Blindagem nas ruas, mas a Carla Zambeli está sendo blindada. Pela decisão do STF, depois da condenação transitada em julgado, ela tinha que ter sido caçada imediatamente”, apontou.
Conspiração premiada
Em vídeo postado nas redes sociais, Lindbergh cita a matéria do Estadão que diz que foram R$ 1,9 milhão gastos com o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), R$ 900 mil com o deputado Eduardo Bolsonaro, cuja equipe de 12 funcionários consome R$ 130 mil por mês 12 funcionários.
“Que tipo de trabalho esse parlamentar está fazendo para ter uma equipe como essa? Ele está fora do Brasil só conspirando contra o nosso país”, ressaltou o líder do PT, ao acrescentar que com os funcionários da deputada Carla Zambelli são gastos R$ 103 mil por mês.
“Ela está presa na Itália, ela é foragida”, assinalou, depois de questionar se a população concorda em sustentar equipes de deputados presos ou foragidos do país. “Você concorda em tirar R$ 3,3 milhões da saúde e da educação para pagar essas equipes?”, indagou.
PT contra deputado “home office”
O Estadão publicou que “governistas criticam gastos e apresentaram projeto de lei contra ‘deputado home office’”.
Autor do projeto de resolução da Câmara, o primeiro-vice-líder do governo, deputado Alencar Santana (PT-SP), apontou os prejuízos para a sociedade. “Acho isso um absurdo. São deputados que não exercem o mandato plenamente. Dois deles com condenações, e acaba gerando um custo, recurso público, sem gerar qualquer tipo de eficiência política, administrativa, funcional para o parlamento e a sociedade brasileira”, denunciou.
A proposta também proíbe que deputados usem o mandato “para a prática de atos deliberadamente atentatórios à soberania nacional” e define que no exercício do mandato o deputado deve apresentar-se à Câmara durante a sessão legislativa e pode perder o mandato se estiver fora do país em afastamento irregular e sem justificativa.
O índice de brasileiros que acredita que deputados e federais atuam em benefício próprio é de 83%, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada dia 13. Os que desaprovam o trabalho da Câmara e do Senado são 58% e 51%, respectivamente. “É uma vergonha. Eles continuarem recebendo salários e usando verbas de gabinete é um escárnio. Por essas e outras razões, a Câmara dos Deputados está perdendo credibilidade”, afirmou o deputado federal Helder Salomão (PT-ES) na publicação.
Trajetórias de usurpação
A longa matéria do Estadão fez um histórico dos atos dos parlamentares bolsonaristas usurpadores. “Os dois deputados do PL pediram licença parlamentar para saírem do Brasil. O primeiro passo foi dado por Eduardo, que foi aos Estados Unidos buscando sanções do governo americano ao ministro Alexandre de Moraes do STF”.
Pela regra da Câmara, o afastamento é de no máximo quatro meses e expirou em julho, no caso de Eduardo. “Desde então, mesmo sem registrar presença em nenhuma sessão, ele mantém um gabinete operante na Câmara. O mesmo aconteceu com Zambelli, que pediu licença e foi para a Itália após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)”, informou o jornal.
A licença de Zambelli expirou no começo de outubro. “Até o momento, ambos seguem muito pouco produtivos na Câmara. Estando nos Estados Unidos, Eduardo dividiu a coautoria em emendas ao texto da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e foi subscritor de outra PEC que dificulta a criação de moeda digital pelo Banco Central no mês de setembro, depois um hiato produtivo de seis meses”, diz a matéria.
Já Chiquinho Brazão, mesmo preso, continuou recebendo salário, em média, R$ 18,9 mil por mês mesmo estando na cadeia e manteve uma equipe de 24 funcionários com custo de R$ 120 mil por mês. O Conselho de Ética aprovou a cassação do parlamentar em 2024 mas a votação em plenário nunca ocorreu. Assim, ele perdeu o mandato apenas em abril de 2025 por faltas, o que pode fazer com que ele possa disputar outra eleição.
Morosidade
A Câmara está em fase de avaliação da cassação do mandato de Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro. “No caso de Zambelli, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) julga o pedido da perda do mandato feita pelo STF. Não há previsão do colegiado julgar esse caso”, informou o Estadão.
No caso de Eduardo Bolsonaro, o Conselho de Ética da Câmara está avaliando a representação apresentada contra ele. “O relator da representação, Delegado Marcelo Freitas (União-MG), pediu arquivamento do caso. Ainda assim, Eduardo poderá perder o mandato em março de 2026, quando a Câmara contabilizará as faltas que ele teve neste ano. Caso tenha mais de um terço de faltas, perderá o mandato”, diz a matéria, confirmando a suspeita do líder Lindbergh de blindagem para que o filho de Jair Bolsonaro não se torne inelegível como o pai.
PT, com informações do Estadão
