27-09-2022 Terça-feira
Em véspera de eleição, a prudência manda que se evite cantar vitória antes da hora, porque a regra pregada pela experiência diz que eleição só se ganha depois dos votos contados. Porém, como toda regra tem exceção, não é exagero nem precipitação prever que a disputa para o Senado no Maranhão está decidida, com a virtual eleição do ex-governador Flávio Dino (PSB).
Essa previsão tem como pilares as mais de duas dezenas de pesquisas feitas durante o ano eleitoral, iniciado em outubro do ano passado, as quais, sem qualquer exceção, previram que o candidato do PSB deve sair das urnas autorizado a representar o Maranhão na Câmara Alta durante os próximos oito anos.
O arremate dessa previsão veio com a pesquisa Escutec, divulgada domingo, informando que Flávio Dino tem 57% das intenções de voto, enquanto seu principal adversário, o senador Roberto Rocha (PTB), candidato à reeleição, tem 25%. Os demais candidatos aparecem assim: Ivo Nogueira (DC) com 4%, Saulo Arcangeli (PSTU) com 2% e Antônia Cariongo (PSOL) com 1%. Indecisos somam 11%.
O ex-governador Flávio Dino caminha para o Senado embalado por um lastro que construiu com uma trajetória politicamente correta: liderou um movimento de renovação política, realizou um bom, limpo e diferenciado Governo, manteve a coerência quando optou por apoiar o vice-governador Carlos Brandão (PSB) na corrida sucessória estadual, conseguiu remontar em grande medida a aliança que o levou ao poder, ganhou estatura debatendo os problemas nacionais, foi uma das vozes mais ativas na oposição ao presidente Jair Bolsonaro e seu Governo, e foi linha de frente na articulação da candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT). Em resumo, Flávio Dino vem se consolidando como líder, atuando em todas as frentes sem abrir mão das suas convicções.
Respeitado nacionalmente pela sua trajetória como juiz federal, deputado federal e governador do Estado eleito e reeleito, Flávio Dino poderá, se confirmada sua eleição, chegar a Brasília com cacife poderoso: se Lula da Silva for eleito presidente, como indica o cenário desenhado, ele está entre os nomes relacionados pelo presidente eleito para o ministério, estando cotado para a pasta da Justiça. Na remota eventualidade da reeleição do presidente Jair Bolsonaro, será uma das mais ativas vozes de oposição no Congresso Nacional.
Mesmo levando em conta as cautelas e o elevado grau de imprevisibilidade das disputas eleitorais, parece impossível e improvável que o senador Roberto Rocha reverta esse cenário, mesmo tendo o apoio velado do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e de três candidatos a governador – Weverton Rocha (PDT), Lahesio Bonfim (PSC) e Edivaldo Holanda Jr. (PSD) –, que formam a base bolsonarista no estado, na mais estranha equação político-partidária-eleitoral já montada no Maranhão. No entanto, o senador petebista faz uma campanha na qual destaca o apoio dos candidatos a governador, mas não se assumiu como representante de algum candidato a presidente do Maranhão. Faz de conta de que nada tem a ver com o presidente Jair Bolsonaro nem com candidato do PTB, Padre Kelmon.
Não há na história recente do Maranhão registro de um candidato a senador que pega carona nos palanques de três aspirantes aos Leões e faz de conta quer não tem candidato presidencial, mesmo estando evidente que ele tem. Tal postura só é explicada pelo fato de o presidente Jair Bolsonaro ser rejeitado pela esmagadora maioria do eleitorado maranhense, segundo contam as pesquisas, e do candidato petebista Padre Kelmon ser uma aberração política.
Os demais candidatos estão participando democrática e saudavelmente do processo eleitoral, vendendo seus peixes programáticos, mas sem qualquer possibilidade de quebrar a polarização Flávio Dino/Roberto Rocha, e menos ainda de mudar a tendência de eleição do ex-governador.
Em Tempo: o levantamento, registrado na Justiça Eleitoral sob o número MA-4989/2022, ouviu 2 mil eleitores entre os dias 19 a 25 de setembro, em 70 municípios. O grau de confiabilidade é de 95% e a margem de erro é de 2,19%, para mais ou para menos.
