Arquivo mensal: outubro 2022

Eleição de Lula fortalece Brandão e Dino e recoloca o Maranhão nos espaços de Brasília

31-10-2022 Segundaa-feira

A vitória de Luís Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência da República sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) vai tirar o Maranhão do isolamento em relação ao Governo Federal. Ganham projeção nesse novo cenário, em escala maior, o governador reeleito Carlos Brandão (PSB) e o senador eleito Flávio Dino (PSB), que entraram de cabeça na corrida ao voto e trabalharam sem descanso para fortalecer a candidatura do ex-presidente dentro e fora do Maranhão, comandando, de maneira determinada, a campanha do petista no estado.

O trabalho árduo e desafiador dos dois foi decisivo para que Lula da Silva tivesse saltasse de 68,8% dos votos (2.603.454) obtidos no 1º turno para 71,1% (2.663.849) no 2º turno, um resultado muito próximo da diferença dele sobre Jair Bolsonaro nos votos totais do país. Além do prestígio eleitoral do ex-presidente no Maranhão, Carlos Brandão e Flávio Dino abraçaram a candidatura do petista como uma questão de “vida ou morte”, exatamente por saberem que a reeleição do presidente seria um golpe muito duro no Maranhão.

Com esse resultado, o governador Carlos Brandão terá um parceiro no comando da República e o senador Flávio Dino um motivo especial para trabalhar duro pela estabilidade política e institucional.

Em qualquer situação, Lula da Silva teria votação majoritária no Maranhão, isso ninguém discute. Mas o tamanho dessa vitória certamente seria menor não fosse o trabalho diuturno, insistente e incansável dos dois líderes da aliança governista. Carlos Brandão, ainda administrando a recuperação da sua saúde, não faltou a um só compromisso que assumira durante a campanha, sem deixar o comando do Governo em segundo plano.

Flávio Dino foi para as ruas, comandando caminhadas, carreatas e concentrações em comícios nas mais diversas regiões do estado. Vitoriosos nas urnas na primeira volta, e certos de que o candidato petista teria a maioria dos votos do estado, poderiam deixar o trem seguir sem condutor. Mas fizeram exatamente o contrário: compraram a briga, arregaçaram as mangas e foram à luta. O resultado de ontem mostrou que o envolvimento direto dos dois líderes na campanha foi decisivo para a ampliação da vantagem.

Num plano mais aberto, Flávio Dino terá um papel político abrangente no Governo do presidente Lula da Silva. Sua experiência de ex-juiz federal, ex-deputado federal e ex-governador por dois mandatos, somada à estatura política que ele conseguiu além das fronteiras do Maranhão, o credenciam para exercer um papel de maior relevância. Há quem o veja como futuro ministro da Justiça, cargo que se encaixa no seu perfil e lhe dá espaço para atuar como articulador.

Mas há também quem enxergue nele um senador com credenciais para atuar como um articulador da base governista no Congresso Nacional, onde o presidente Lula da Silva vai precisar de suporte competente e confiável para conviver com uma oposição bolsonarista que, pelo menos no início, tentará de tudo para desestabilizar o Governo e com isso alimentar o monumental e perigoso racha nacional.

O presidente eleito tem dado repetidas demonstrações de que não faltará para com o Maranhão. Nas diversas conversas que teve com o governador Carlos Brandão, Lula da Silva repetiu a recomendação para que o governador lhe apresente cinco projetos importantes para o estado. Carlos Brandão disse que atenderá a recomendação, mas deixou claro que além disso vai trabalhar para uma sintonia fina com Brasília, que abra as portas ministeriais.

E nesse sentido, o vice-governador Felipe Camarão (PT) terá papel importante na interlocução do Governo do Maranhão com o Governo de Brasília. Nesse contexto, viabilizar cinco projetos é importante, mas é tão ou mais importante será estabelecer uma convivência fácil e produtiva.

O Brasil ganhou com a vitória de Lula da Silva, obtendo a garantia de que permanecerá na seara da democracia plena, e nesse contexto, o Maranhão está na linha de frente dos estados cujos governos e as lideranças mais influentes estarão alinhadas com o futuro Governo que será instalado na República no dia 1º de janeiro do ano que vem, daqui a dois meses, portanto.

Repórter Tempo

Bolsonaro não aceita discutir futuro político e adia conversa sobre oposição a Lula, dizem aliados

31-10-2022 Segunda-feira

Em silêncio desde que perdeu as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente Jair Bolsonaro não aceitou, até agora, discutir o seu futuro político com aliados. Apesar da derrota, Bolsonaro ainda é um líder popular de direita e deve comandar a oposição ao governo Lula, mas ainda não disse como pretende fazer isso fora do poder.

Na noite deste domingo, 30, pouco antes da virada de Lula, o presidente ainda achava que poderia vencer a disputa, com uma margem de 1,2 milhão de votos. Quando percebeu que não tinha mais chance, ele se recolheu. Aos poucos que tentaram puxar conversa sobre seus próximos passos, como o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), Bolsonaro ficou quieto.

Mesmo filiado ao PL, o chefe do Executivo não tem influência no partido, que é presidido por Valdemar Costa Neto. O PL integra o Centrão e é dono da maior bancada na Câmara, com 99 deputados, mas uma parte da legenda já admite negociar com o governo Lula.

Como não terá um partido para si, Bolsonaro poderia até mesmo retomar a tentativa de criar uma sigla de direita, como a Aliança pelo Brasil, que não conseguiu sair do papel. Aliados dizem, porém, que não há sinais de mobilização para isso. Tampouco veem Bolsonaro à frente de um instituto que leve seu nome, como fizeram ex-presidentes.

“Eu acho que ele vai se recolher. Ele sempre reclamou muito, dizendo ‘O que eu estou fazendo aqui? Poderia estar na minha chácara, pescando’”, disse o deputado eleito Alberto Fraga (PL-DF), amigo de Bolsonaro há 40 anos, numa referência aos hábitos de pescar na região de Angra dos Reis (RJ), onde tem uma casa, na Vila de Mambucaba. “Do jeito que ele não tem ligação com a mídia, quando deixar de ser presidente ninguém vai procurar Bolsonaro. Político sem mandato é abelha sem ferrão.”

Fraga afirmou, ainda, que Bolsonaro pode se candidatar novamente ao Planalto, em 2026. “O que pode acontecer é o que aconteceu com (o ex-presidente dos Estados Unidos Donald) Trump. Na próxima, é ele quem vai disputar, a depender, evidentemente, se não tiver outros nomes, como Zema e Caiado”, observou, em alusão aos governadores de Minas, Romeu Zema, e de Goiás, Ronaldo Caiado.

Bolsonaro sempre se queixou da tarefa de presidir o País. Reclamava de falta de privacidade, de cansaço, de tempo para se distrair e chegou a dizer que não levava jeito para ser presidente. “Não tinha nada para estar aqui. Nem levo jeito”, disse ele ao discursar em fórum de investimentos, em junho. “Nasci para ser militar. Entrei na política por acaso”, completou.

Às vésperas do primeiro turno, o presidente deu uma indicação de falta de expectativa para o futuro, ao falar a um podcast de influenciadores evangélicos. “Se for a vontade de Deus, eu continuo. Se não for, a gente passa aí a faixa e vou me recolher. Porque, com a minha idade, eu não tenho mais nada a fazer aqui na Terra, se acabar essa minha passagem pela política, aqui”, declarou.

Aposentadoria

Fora do poder, além de aposentadoria de militar e de deputado federal, Bolsonaro tem direito a uma estrutura de 8 funcionários, incluída segurança pessoal para si e família, e mais dois veículos para deslocamento no País. Os custos dos servidores ligados ao Palácio do Planalto são cobertos pela União.

Depois de condicionar o reconhecimento do resultado a “eleições limpas”, o presidente disse, após o debate na TV Globo, na sexta-feira, 28, que “quem tiver mais votos leva”. Mesmo assim, ainda paira sobre o Planalto o possível questionamento da derrota, a partir de parecer sobre a fiscalização realizada pelas Forças Armadas.

O entorno do presidente, de políticos a militares, apostava que haveria “convulsão social” com a derrota dele. Um dos mais íntimos auxiliares de Bolsonaro disse ao Estadão, sob reserva, que o futuro do candidato à reeleição sempre foi tema vetado no comitê de campanha. Segundo ele, “não se falava sobre isso”, nem mesmo sobre quais seriam os potenciais herdeiros do bolsonarismo, porque todos evitavam pensar na hipótese de derrota.

Nas últimas semanas, a campanha tentou levantar suspeitas sobre pesquisas eleitorais e inserções de propaganda nas rádios, que segundo o comitê, prejudicariam o presidente e favoreceriam Lula.

Para se reerguer politicamente, a estratégia de Bolsonaro seria apostar na presença consolidada nas redes, a maior do Brasil, nos 58,2 milhões de votos e no País rachado, além do crescimento da bancada conservadora no Congresso.

Amigos do presidente consideram que ele deverá enfrentar uma leva de processos judiciais sobre a gestão, que poderá condicionar sua capacidade de voltar a disputar eleições. A aposta de políticos de direita é de que o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), herde parte do bolsonarismo no lugar dos filhos parlamentares de Bolsonaro, como o senador Flávio (PL-RJ), o deputado Eduardo (PL-SP) e o vereador Carlos (Republicanos-RJ). Tarcísio, porém, procurou marcar diferenças com o presidente ao longo da campanha e se afastar de extremismos.

Estadão

Lula é eleito presidente do Brasil pela terceira vez com mais de 60 milhões de votos

31-10-2022 Segunda-feira

Petista derrota Bolsonaro, o primeiro presidente no exercício do mandato a perder a reeleição. Chefes de estado e de governo reconheceram a vitória de Lula na eleição e mandam recados

Neste domingo (30), dia do segundo turno da eleição, Lula (PT) foi eleito presidente da República pela terceira vez. Com 99,95% das urnas apuradas, o petista teve 60.313.340 (50,90%) dos votos válidos e foi para a Avenida Paulista comemorar com os eleitores. O perdedor, o presidente Jair Bolsonaro (PL), teve 58.189.292 (49,10%) dos votos válidos. 

Lula teve mais de 2 milhões de votos do que o segundo colocado e bateu seu próprio recorde. Em 2006, Lula teve 58.295.042 votos, numericamente a maior votação da história do Brasil.

Enquanto o petista é o primeiro brasileiro a ser eleito três vezes presidente pelo voto direto – venceu em 2002 e 2006 -, Bolsonaro é o primeiro presidente a perder uma reeleição no exercício do mandato. 

Esta é a quinta eleição do PT para a chefia do país, desde 2002, duas vezes com Lula e duas com a ex-presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014).

No primeiro turno Lula teve 52,7 milhões de votos (48,43%), contra 51 milhões de Bolsonaro (43,2%). A maior votação do petista foi na Região Nordeste, onde teve 66,7% dos votos, contra 29,7% de Bolsonaro. 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, parabenizou Lula pela eleição e afirmou, em postagem no Twitter, “que está ansioso apra trabalhar junto”. Veja no final, outras mensagens de líderens internacionais. 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também cumprimentou Lula por meio de postagem no Twitter. Parabéns Lula pela vitória. Venceu a democracia, venceu o Brasil”, disse FHC.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) também fez uma postagems parabenizando Lula. A postagem no Twitter diz: “As urnas falaram, venceu a democracia e a verdade”.  

volta de Lula

Lula volta ao Palácio do Planalto três anos depois de deixar a prisão em Curitiba, no Paraná, onde foi condenado sem crime e em provas pelo ex-juiz Sérgio Moro, suspeito, segundo o Superior Tribunal Federal (STF), em todas as ações contra o petista. Moro mandou prender Lula em plena campanha eleitoral de 2018, quando ele estava a frente nas pesquisas de intenções de voto, depois virou ministro do candidato que ajudou a eleger, Jair Bolsonaro. Em 2021, todas as decisões tomadas por Moro foram anuladas pelo STF, o que liberou Lula para retornar a vida política.

Chefes de estado cumprimentam Lula

Chefes de estado e de governo reconheceram a vitória de Lula na eleição para a Presidência do Brasil, neste domingo.

O presidente francês Emmanuel Macron parabenizou a vitória de Lula no pleito: “Parabéns, meu caro Lula, por sua eleição que dá início a um novo capítulo da história do Brasil. Juntos, vamos unir nossas forças para enfrentar os muitos desafios comuns e renovar o vínculo de amizade entre nossos dois países”.

António Costa, primeiro-ministro de Portugal, escreveu no Twitter que já de já deu os parabéns a Lula e que vê sua vitória de forma otimista.

“Já tive a oportunidade de felicitar calorosamente Lula pela sua eleição como Presidente da República do Brasil. Encaro com grande entusiasmo o nosso trabalho conjunto nos próximos anos, em prol de #Portugal e do #Brasil, mas também em torno das grandes causas globais”, afirmou Costa.

O prêmier da Espanha, Pedro Sanchez, afirmou que os brasileiros optaram pelo “progresso e esperança”.

“Parabéns, Lula, pela vitória nesta eleição na que o Brasil decidiu torcer pelo progresso e a esperança. Vamos trabalhar juntos pela justiça social, a igualdade e contra as mudanças climáticas. Seu sucesso vai ser do povo brasileiro”, escreveu Sanchez.

O chileno Gabriel Boric republicou uma mensagem do presidente eleito. O presidente do Chile escreveu: “Lula. Alegria!”

CUT

Abandonada por bolsonaristas, Zambelli pode responder por seis crimes

31-10-2022 Segunda-feira

Na Câmara Federal, PT e Rede protocolaram uma representação para cassar o mandato da deputada

Vinte e quatro horas depois de perseguir e ameaçar com uma pistola o jornalista Luan Araújo, nos Jardins, em São Paulo, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ainda não sabe a quantos processos terá de responder. Mas já é possível concluir que o episódio deste sábado (29) foi desastroso não apenas para a parlamentar – mas também para o bolsonarismo, que será testado nas urnas neste domingo (30).

O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), espécie de guru de Zambelli, afirmou a aliados que o comportamento criminoso de sua seguidora, a um dia de uma eleição tão importante, é “inacreditável”.  Para seus correligionários, o caso veio na pior hora possível.

Segundo a Folha de S.Paulo, “apesar das demonstrações públicas de solidariedade, o entorno” bolsonarista “ficou enfurecido” com Zambelli. “Não bastasse o possível dano na véspera da eleição, é o terceiro episódio com armas em uma semana, após o ataque de Roberto Jefferson com fuzil e granadas à Polícia Federal e a ordem da equipe de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para um câmera apagar imagens de um tiroteio”.

Zambelli cometeu ao menos seis crimes e infrações. Um desses crimes, o racismo, foi a base para uma denúncia que o Grupo Prerrogativas já protocolou contra a deputada, em função de uma declaração que ela concedeu após a confusão. “Me empurraram no chão, um homem negro. Eles usaram um negro para vir em cima de mim”, diz Zambelli na gravação. O jornalista que ela perseguiu é negro e estava desarmado. As imagens deixam claro que ela não foi empurrada.

“Viemos aqui denunciar ela por racismo, porque ela coloca isso como elemento estruturante, da necessidade de ela se sentir ameaçada”, afirmou a advogada Sheila Carvalho, do Prerrogativas, ao registrar boletim de ocorrência. O grupo é formado por advogados e juristas que atuam em defesa dos direitos humanos.

No boletim de ocorrência, o Prerrogativas também acusam Zambelli de agressão e porte ilegal de armas. “Esse jovem sofreu na tarde de hoje na Paulista, região onde estava ocorrendo manifestação pró-Lula. É importante que as autoridades policiais investiguem pelos seus atos e que a Justiça Eleitoral aja pela suspensão do mandato”, agregou Sheila.

Embora seja apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ativista do Coletivo Democracia Corinthiana, Luan estava na região para um compromisso pessoal. Ele avistou Zambelli num restaurante e a provocou com palavras de apoio a Lula. A deputada, que inicialmente ignorou os comentários, passou a intimidar o jornalista e apontou uma pistola na direção dele. Um de seus seguranças foi preso por ter disparado um tiro enquanto corria atrás de Luan. Resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proíbe o porte de arma na véspera do pleito.

O TSE, por sinal, é outro órgão a investigar o caso. Conforme relatório produzido pelo setor de inteligência e combate à desinformação do tribunal, há indícios de dois crimes eleitorais na ação de Zambelli: “porte ilegal de armas em período próximo à votação” e “tentativa de tumultuar o processo eleitoral”. A jornalistas, após a perseguição a Luan, a deputada admitiu que não segue e não seguirá a resolução do TSE.

Zambelli é acusada, ainda, de abuso de poder e quebra de decoro parlamentar. Na Câmara Federal, PT e Rede protocolaram uma representação para cassar o mandato da deputada. “Os ataques e a ameaça armada contra um eleitor durante a véspera das eleições violam diretamente o interesse público, a vontade popular e a Constituição Federal”, aponta a representação.

Os seguranças de Zambelli serão igualmente investigados. A Polícia Civil apura se houve crimes de porte ilegal de arma, ameaça, lesão corporal e disparo de arma de fogo.

André Cintra

Tradição diplomática: Presidente da Argentina visita Lula nesta segunda (31)

31-10-2022 Segunda-feira

Alberto Fernández fará uma visita rápida a São Paulo, nesta segunda (31), marcando o 1º encontro internacional de Lula após a vitória. Eleição fortalece onda de governos de esquerda na América Latina

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, desembarcará nesta segunda-feira (31) em São Paulo, para um encontro com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que derrotou neste domingo (30) o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). A visita foi confirmada à imprensa pela chancelaria de Buenos Aires e deve ocorrer por volta das 12h. 

Este será o primeiro encontro internacional de Lula que resgata uma tradição diplomática entre os dois países, em que os líderes se encontram antes de qualquer outro mandatário. 

A tradição foi rompida por Bolsonaro. Ao se eleger, o mandatário fez sua primeira viagem internacional como presidente ao Chile, então governado pelo direitista Sebastián Piñera. Lula também estaria planejando uma viagem a Buenos Aires antes da posse. Ontem, ao votar em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, o presidente eleito destacou em coletiva de imprensa que visitará os países da América do Sul e os Estados Unidos, antes de assumir o terceiro mandato como presidente. “Para restabelecer uma aliança”, justificou.

Fernández e Lula

Sob o governo Bolsonaro, as relações diplomáticas entre o país e a Argentina se tornaram meramente protocolares. O presidente da extrema-direita não compareceu à posse de Fernández em 2019. Durante sua campanha neste ano, ele ainda explorou a crise delicada que atravessa a Argentina como uma forma de atacar Lula, por conta da proximidade do petista com o presidente argentino e sua vice, Cristina Kirchner. Uma reportagem da Folha de S. Paulo também resgata que a falta de diálogo de Bolsonaro fez com que o Mercosul ficasse praticamente suspenso. 

Com a eleição de Lula, a expectativa dos argentinos é que seja retomada a parceria estratégia entre os dois países. Além disso, a viagem também tem um peso político para que o governo Fernández que espera chegar mais competitivo nas eleições presidenciais que ocorrem no próximo ano. 

Os dois líderes são muito próximos. Ainda em 2019, quando era candidato, Fernández visitou o petista em Curitiba, na época de sua prisão. A política brasileira também cativa os argentinos de uma maneira geral. Nesse domingo, o presidente do país e sua vice foram os primeiros líderes estrangeiros a parabenizar Lula pela nova eleição. 

Onda progressista na América Latina

A vitória do presidente eleito pela terceira vez ainda marca o fortalecimento da onda de governos de esquerda na América Latina. Agora, são seis o total de países mais populosos, também considerados as principais economias da região, com presidentes de esquerda ou centro-esquerda. O que inclui além de Argentina e Brasil, México, Peru, Colômbia e Chile. 

Os progressistas dessa nova fase enfrentam, contudo, um cenário mais adverso do que o da “onda rosa” que marcou a região no início dos anos 2000. O próprio Lula, de acordo com o ex-presidente e membro do instituto de análise política Inter-American Dialogue, com sede em Washington, Michael Shifter, vai enfrentar um contexto, tanto nacionalmente quanto internacionalmente, “totalmente diferente”, avaliou em uma entrevista à BBC News Brasil

“Dentro do Brasil, a característica mais saliente é certamente a enorme polarização. Mas poderíamos citar também os desafios econômicos, entre eles, a inflação alta, o desemprego e a insegurança alimentar. Os desafios são enormes e só podem ser superados com um governo de coalizão capaz de unir diferentes forças e facções políticas”, ponderou. O analista diz, contudo, que a capacidade do novo presidente de trabalhar or movimento de maior cooperação na América Latina “será um dos trunfos”. 

“Lula certamente exercerá um papel importante em encorajar uma maior colaboração na América Latina. O único líder que tem capacidade de reunir a região em desafios comuns é o Lula. Mesmo que os demais governos queiram, eles não têm o peso do Brasil ou a experiência do presidente eleito nos anos 2000 para isso”, conclui Shifter. 

CUT

Líderes globais e regionais parabenizam Lula; Brasil retoma protagonismo mundial

31-10-2022 Segunda-feira

Os chefes de Estado dos Estados Unidos, China, França, Alemanha, Espanha, México, Canadá, Rússia, Argentina e Austrália, entre outros lideres mundiais. cumprimentaram o presidente eleito do Brasil logo após o anúncio oficial da vitória pelo TSE

A candidatura vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva já foi reconhecida por alguns dos principais líderes políticos do mundo, logo após a divulgação do resultado da eleição. A histórica consagração do líder popular e candidato da frente ampla democrática, representada pela coligação Brasil da Esperança, foi saudada minutos depois do anúncio oficial do triunfo eleitoral pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por alguns dos chefes de Estado das Américas e Europa.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, parabenizou Lula pela vitória na corrida presidencial. “Envio meus parabéns a Luiz Inácio Lula da Silva pela vitória em uma eleição livre, justa e digna de confiança”, diz o texto distribuído pela Casa Branca. “Espero que possamos trabalhar juntos e manter a cooperação entre nossos dois países nos próximos meses e nos anos que virão”.

Os líderes dos países membros do BRICS também cumprimentaram o presidente Lula por sua eleição para a presidência do Brasil.

O presidente chinês, Xi Jinping, disse: “Atribuo grande importância ao desenvolvimento das relações China-Brasil”, comentando a eleição de Lula, segundo a emissora estatal CCTV.

“Os resultados da votação confirmaram sua alta autoridade política. Espero que, por meio de esforços conjuntos, asseguremos o desenvolvimento de uma cooperação construtiva russo-brasileira em todas as áreas”, disse Vladimir Putin em comunicado do Kremlin.

O líder alemão, Olaff Scholz cumprimentou o presidente Lula por sua vitória. “Parabéns @LulaOficial pela eleição! Estou ansioso por uma cooperação próxima e confiante com 🇧🇷 – especialmente em questões de comércio e proteção climática”, disse Scholz.

O presidente da França, Emmanuel Macron também parabenizou Lula nas redes sociais e declarou que “unirá forças com o Brasil para enfrentar os muitos desafios comuns”.

O chefe de governo da Espanha, Pedro Sanchez, parabenizou Lula, dizendo o sucesso do novo presidente do Brasil vai ser o “sucesso do povo”. E afirmou: “Vamos trabalhar juntos pela justiça social, a igualdade e contra as mudanças climáticas. Seu sucesso vai ser do povo brasileiro”.

Também o líder mexicano Andréz Manuel Lopes Obrador cumprimentou o presidente eleito do Brasil e disse: “Lula venceu, abençoado povo brasileiro. Haverá igualdade e humanismo no país”.

O primeiro-ministro de Portugal António Costa, de Portugal, também parabenizou Lula pela vitória.

Outro chefe de Estado que também se manifestou prontamente foi o presidente da Argentina. No início da noite de domingo, Alberto Fernández declarou que Lula tem no chefe de Estado do país vizinho, um “companheiro para trabalhar e sonhar com o grande bem-estar dos nossos povos”. E encerrou: “Sua vitória é um novo tempo na história da América Latina”, declarou Fernández. “Um tempo de esperança e de futuro que começa hoje mesmo”.

Ainda, durante a noite deste domingo, os lideres do Canadá, Justin Trudeau, Anthony Albanese, da Austrália, Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, Luis Arce, da Bolívia, Gabriel Boric, do Chile, Nicolas Maduro, da Venezuela, Gustavo Petro, da Colômbia, Miguel Díaz-Canel, de Cuba, também se manifestaram em suas redes sociais.

PT

Lula: “Somos um único país, um único povo, uma grande nação” 

31-10-2022 Segunda-feira

Após ser eleito presidente do Brasil, Lula prega a união e promete um governo comprometido em construir a real democracia. Assista e leia a íntegra do discurso

“A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros”, afirmou Lula, em São Paulo, em seu primeiro discurso após ser eleito presidente do Brasil, neste domingo (30), com mais de 60 milhões de votos, maior número já alcançado por um candidato na história do país (assista e leia a íntegra abaixo). 

“Somos um único país, um único povo, uma grande nação”, completou Lula, que pregou a união dos brasileiros. “É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos. (…) Este país precisa de paz e de união.”

Antes de ler o discurso preparado para este “30 de outubro histórico”, Lula agradeceu a Deus e “a cada companheiro e cada companheira que tiveram um papel importante na campanha, sobretudo as pessoas que vieram no segundo turno”.

Em seguida, tendo ao seu lado lideranças políticas que representam a grande frente democrática que se uniu em torno da chapa Lula-Alckmin, o agora presidente eleito iniciou a leitura, em um salão abarrotado de jornalistas de todos os cantos do mundo.

Logo no início, afirmou que as eleições têm “um único e grande vencedor: o povo brasileiro”. “Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora.”

E Lula explicou o que considera ser a democracia real. Democracia, disse, é mais do que o direito de protestar contra a fome, o desemprego, o salário insuficiente. Democracia é o povo viver bem, comer bem, morar bem.

“É assim que eu entendo a democracia. Não apenas como uma palavra bonita inscrita na Lei, mas como algo palpável, que sentimos na pele, e que podemos construir no dia-dia. E é essa democracia que nós vamos buscar construir a cada dia do nosso governo”, prometeu.

Por isso, o combate à fome será, mais uma vez, a prioridade de seu novo governo. Assim como a geração de empregos, a valorização do salário mínimo, a retomada do Minha Casa Minha Vida, o apoio aos pequenos e microempresários. E também o respeito ao meio ambiente e a busca da reindustrialização aliada ao desenvolvimento sustentável, bem como a valorização da saúde, da educação, da ciência e da cultura.

E concluiu dizendo que precisará da ajuda de toda a sociedade para alcançar esses objetivos. “Volto a dizer aquilo que disse durante toda a campanha. Aquilo que nunca foi uma simples promessa de candidato, mas sim uma profissão de fé, um compromisso de vida: O Brasil tem jeito. Todos juntos seremos capazes de consertar este país e construir um Brasil do tamanho dos nossos sonhos – com oportunidades para transformá-los em realidade.” 

Leia a íntegra do discurso de Lula:

Meus amigos e minhas amigas.

Chegamos ao final de uma das mais importantes eleições da nossa história. Uma eleição que colocou frente a frente dois projetos opostos de país, e que hoje tem um único e grande vencedor: o povo brasileiro.

Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora.

Neste 30 de outubro histórico, a maioria do povo brasileiro deixou bem claro que deseja mais – e não menos democracia.

Deseja mais – e não menos inclusão social e oportunidades para todos. Deseja mais – e não menos respeito e entendimento entre os brasileiros. Em suma, deseja mais – e não menos liberdade, igualdade e fraternidade em nosso país.

O povo brasileiro mostrou hoje que deseja mais do que exercer o direito sagrado de escolher quem vai governar a sua vida. Ele quer participar ativamente das decisões do governo.

O povo brasileiro mostrou hoje que deseja mais do que o direito de apenas protestar que está com fome, que não há emprego, que o seu salário é insuficiente para viver com dignidade, que não tem acesso a saúde e educação, que lhe falta um teto para viver e criar seus filhos em segurança, que não há nenhuma perspectiva de futuro.

O povo brasileiro quer viver bem, comer bem, morar bem. Quer um bom emprego, um salário reajustado sempre acima da inflação, quer ter saúde e educação públicas de qualidade.

Quer liberdade religiosa. Quer livros em vez de armas. Quer ir ao teatro, ver cinema, ter acesso a todos os bens culturais, porque a cultura alimenta nossa alma.

O povo brasileiro quer ter de volta a esperança.

É assim que eu entendo a democracia. Não apenas como uma palavra bonita inscrita na Lei, mas como algo palpável, que sentimos na pele, e que podemos construir no dia-dia.

Foi essa democracia, no sentido mais amplo do termo, que o povo brasileiro escolheu hoje nas urnas. Foi com essa democracia – real, concreta – que nós assumimos o compromisso ao longo de toda a nossa campanha.

E é essa democracia que nós vamos buscar construir a cada dia do nosso governo. Com crescimento econômico repartido entre toda a população, porque é assim que a economia deve funcionar – como instrumento para melhorar a vida de todos, e não para perpetuar desigualdades.

A roda da economia vai voltar a girar, com geração de empregos, valorização dos salários e renegociação das dívidas das famílias que perderam seu poder de compra.

A roda da economia vai voltar a girar com os pobres fazendo parte do orçamento. Com apoio aos pequenos e médios produtores rurais, responsáveis por 70% dos alimentos que chegam às nossas mesas.

Com todos os incentivos possíveis aos micros e pequenos empreendedores, para que eles possam colocar seu extraordinário potencial criativo a serviço do desenvolvimento do país.

É preciso ir além. Fortalecer as políticas de combate à violência contra as mulheres, e garantir que elas ganhem o mesmo salários que os homens no exercício de igual função.

Enfrentar sem tréguas o racismo, o preconceito e a discriminação, para que brancos, negros e indígenas tenham os mesmos direitos e oportunidades.

Só assim seremos capazes de construir um país de todos. Um Brasil igualitário, cuja prioridade sejam as pessoas que mais precisam.

Um Brasil com paz, democracia e oportunidades.

Minhas amigas e meus amigos.

A partir de 1º de janeiro de 2023 vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somo um único país, um único povo, uma grande nação.

Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio.

A ninguém interessa viver num país dividido, em permanente estado de guerra.

Este país precisa de paz e de união. Esse povo não quer mais brigar. Esse povo está cansado de enxergar no outro um inimigo a ser temido ou destruído.

É hora de baixar as armas, que jamais deveriam ter sido empunhadas. Armas matam. E nós escolhemos a vida.

O desafio é imenso. É preciso reconstruir este país em todas as suas dimensões. Na política, na economia, na gestão pública, na harmonia institucional, nas relações internacionais e, sobretudo, no cuidado com os mais necessitados.

É preciso reconstruir a própria alma deste país. Recuperar a generosidade, a solidariedade, o respeito às diferenças e o amor ao próximo.

Trazer de volta a alegria de sermos brasileiros, e o orgulho que sempre tivemos do verde-amarelo e da bandeira do nosso país. Esse verde-amarelo e essa bandeira que não pertencem a ninguém, a não ser ao povo brasileiro.

Nosso compromisso mais urgente é acabar outra vez com a fome. Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças neste país não tenham o que comer, ou que consumam menos calorias e proteínas do que o necessário.

Se somos o terceiro maior produtor mundial de alimentos e o primeiro de proteína animal, se temos tecnologia e uma imensidão de terras agricultáveis, se somos capazes de exportar para o mundo inteiro, temos o dever de garantir que todo brasileiro possa tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias.

Este será, novamente, o compromisso número 1 do nosso governo.

Não podemos aceitar como normal que famílias inteiras sejam obrigadas a dormir nas ruas, expostas ao frio, à chuva e à violência.

Por isso, vamos retomar o Minha Casa Minha Vida, com prioridade para as famílias de baixa renda, e trazer de volta os programas de inclusão que tiraram 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza.

O Brasil não pode mais conviver com esse imenso fosso sem fundo, esse muro de concreto e desigualdade que separa o Brasil em partes desiguais que não se reconhecem. Este país precisa se reconhecer. Precisa se reencontrar consigo mesmo.

Para além de combater a extrema pobreza e a fome, vamos restabelecer o diálogo neste país.

É preciso retomar o diálogo com o Legislativo e Judiciário. Sem tentativas de exorbitar, intervir, controlar, cooptar, mas buscando reconstruir a convivência harmoniosa e republicana entre os três poderes.

A normalidade democrática está consagrada na Constituição. É ela que estabelece os direitos e obrigações de cada poder, de cada instituição, das Forças Armadas e de cada um de nós.

A Constituição rege a nossa existência coletiva, e ninguém, absolutamente ninguém, está acima dela, ninguém tem o direito de ignorá-la ou de afrontá-la.

Também é mais do que urgente retomar o diálogo entre o povo e o governo.

Por isso vamos trazer de volta as conferências nacionais. Para que os interessados elejam suas prioridades, e apresentem ao governo sugestões de políticas públicas para cada área: educação, saúde, segurança, direitos da mulher, igualdade racial, juventude, habitação e tantas outras.

Vamos retomar o diálogo com os governadores e os prefeitos, para definirmos juntos as obras prioritárias para cada população.

Não interessa o partido ao qual pertençam o governador e o prefeito. Nosso compromisso será sempre com melhoria de vida da população de cada estado, de cada município deste país.

Vamos também reestabelecer o diálogo entre governo, empresários, trabalhadores e sociedade civil organizada, com a volta do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

Ou seja, as grandes decisões políticas que impactem as vidas de 215 milhões de brasileiros não serão tomadas em sigilo, na calada da noite, mas após um amplo diálogo com a sociedade.

Acredito que os principais problemas do Brasil, do mundo, do ser humano, possam ser resolvidos com diálogo, e não com força bruta.

Que ninguém duvide da força da palavra, quando se trata de buscar o entendimento e o bem comum.

Meus amigos e minhas amigas.

Nas minhas viagens internacionais, e nos contatos que tenho mantido com líderes de diversos países, o que mais escuto é que o mundo sente saudade do Brasil.

Saudade daquele Brasil soberano, que falava de igual para igual com os países mais ricos e poderosos. E que ao mesmo tempo contribuía para o desenvolvimento dos países mais pobres.

O Brasil que apoiou o desenvolvimento dos países africanos, por meio de cooperação, investimento e transferência de tecnologia.

Que trabalhou pela integração da América do Sul, da América Latina e do Caribe, que fortaleceu o Mercosul, e ajudou a criar o G-20, a UnaSul, a Celac e os BRICS.

Hoje nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta. Que o Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária do mundo.

Vamos reconquistar a credibilidade, a previsibilidade e a estabilidade do país, para que os investidores – nacionais e estrangeiros – retomem a confiança no Brasil. Para que deixem de enxergar nosso país como fonte de lucro imediato e predatório, e passem a ser nossos parceiros na retomada do crescimento econômico com inclusão social e sustentabilidade ambiental.

Queremos um comércio internacional mais justo. Retomar nossas parcerias com os Estados Unidos e a União Europeia em novas bases. Não nos interessam acordos comerciais que condenem nosso país ao eterno papel de exportador de commodities e matéria prima.

Vamos re-industrializar o Brasil, investir na economia verde e digital, apoiar a criatividade dos nossos empresários e empreendedores. Queremos exportar também conhecimento.

Vamos lutar novamente por uma nova governança global, com a inclusão de mais países no Conselho de Segurança da ONU e com o fim do direito a veto, que prejudica o equilíbrio entre as nações.

Estamos prontos para nos engajar outra vez no combate à fome e à desigualdade no mundo, e nos esforços para a promoção da paz entre os povos.

O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a Floresta Amazônica.

Em nosso governo, fomos capazes de reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia, diminuindo de forma considerável a emissão de gases que provocam o aquecimento global.

Agora, vamos lutar pelo desmatamento zero da Amazônia

O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva. Uma árvore em pé vale mais do que toneladas de madeira extraídas ilegalmente por aqueles que pensam apenas no lucro fácil, às custas da deterioração da vida na Terra.

Um rio de águas límpidas vale muito mais do que todo o ouro extraído às custas do mercúrio que mata a fauna e coloca em risco a vida humana.

Quando uma criança indígena morre assassinada pela ganância dos predadores do meio ambiente, uma parte da humanidade morre junto com ela.

Por isso, vamos retomar o monitoramento e a vigilância da Amazônia, e combater toda e qualquer atividade ilegal – seja garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida.

Ao mesmo tempo, vamos promover o desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem na região amazônica. Vamos provar mais uma vez que é possível gerar riqueza sem destruir o meio ambiente.

Estamos abertos à cooperação internacional para preservar a Amazônia, seja em forma de investimento ou pesquisa científica. Mas sempre sob a liderança do Brasil, sem jamais renunciarmos à nossa soberania.

Temos compromisso com os povos indígenas, com os demais povos da floresta e com a biodiversidade. Queremos a pacificação ambiental.

Não nos interessa uma guerra pelo meio ambiente, mas estamos prontos para defendê-lo de qualquer ameaça.

Meus amigos e minhas amigas.

O novo Brasil que iremos construir a partir de 1º de janeiro não interessa apenas ao povo brasileiro, mas a todas as pessoas que trabalham pela paz, a solidariedade e a fraternidade, em qualquer parte do mundo.

Na última quarta-feira, o Papa Francisco enviou uma importante mensagem ao Brasil, orando para que o povo brasileiro fique livre do ódio, da intolerância e da violência.

Quero dizer que desejamos o mesmo, e vamos trabalhar sem descanso por um Brasil onde o amor prevaleça sobre o ódio, a verdade vença a mentira, e a esperança seja maior que o medo.

Todos os dias da minha vida eu me lembro do maior ensinamento de Jesus Cristo, que é o amor ao próximo. Por isso, acredito que a mais importante virtude de um bom governante será sempre o amor – pelo seu país e pelo seu povo.

No que depender de nós, não faltará amor neste país. Vamos cuidar com muito carinho do Brasil e do povo brasileiro. Viveremos um novo tempo. De paz, de amor e de esperança.

Um tempo em que o povo brasileiro tenha de novo o direito de sonhar. E as oportunidades para realizar aquilo que sonha.

Para isso, convido a cada brasileiro e cada brasileira, independentemente em que candidato votou nessa eleição. Mais do que nunca, vamos juntos pelo Brasil, olhando mais para aquilo que nos une, do que para nossas diferenças.

Sei a magnitude da missão que a história me reservou, e sei que não poderei cumpri-la sozinho. Vou precisar de todos – partidos políticos, trabalhadores, empresários, parlamentares, govenadores, prefeitos, gente de todas as religiões. Brasileiros e brasileiras que sonham com um Brasil mais desenvolvido, mais justo e mais fraterno.

Volto a dizer aquilo que disse durante toda a campanha. Aquilo que nunca foi uma simples promessa de candidato, mas sim uma profissão de fé, um compromisso de vida:

O Brasil tem jeito. Todos juntos seremos capazes de consertar este país, e construir um Brasil do tamanho dos nossos sonhos – com oportunidades para transformá-los em realidade.

Mais uma vez, renovo minha eterna gratidão ao povo brasileiro. Um grande abraço, e que Deus abençoe nossa jornada.

PT

Em editorial, o francês Le Monde diz que eleição de Lula é “alívio global”

31-10-2022 Segunda-feira

O jornal destacou o governo desastroso de Jair Bolsonaro e os desafios que Lula terá pela frente

O jornal francês Le Monde, em editorial publicado nesta segunda-feira (31), classifica a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência do Brasil como um “alívio global”.

O texto destaca o governo desastroso de Jair Bolsonaro (PL) e diz que cabe a ele uma última tarefa: reconhecer o resultado das urnas. Até agora, quase 11 horas após Lula ser proclamado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o vencedor do segundo turno da aleição, Bolsonaro ainda não reconheceu a derrota.

“A democracia falou no Brasil. No domingo, 30 de outubro, ela demitiu o atual presidente Jair Bolsonaro após um mandato de alvoroço e fúria exemplificado pelo tratamento abismal da pandemia de Covid-19, o saque da Amazônia, ataques à democracia e um fluxo constante de declarações racistas, sexistas e homofóbicas. Resta agora a este líder de extrema-direita, calado na noite das eleições, uma última obrigação para com o seu país: reconhecer publicamente a sua derrota e preparar-se para uma alternância pacífica no topo do Estado”.

“Quanto mais cedo melhor, o homem que muitas vezes foi comparado ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deve imitá-lo uma última vez, lançando-se em um desafio aos resultados que colocariam as instituições à prova. . O tempo para uma campanha deletéria e particularmente virulenta já passou. Agora é a vez dos desafios que aguardam o vencedor, Luiz Inácio Lula da Silva”, complementa.

A eleição deste domingo, segundo o texto, foi “uma das voltas ao poder mais espetaculares já feitas em um poder do tamanho do Brasil”.

O jornal destaca a dificuldade que Lula terá para encarar um país quebrado pelo bolsonarismo e com representantes desta corrente em setores do poder político. “Essa ultrapassagem foi, sem dúvida, essencial, mas não impediu o enraizamento de um populismo agressivo e a transição do bolsonarismo militante para o bolsonarismo institucional, o que se confirma neste segundo turno da eleição. Enquanto a campanha presidencial destacou a vulnerabilidade do país às inverdades veiculadas pelas redes sociais e a influência de pastores evangélicos ultraconservadores, esse bolsonarismo já está presente em vigor no Congresso do Brasil, assim como em muitos estados do gigante sul-americano, começando pela mais rica, a de São Paulo, que agora será comandada por um ex-ministro do presidente derrotado”.

CUT

Porto do Itaqui tem primeira movimentação de etanol de milho, biocombustível usado na composição da gasolina

31-10-2022 Segunda-feira

O Porto do Itaqui movimentou, neste mês, a primeira carga de etanol anidro de milho, biocombustível usado na composição da gasolina. Um volume de 440 metros cúbicos dessa carga, originária de Sorriso, no Mato Grosso (da empresa FS Bio), foi recebido pela Granel Química e chegou ao porto público do Maranhão por meio de uma logística que envolveu os modais rodoviário e ferroviário. Primeiro, de Sorriso a Porto Nacional (TO) e depois via ferrovia Norte-Sul, até chegar ao Porto do Itaqui.

“A movimentação de etanol anidro de milho pelo Porto do Itaqui demonstra o enorme potencial do nosso porto e também amplia a abrangência de sua área de influência. Essa é uma carga importante vinda do Mato Grosso, que vem crescendo ao longo dos anos, e o Itaqui está preparado para exportar essa produção aos mercados internacionais”, afirma o presidente do Porto do Itaqui, Ted Lago.

“Esta operação pioneira representa possibilidade de novas cargas para o Itaqui, uma vez que a produção de etanol de milho vem aumentando 30% ao ano e com projeção de crescimento exponencial até 2030”, informa o gerente regional da Granel Química, Sílvio Aguiar.

Até setembro deste ano a produção de etanol a base de milho na safra 2022/23 na região centro-sul chegou a mais de 1 milhão de litros, de acordo com a União da Indústria da Cana de Açúcar e Bioenergia (Unica). Desse volume, 70,16% é de etanol hidratado e 29,84% de etanol anidro. 

O total de etanol à base de milho produzido no Brasil representa 23,78% do total estimado para toda a safra de biocombustível. Relatório da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM), projeta uma produção de 4,5 milhões de litros no país, o que representa um aumento de 31,20% em relação à safra passada.

Atualmente, 17 usinas de etanol de milho estão em operação, sendo 10 em Mato Grosso, 5 em Goiás, uma no Paraná e outra em São Paulo. A produção desse biocombustível a partir do milho representa um avanço para a cadeia produtiva do grão, ampliando seu valor agregado, gerando mais empregos e renda ao longo dessa cadeia.

Líderes globais parabenizam Lula; Brasil retoma protagonismo mundial

30-10-2022 Domingo

Biden, Macron, AMLO, Justin Trudeau, Arce e Fernández cumprimentaram o presidente eleito do Brasil logo após o anúncio oficial da vitória pelo TSE

A candidatura vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva já foi reconhecida por alguns dos principais líderes políticos do mundo, logo após a divulgação do resultado da eleição. A histórica consagração do líder popular e candidato da frente ampla democrática, representada pela coligação Brasil da Esperança, foi saudada minutos depois do anúncio oficial do triunfo eleitoral pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por alguns dos chefes de Estado das Américas e Europa.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, parabenizou Lula pela vitória na corrida presidencial. “Envio meus parabéns a Luiz Inácio Lula da Silva pela vitória em uma eleição livre, justa e digna de confiança”, diz o texto distribuído pela Casa Branca. “Espero que possamos trabalhar juntos e manter a cooperação entre nossos dois países nos próximos meses e nos anos que virão”.

O presidente da França, Emmanuel Macron também parabenizou Lula nas redes sociais e declarou que “unirá forças com o Brasil para enfrentar os muitos desafios comuns”. Também o líder mexicano Andréz Manuel Lopes Obrador cumprimentou o presidente eleito do Brasil e disse: “Lula venceu, abençoado povo brasileiro. Haverá igualdade e humanismo no país”.

Outro chefe de Estado que também se manifestou prontamente foi o presidente da Argentina. No início da noite de domingo, Alberto Fernández declarou que Lula tem no chefe de Estado do país vizinho, um “companheiro para trabalhar e sonhar com o grande bem-estar dos nossos povos”. E encerrou: “Sua vitória é um novo tempo na história da América Latina”, declarou Fernández. “Um tempo de esperança e de futuro que começa hoje mesmo”.

PT