23-08-2025 Sábado
Cabe agora à Procuradoria definir se abrirá denúncia a partir das investigações da PF sobre a tentativa de obstrução do julgamento da trama golpista
Após a Polícia Federal indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por suspeita de tentativa de obstrução do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a trama golpista, caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) definir quais serão os próximos passos.
O indiciamento a partir das investigações significa que a autoridade policial, no caso a PF, encontrou indícios razoáveis da possível prática de crime. Após o envio do relatório final ao STF pela PF, a Corte o encaminhou à PGR, a quem cabe, agora, avaliar se será apresentada ou não uma acusação formal.
Em caso negativo, o processo é arquivado. Em caso positivo, a PGR denuncia os acusados e tem início a ação penal, que torna réus os investigados. Neste caso, PGR pode pedir mais apurações. Ao final desse processo, a denúncia é apresentada ao STF, que pode recebê-la — o que levará à fase de julgamento — ou não.
Ao enviar o inquérito à PGR nesta quarta-feira (20), o ministro à frente do caso, Alexandre de Moraes, determinou que a defesa do ex-presidente prestasse esclarecimentos, em até 48 horas, sobre o descumprimento de medidas cautelares, a reiteração de condutas ilícitas e a existência de risco de fuga.
A resposta da defesa foi entregue na noite desta sexta-feira (22). A argumentação de Bolsonaro e de seus advogados é a de que o indiciamento teria sido baseado num “vazio de indícios”, apesar da farta documentação e de elementos como áudios e trocas de mensagens, mostrando a atuação ilícita do ex-presidente e de seu filho a fim de forçar a interrupção do processo por tentativa de golpe de Estado, por meio de interferências indevidas do presidente Donald Trump nas instituições brasileiras.
Além do indiciamento de Bolsonaro e de seu filho, o relatório da PF apontou, ainda, a participação do jornalista Paulo Figueiredo e do pastor Silas Malafaia nas práticas criminosas.
De acordo com a PF, Eduardo e Figueiredo vêm buscando, junto a autoridades dos Estados Unidos, a imposição de sanções contra agentes públicos brasileiros sob a alegação de perseguição política ao ex-presidente.
Já Malafaia teria atuado na definição de estratégias de pressão, na propagação de informações falsas e no direcionamento de ações coordenadas contra a cúpula do Judiciário.
Com agências
