Arquivo mensal: janeiro 2022

Alema e Câmara Municipal voltam às atividades na quarta-feira (02) com rigorosos protocolos sanitários

31-01-2022 Segunda-feira

A Assembleia Legislativa do Maranhão e a Câmara Municipal de São Luís retomam, na quarta-feira (02), suas atividades.

As sessões solenes, que serão realizadas no período da manhã, permanecem no formato híbrido, como forma de preservar a saúde dos presentes, evitando a proliferação do novo coronavírus.

Na Alema, as pessoas só poderão ter acesso às dependências da casa, mediante comprovação da conclusão do ciclo vacinal contra a Covid-19. A medida segue determinação de nova resolução baixada pelo presidente Othelino Neto (PCdoB).

A sessão de retorno dos trabalhos legislativos na Assembleia terá início às 9h30. Durante a solenidade, o governador Flávio Dino (PSB) ou seu representante fará a leitura da Mensagem Governamental, encaminhada ao Poder Legislativo, com a prestação de contas das ações realizadas pelo governo do Estado em 2021 e as ações previstas para este ano.

Na Câmara, a sessão solene terá início às 8h, correspondendo à 20ª Legislatura do 3º Período Legislativo.

Deputado federal Zé Carlos (PT-MA) defende funcionários da EletroNorte

31-01-2022 Segunda-feira

O deputado federal Zé Carlos (PT) escreveu um artigo publicado no Jornal Pequeno neste final de semana defendendo os trabalhadores e trabalhadoras das empresas do Sistema Eletrobras, que encontram-se em greve desde o último dia 17 de janeiro. A Eletronorte, que faz parte desse conjunto de empresas e é a responsável pela geração e transmissão de energia para o Maranhão, aderiu à greve a partir do dia 24.

“Quem, da mesma forma que eu, acompanha a luta dos trabalhadores urbanitários por melhores condições de trabalho e contra a tentativa de entrega das empresas do setor elétrico nacional para o grande capital estrangeiro, sabe que essa greve é uma greve justa”, disse o parlamentar.

Para ele, algumas das reivindicações apresentadas pelos trabalhadores há muito são de conhecimento da diretoria da empresa. Segundo ele, nenhuma atenção tem sido dada a essas reivindicações pela empresa, no entanto, desde a época do golpe que derrubou a ex-Presidente Dilma, em 2016.

“De acordo com manifesto amplamente divulgado pelo sindicato que coordena a greve, a Eletrobras/Eletronorte não só tem deixado de cumprir com algumas obrigações contratuais relativas a pagamentos dos seus empregados, como também aumentou de forma absurda o preço do plano de saúde dos trabalhadores, impõe aos trabalhadores uma escala abusiva de trabalho e, desde o ano passado, não providencia teste de Covid, o que tem contribuído para um grande número de contaminação de todo o seu pessoal”, completou.

“Em primeiro lugar porque uma empresa que custou mais de R$400 bilhões para ser construída, ao longo de 70 anos, não pode ser vendida tão somente por algo em torno de R$12 bilhões. Em segundo lugar porque uma das primeiras consequências dessa venda, se ela vier realmente a ser concretizada, será um aumento absurdo da conta de luz, com a consequente dor de cabeça para o povo mais pobre. Por tudo isso, a greve dos trabalhadores da Eletrobras/Eletronorte tem o meu apoio e a minha solidariedade”, finalizou o deputado.

Dilma: “Não há desenvolvimento nem salários dignos sem reindustrialização”

31-01-2022 Segunda-feira

Em seminário promovido pelo PT, ex-presidenta Dilma Rousseff defende que retomar a industrialização do país deve ser prioridade do próximo governo

A ex-presidenta Dilma Rousseff defendeu, nesta segunda-feira (31), durante o Seminário Resistência, Travessia e Esperança, que o maior esforço do Partido dos Trabalhadores neste ano deve ser não só o de voltar à Presidência da República com Lula, mas de garantir a capacidade de governar para implementar as mudanças necessárias.

Nesse sentido, Dilma disse ser crucial a mobilização popular, que precisa ser mantida, inclusive, após as eleições, e a formação de uma ampla bancada de deputados federais e senadores que deem sustentação ao governo, uma vez que, hoje, o Congresso foi dominado por um “clientelismo fisiológico”, que decorre da “absoluta incapacidade de Bolsonaro de fazer qualquer gestão no país”.

Sobre as mudanças que se farão necessárias a partir de 2023, Dilma destacou o processo de reindustrialização, sem o qual o Brasil ficará condenado a ser uma grande fazenda (fornecedor apenas de produtos agrícolas para o restante do mundo) ou um grande banco (que serve apenas para atender os interesses do sistema financeiro).

“Este país não pode estar condenado a se tornar uma grande fazenda nem tampouco um grande banco. Nenhum país do mundo consegue um bom nível de desenvolvimento e salários dignos sem um processo de reindustrialização”, defendeu Dilma, para logo em seguida destacar a importância do Estado nesse processo. 

“É fundamental a presença do Estado brasileiro, porque o mercado não garante a reindustrialização. Pelo contrário, o que nós estamos vendo é que esta etapa do neoliberalismo leva também os países a se transformarem em grandes bancos, como é o caso dos Estados Unidos hoje”, acrescentou.

Legado

Dilma destacou ainda que o Partido dos Trabalhadores chega a 2022 com muitos exemplos a mostrar sobre sua capacidade de colocar o país em um caminho de desenvolvimento e justiça social. “O PT não se apresenta de mão vazias”, afirmou.

Entre as várias conquistas obtidas pela sociedade brasileira no período em que ela e Lula governaram, Dilma mencionou a saída do Mapa da Fome, o maior acesso à educação e à saúde, a política de valorização do salário mínimo e a estabilidade dos preços dos combustíveis, entre outros. “Tudo isso destruído pelo senhor Jair Bolsonaro”, denunciou.

O seminário

Realizado de forma remota nesta segunda e terça-feira (31 e 1º), o Seminário Resistência, Travessia e Esperança é promovido pelo Partido dos Trabalhadores, pelas bancadas do PT na Câmara e no Senado, pela Fundação Perseu Abramo e pelo Instituto Lula.

Em formato híbrido, ele visa discutir o legado dos governos petistas, analisar a conjuntura e debater propostas para a reconstrução nacional, além de preparar os atores internos e aliados para os embates de 2022 e seus enfrentamentos políticos e eleitorais no Congresso e na sociedade. 

Além de deputados e deputadas, senadores e dirigentes nacionais do PT, participam representantes de CUT, CNTE, ANDIFES, CONTAG, MST, MAP, MAB, ABJD, Prerrogativas, Coalizão Negra, FUP, CNE, UNE, UBES, Dieese, NAPPs, Núcleos da Bancada, Assessoria Técnica e Comunicação, Unicopas.

PT

Projeto de Bolsonaro para retirar R$ 2 bi do Incra pode “enterrar” reforma agrária

31-01-2022 Segunda-feira

Em mais um aceno a ruralistas, governo quer acabar com tributo que contribui para bancar as ações do Incra. Para presidente da Contag, governo quer enterrar a reforma agrária

Mais um projeto de destruição de políticas públicas e sociais do governo de Jair Bolsonaro (PL) pode enterrar definitivamente a reforma agrária no Brasil.

Para privilegiar empresários conservadores, contrários aos direitos sociais e trabalhistas, Bolsonaro, que bate sucessivos recordes de impopularidade, de acordo com várias pesquisas, e o ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, pretendem acabar com o imposto recolhido pelas empresas que destina cerca de R$ 2 bilhões anualmente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A cobrança é de apenas 0,2% aplicada à folha de salários das empresas e corresponde a dois terços do orçamento previsto para o órgão este ano.

A ideia do governo é apresentar um projeto de lei para e extinguir a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), como é chamado o tributo previsto em lei de 1955 e adaptado por decreto de 1970, segundo o jornal Folha de São Paulo, que teve acesso à informação.

Por detrás do engodo que é a desoneração da folha de pagamentos para gerar empregdesoneraçãoos, o que realmente interessa ao governo Bolsonaro é enterrar de vez a reforma agrária, que desde os governos petistas de Lula e Dilma, que mais atuaram a favor dos pequenos agricultores e sem- terras, nunca mais teve a atenção devida. Ao contrário, o atual governo só promoveu o desmonteVeja abaixo a comparação entre os governos do PT e Bolsonaro.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), Aristides Veras, repudia mais este ataque e diz que a entidade vai lutar para que o projeto de lei, que ainda deve ser apresentado, não seja aprovado pelo Congresso Nacional.

“Vamos mobilizar os trabalhadores e trabalhadoras do campo, conversar com lideranças no Congresso, construir alianças mais amplas com outros setores e mostrar à sociedade que este projeto é um absurdo”, diz.

Bolsonaro é o pior presidente que o país já teve. Ele atua contra a desapropriação de terras para a reforma agrária; orientou outros órgãos do governo a atuar contra o Incra e foca na titulação de quem já tem a terra, apoiando ações do latifúndio que já foram perdidas na Justiça- Aristides Veras

De acordo com o dirigente, a reforma agrária já vinha enfrentando dificuldades nos processos de desapropriação depois do golpe de 2016 e agora está agora paralisada. “Não tem dinheiro para vistoria, diária para nada”.

Este projeto pode enterrar de vez a reforma agrária, acrescenta o dirigente, que complementa: O governo Bolsonaro já reduziu o orçamento da política agrária e ainda retirou conquistas dos trabalhadores sem-terra.

Reforma agrária: Lula e Dilma x Bolsonaro

Lula e Dilma, juntos, promoveram um número recorde de assentamentos, segundo dados do Incra: 771 mil famílias receberam o título de propriedade de terras. Ou seja, mais da metade (56%) do total de beneficiados em toda a história da reforma agrária no Brasil.

Foram criados nada menos do que 3.902 assentamentos em todos os estados da federação, somando 51 milhões de hectares, ou os territórios do Ceará e do Mato Grosso do Sul juntos.

Assistência financeira, técnica e educacional

Em vez de abandonados à própria sorte como no passado, os assentados passaram a contar com crédito, assistência técnica, construção e reforma de moradias, abertura de estradas, instalação de água e luz elétrica, sementes de alta qualidade genética, garantia de venda da produção, entre outros benefícios.

O estímulo à educação para os jovens e adultos nas áreas de reforma agrária também foi uma marca dos governos petistas: 385 mil alunos foram beneficiados pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária/Pronera, com acesso ao ensino médio e superior e à especialização.

Valores em bilhões

Entre 2003 e 2013, o total de crédito para melhorar e aumentar a produção chegou a R$ 6,4 bilhões. A assistência técnica beneficiou 349 mil famílias em 2013. Em dez anos, 470 mil moradias foram construídas nos assentamentos; 150 mil famílias assentadas conquistaram acesso à água, segundo o Incra.

Só em 2013, 18,1 mil máquinas – entre retroescavadeiras, motoniveladoras e caminhões-caçamba – foram distribuídas por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). Do total de 5.061 municípios contemplados, 1.637 têm assentamentos nos quais vivem mais de 700 mil famílias.

Com crédito garantido, assistência técnica e infraestrutura social mais do que um pedaço de chão, eles conquistaram o direito de plantar, colher e viver com dignidade.

A reforma agrária hoje tem como prioridades a construção e/ou complementação de estradas vicinais, saneamento básico (abastecimento de água e esgotamento sanitário) e eletrificação rural. O objetivo é proporcionar as condições necessárias para o desenvolvimento sustentável dos assentamentos, para garantir a permanência dos assentados no campo, combinando maior produção rural com melhor qualidade de vida.

*Com informações de Lula.com

Bolsonaro cortou orçamento e diminuiu drasticamente incorporação de terras

Em três anos, Jair Bolsonaro incorporou apenas 2,8 mil hectares até agora. Em um despacho do Incra enviado ao STF, consta que de 2002 a 2009 foram assinados 2.055 decretos de desapropriação de terras. No mesmo documento, entre 2019 e 2020, mostra que o presidente consta não assinou nenhum decreto em sua gestão. Não constam dados relativos a 2021.

Uma das primeiras ações do governo Bolsonaro foi a paralisação da reforma agrária por tempo indeterminado. Em 03 de janeiro de 2019, as superintendências regionais do Incra foram surpreendidas com memorandos determinando a interrupção de todos os processos para compra e desapropriação de terras. De acordo com o Instituto, à época, cerca de 250 processos em andamento foram suspensos.                                       

*Informações do Brasil de Fato Por Rosely Rocha

Erlanio Xavier reafirma parceria da Famem com Câmaras Municipais das cidades do MA

31-01-2022 Segunda-feira

O presidente da Federação dos Municípios do Estado do Marahão (Famem), Erlanio Xavier, participou nesta sexta-feira (28) do V Encontro com Presidentes de Câmaras do Maranhão, que aconteceu no auditório da Federação, no bairro do Calhau.

Na oportunidade, Erlanio reafirmou a parceria da Famem com o Legislativo Municipal e reiterou a disposição da Federação dos Municípios em dialogar e desenvolver ações conjuntas com a União de Vereadores e Câmaras do Maranhão (UVCM) com o intuito de fortalecer o municipalismo, pautas comuns das duas entidades.

“Os vereadores e os prefeitos são aqueles que sentem na pele no dia-a-dia o que vive a população, porque são os que estão no atendimento às pessoas. Por isso mesmo reafirmo que a Federação dos prefeitos está de portas abertas para os vereadores, porque somos parceiros das gestões das câmaras municipais de todo o estado”, destacou Erlanio.

Organizado pela UVCM, o V Encontro com Presidentes de Câmaras do Maranhão aconteceu na quinta-feira (27) e sexta-feira (28) e teve como pautas: subsídios dos vereadores e a Lei 173; Diário oficial do Legislativo Municipal; Portal da Transparência e sua alimentação; Contratação Pública e a nova Lei de Licitações; e Passos para uma boa gestão nas Câmaras Municipais.

Governo do MA realiza testagem para Covid-19 no Hospital Genésio Rego e no Parque do Rangedor

30-01-2022 Domingo

O Centro de Testagem (CT) para Covid-19 iniciou os atendimentos, nesta segunda-feira (24), em novo endereço: no Hospital Genésio Rego, na Vila Palmeira. O serviço de testagem está disponível para idosos a partir de 60 anos, pessoas com doenças crônicas, pessoas com deficiência e profissionais da educação, da saúde e da segurança na ativa.  

A nutricionista Josibel Correa Nunes procurou o Centro de Testagem após apresentar sintomas característicos de Covid-19. Ela elogiou a oportunidade. “Eu tive febre, dor de cabeça, calafrio e garganta muito inflamada. Este Centro é uma ótima oportunidade para combater a doença”, disse a nutricionista. A vendedora Vera Lúcia Aragão, que é portadora de doença crônica, também procurou o CT já no novo endereço depois de apresentar sintomas como espirros e secreção no nariz.

“Vim testar pra não correr o risco de contaminar outras pessoas. É uma questão de responsabilidade social e sanitária de não contaminar e adoecer o outro. Por isso, vim testar. Eu não me sentiria bem”, disse a vendedora. 

O presidente da Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (EMSERH), Marcos Grande, reforça a importância da testagem no combate à doença. “É através da testagem que conseguimos diagnosticar, mapear e conter a transmissão do coronavírus”, explicou. 

O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Os testes precisam ser agendados pelo aplicativo do Procon-MA, acessando o site do Procon (www.procon.ma.gov.br), ou pelo Disque Saúde (3190-9091).   

Desde que foi inaugurado em março de 2020, o Centro de Testagem já realizou 48.842 atendimentos, entre Testes de Sorologia, Testes Rápidos e do tipo PCR, e consultas. 

O Centro de Testagem, gerenciado pela EMSERH, funcionou inicialmente na Avenida Beira-Mar e foi inaugurado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), em 23 de março de 2020, como parte das ações do poder público estadual para ampliar a testagem para diagnóstico da Covid-19.

Parque do Rangedor

O drive-thru de testagem para a Covid-19 volta a funcionar nesta terça-feira (25), no Parque Estadual do Rangedor, no Calhau. A estratégia integra as ações da Secretaria de Estado da Saúde (SES) em combate à pandemia e é coordenada pela Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (EMSERH).

Serão três tendas de testagem, instaladas no estacionamento do Parque do Rangedor, com capacidade para atender 1.000 pessoas diariamente. O horário de funcionamento será das 8h30 às 16h. Para ter acesso ao teste rápido, as pessoas devem apresentar documento com foto e número do cartão do SUS. No ano passado, o sistema de drive-thru para testagem realizou mais de 30 mil atendimentos.

Líderes do Centrão já começam a trocar Bolsonaro por Lula

30-01-2022 Domingo

Para Marcus Ianoni, boa avaliação de Lula no Nordeste e rejeição a Bolsonaro devem pesar na escolha das lideranças

Está aberta a onda de defecções do Centrão ao projeto de reeleição de Jair Bolsonaro (PL). Em meio à rejeição crescente ao presidente, integrantes do bloco – que é aliado ao governo – já defendem abertamente o apoio ao principal adversário do titular do Palácio do Planalto na disputa: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que aparece à frente nas pesquisas eleitorais.

O jornal O Globo ouviu lideranças dos partidos do Centrão nos estados, prefeitos e deputados. Segundo eles, apesar do alinhamento nacional, as costuras locais, a popularidade do petista (especialmente no Nordeste) e o negacionismo presidencial na pandemia devem decidir os rumos das alianças.

Pesquisa Datafolha divulgada em dezembro apontou que a atual gestão é rejeitada por 53% da população, o patamar mais alto desde o início do mandato. Na ocasião, Lula apareceu com 48% das intenções de voto, contra 22% de Bolsonaro. Há duas semanas, o mesmo instituto revelou que, para 58% dos brasileiros, o presidente atrapalhou a vacinação de crianças contra a Covid-19. Em função dos reflexos negativos da conduta, aliados vêm tentando demovê-lo das críticas insistentes à imunização – iniciativa que não alcançou sucesso.

Os exemplos de debandada vêm se avolumando pelo país. Prefeito de Nova Iguaçu, quarto maior colégio eleitoral do Rio, Rogério Lisboa (PP) vai apostar na dobradinha entre Lula e o governador Cláudio Castro, que tentará a reeleição pelo PL, sigla do presidente. À vontade no desalinho com o comando nacional do PP, o mandatário diz que nunca houve pedido de sustentação ao atual ocupante do Planalto.

“No meu carro, a bandeira não vai ser do PT, mas do Lula. Não vou com Bolsonaro de jeito nenhum”, afirma. “O PP e Ciro Nogueira estão no coração do governo, mas nunca houve uma orientação de quem eu deveria apoiar. Bolsonaro não consegue sair dos extremos. Não usa a razão tempo algum. Isso de negar vacina, protocolos… Precisamos de consenso, equilíbrio, de um líder.”

O ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), integrante do comitê de pré-campanha de Bolsonaro e presidente licenciado do PP, reconheceu a existência de um movimento interno de defecção, mas procurou minimizá-lo: “Essas posições têm que ser respeitadas. Isso não acontece só em um partido específico”, disse.

As movimentações pró-Lula também ficaram explícitas no giro do petista por estados do Nordeste, em agosto. Na Bahia, o vice-governador João Leão (PP), aliado histórico do PT na região, reuniu-se com o ex-presidente e divulgou a imagem nas redes sociais. Leão é apontado como possível candidato ao Senado na aliança que terá o senador Jaques Wagner (PT) como nome à sucessão do governador Rui Costa (PT). A pressão do comando nacional para que o vice seja candidato ao Executivo não vem surtindo efeito. “Tenho grande amizade, admiração e respeito ao líder político que Luiz Inácio Lula da Silva é para o Brasil. Estamos juntos com Lula”, disse durante a visita.

Filho do vice-governador, o deputado federal Cacá Leão, líder do PP na Câmara e dirigente da sigla na Bahia, diz que a frente que está há 16 anos no governo local será mantida: “Apesar do apoio nacional a Bolsonaro, temos a garantia de independência e autonomia. O ex-presidente Lula tem buscado a conciliação, somar apoios. A conversa do PP da Bahia e de outros estados, como Pernambuco, é no sentido de ele receber o apoio do partido”.

É possível que se repita a aliança local unindo PT e PP. Um dos cotados para a vaga de vice é Zé Cocá (PP), prefeito de Jequié, cidade de cerca de 150 mil habitantes. Ele também é presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB) e, apesar de negar a articulação, tem participado de reuniões no Palácio de Ondina nas últimas semanas. Em março do ano passado, ele disse que o PP “marchará com Rui Costa” nas eleições de 2022. Cinco meses depois, participou de um evento com Lula ao lado da deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA).

Em Pernambuco, o presidente estadual do PP, deputado federal Eduardo da Fonte, esteve com Lula quando ele foi ao estado e sinalizou que o apoiaria na eleição presidencial, segundo petistas presentes na reunião. O parlamentar diz que não vê problema em apoiá-lo nas eleições e descarta a possibilidade de seguir com Bolsonaro.

Lula tem o apoio ainda da ala pernambucana de outro partido que integra a base de Bolsonaro, o Republicanos. Em declarações públicas, o chefe da legenda no estado, deputado federal Silvio Costa Filho, disse que o presidente nacional da sigla, Marcos Pereira, já foi informado sobre a posição do partido no estado e reforçou que a legenda terá autonomia e independência para seguir com Lula na campanha eleitoral. Costa Filho é aliado do governador Paulo Câmara, um dos maiores defensores no PSB da aliança com o PT na disputa ao Planalto. “O nosso caminho em Pernambuco será ao lado do ex-presidente Lula”, afirmou o parlamentar.

Já na Paraíba, a configuração ainda depende de um acerto local. Inclinado a apoiar Lula, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), ainda aguarda um posicionamento do ex-presidente sobre o cenário local. O ex-governador Ricardo Coutinho, adversário de Lucena, se filiou recentemente ao PT. Em reação, o prefeito disse que Lula deveria se afastar de “más companhias”.

Para o cientista político Marcus Ianoni, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a boa avaliação de Lula no Nordeste e a rejeição a Bolsonaro são dois fatores que devem pesar na escolha das lideranças. “Os líderes partidários e políticos com mandato já colocam na balança o peso de estarem associados ao presidente Jair Bolsonaro. Os índices de rejeição aumentam a cada pesquisa, e as críticas pela condução do governo federal também”, diz Ianoni. “Além disso, Lula tem alta aprovação no Nordeste, estados em que deve ocorrer o maior número de traições dos partidos do Centrão.”

Para a cientista política Maria do Socorro, da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), o peso e o histórico das alianças locais seguem uma lógica pragmática, em que as chapas são construídas de acordo com a possibilidade de vitória e influência política nos redutos eleitorais. “Prefeitos, deputados estaduais e até federais se preocupam em como serão votados em suas bases. Os acordos são construídos com base em arranjos, que não necessariamente refletem a posição da direção nacional da legenda”, afirma.

O acordo nacional com o Centrão também não deve garantir a Bolsonaro sustentação integral no principal palanque estadual que está empenhado em montar, caso de São Paulo. Há no PP, PL e Republicanos indicações de apoio ao vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), candidato do atual titular do Palácio dos Bandeirantes, João Doria (PSDB). O deputado estadual Delegado Olim (PP) disse que não vai apoiar o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, candidato do presidente ao posto.

Portal Vermelho com informações do O Globo

Simplício Araújo diz que só precisa de um partido e do apoio do povo para ser candidato

30-01-202 Domingo

O secretário de Indústria, Comércio e Energia, ex-deputado federal Simplício Araújo, pré-candidato ao Governo do Estado, em contato com o titular desse blog na note desta sexta-feira (28) rebateu comentários sobre falta de apoio dos partidos ao seu projeto de governar o Maranhão e a firmou que se não se não tivesse incentivo e apoio de parte da população, de entidades e, principalmente do seu partido, o Solidariedade, jamais entraria em qualquer disputa eleitoral. Simplício adiantou que vai à reunião dos partidos na próxima segunda-feira (31) reafirmar seu apoio à candidatura do Flávio Dino ao Senado e que se manterá firme na corrida ao Palácio dos Leões.

“Se estou entrando (na disputa) é porque tenho esses apoios. E eu acredito que existem pessoas que estão desinformadas. No dia primeiro de janeiro de 2021 eu publiquei no Blog do John Cutrim  informando que a quantidade de partidos nesta eleição vai ser muito pequena. Tem muita gente ai falando que tem treze partidos, dose partidos, dez partidos e eu disse que apenas dez partidos, no máximo, vão participar da eleição aqui no Estado, então se dez partidos vão participar e nós somos cinco pré-candidatos, cada candidato vai ter de um a dois partidos e para ser candidato a governador só precisa de um partido e eu tenho um partido, eu até costumo dizer que meu partido hoje é três vezes maior que o partido do governador Flávio Fino quando ele foi candidato em 2014”, observou o secretário.

Simplício argumentou que tem apoio da executiva estadual, da executiva nacional e não está, segundo ele, desesperado atrás de partido. “Eu ajudei fundar o Solidariedade, então tenho toda a segurança do partido para disputar a eleição no Maranhão. Essa questão de quantos partidos vão está com o Solidariedade só se resolve em julho, ninguém resolve isso agora, agora a gente tem que ter conversa é sobre o que o Maranhão precisa. Eu não estou preocupado em garantir apoio dos deputados estaduais, dos deputados federais ou dos partidos, pois cada deputado estadual ou candidato a deputado estadual está preocupado é com sua própria eleição , cada deputado federal está preocupado é com sua própria eleição e os partidos estão preocupado agora é com a vida pois não vai ser fácil participar dessa eleição, as regras mudaram”, adverte.

Sem citar nome, Araújo disse que tem deputado federal que teve mais de 120 mil votos na eleição passada e que está desesperado porque não vai conseguir fazer a nominata do partido, então ele não precisa ficar preocupado e que ninguém precisa se preocupar agora com partido. “Eu acredito que cada candidato deve ter no máximo dois ou três partidos porque não vai ser fácil  montar a nominata. Eu não estou preocupado com partido agora, minha preocupação agora é discutir com a sociedade a geração de empregos que o Maranhão precisa, o desenvolvimento que o Maranhão precisa, colocar uma dinâmica nova e parar com essa besteira de contar prefeito como se fosse cabeça de gado, de contar vereador como se fosse cabeça de bode, nós precisamos agora é ter um plano para gerar empregos e renda”.

Simplício Araújo disse ainda que tem preocupação zero  com a questão de ter lideranças de destaque apoiando sua candidatura, de partidos que estão pedido contrapartida para apoiar candidatos  e que sua preocupação é com o povo do Maranhão.

”Quero agora despertar a simpatia, a parceria, o apoio do Maranhão ao meu projeto. Eu quero levar essa mensagem e debater abertamente, não quero debater com partido porque partido quer espaço no governo, eu quero primeiro ter um plano para depois saber se esse partido  pode ter espaço, não quero debater agora com deputado, deputado quer se eleger para ir para o legislativo e eu quero comandar o Executivo, então o deputado que entender que o plano que eu estou mandando é um plano bom para o Maranhão, então com toda certeza ele vai está do lado do povo e vai me apoiar. Agora se o deputado quiser apoio meu em troca disso ou daquilo, eu lamento, mas ele não vai ter, ele pode ter o apoio da minha pessoa como candidato, do meu apoio como governador do Maranhão caso ele entenda que nós estamos com um projeto adequado, um projeto correto para que nós possamos melhores nossos indicadores”.

Em Minas, Bahia e Tocantins, povos indígenas ainda sentem impactos das enchentes

30-01-2022 Domingo

Povos dos três estados enfrentam dificuldades para recuperar casas, roças e estradas; lideranças denunciam a omissão dos governos federal e estadual perante a situação

A chegada do verão é sempre marcada por episódios de chuvas no Brasil. Mas ninguém estava preparado para enfrentar a tragédia que ocorreu em dezembro de 2021: as fortes enchentes que atingiram o país no último mês deixaram um profundo rastro de destruição. Estados como Bahia, Minas Gerais e Tocantins ficaram, literalmente, debaixo d’água. Mesmo após um mês, as pessoas que habitam esses locais ainda sofrem os impactos – até hoje, precisam de ajuda para refazer suas moradias e se alimentar, por exemplo.

Inseridos nessa realidade, os povos indígenas também viveram momentos de tensão. Logo nas primeiras chuvas, muitas aldeias ficaram ilhadas, perdendo toda sua estrutura e plantios. Mas, infelizmente, a perspectiva não é de melhora. Ainda sem se recuperar dos últimos desastres, diversos municípios brasileiros continuam em estado de alerta em razão de novas cheias, como a do rio São Francisco.

E, para piorar, há um agravante: a omissão dos governos federal e estadual perante a situação, de acordo com denúncias recebidas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Segundo lideranças, a maior parte da ajuda que estão recebendo é de origem de trabalhos voluntários e de instituições parceiras.

Para a construção desta reportagem, as informações foram divididas por estados – aqueles que mais sofreram com as últimas chuvas. Mas, no final, foi constatado que todos têm um problema em comum: as ações antrópicas de cunho desenvolvimentista, em especial o investimento em barragens para empreendimentos hidrelétricos.

Bahia

Apenas no estado da Bahia, 11 mil indígenas, de nove povos, foram atingidos pelas enchentes que ocorreram no final do último ano, segundo Agnaldo Francisco dos Santos, liderança do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe e coordenador do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (MUPOIBA).

“As chuvas que aconteceram em dezembro na Bahia atingiram fortemente os nossos territórios. Dos 30 povos que habitam o estado, nove foram atingidos. De todos os municípios que declararam estado de emergência, 19 têm terras indígenas. Das 195 comunidades indígenas, 104 foram atingidas. Um total de 11 mil indígenas dos 60 mil que moram na Bahia”, disse a liderança.

Ao Cimi, Agnaldo falou também sobre as cicatrizes deixadas por esse difícil momento. “As roças, os sistemas de água e as casas foram destruídas. Algumas comunidades indígenas ficaram ilhadas devido à água das enchentes ou devido à destruição das estradas. Além disso, houve um impacto direto na economia, já que os parentes não puderam produzir alimentos e realizar suas atividades para vender em feiras livres das regiões”, lamentou.

“Algumas comunidades indígenas ficaram ilhadas devido à água das enchentes ou devido à destruição das estradas”

Algumas aldeias indígenas ficaram ilhadas, em especial no sul da Bahia, após fortes chuvas. Foto: Divulgação/Mupoiba

Sensibilizadas, pessoas do Brasil inteiro decidiram arrecadar alimentos, água, produtos de higiene, entre outros itens essenciais, para enviar aos indígenas. Para Agnaldo Pataxó Hã-Hã-Hãe, essa foi uma das “maiores ajudas” que os indígenas receberam. “Nesse primeiro momento, foi de vital importância a participação das pessoas e da sociedade civil. Amenizou muito o sofrimento dos nossos povos”.

Haroldo Heleno, coordenador do Cimi Regional Leste, lembra também que, apesar da omissão do governo federal desde o começo, o compromisso do governo da Bahia foi fundamental para superar esse primeiro momento.

“O governo federal foi totalmente insensível. Em um momento grave, Bolsonaro se omitiu, estava tirando férias. Então a postura do governo federal, através de seus órgãos, tem sido de total omissão, nenhuma ajuda. Mas, felizmente, o governo da Bahia teve grande compromisso, se deslocou para a região do sul do estado, montou gabinete com a Defesa Civil e outras secretarias. E, até onde a gente sabe, continuam dando suporte”, relata.

“A postura do governo federal, através de seus órgãos, tem sido de total omissão, nenhuma ajuda”

Agora, de acordo com o coordenador do Cimi Regional Leste, o momento é de “administrar os estragos que foram feitos”.

“Temos a perspectiva de fazer uma solicitação de apoio para um projeto mais estrutural, já que nesse primeiro momento houve uma ajuda significativa em torno de cestas básicas e primeiras necessidades. Agora vem a parte mais difícil, que é a reconstrução de casas e roças, estamos com a ideia de fazer um mutirão e convidar outros povos indígenas para fazer reconstrução de casas das aldeias afetadas”, explicou o coordenador.

Segundo Agnaldo, a Fundação Nacional do Índio (Funai) também ajudou as comunidades indígenas por meio de doação de cestas básicas. Mas, de acordo com a liderança, não houve nenhuma ajuda nessa “segunda etapa”, a da reconstrução.

“Não houve nenhum retorno de ação, nenhum planejamento, por parte do governo federal. Precisamos ainda reconstruir casas, estradas e roças. Há famílias que perderam tudo. Continuamos cobrando do governo uma ação nesse sentido”, afirma a liderança.

“Precisamos ainda reconstruir casas, estradas e roças. Há famílias que perderam tudo”

Após fortes chuvas, milhares de pessoas ficaram desalojadas na Bahia. Foto Isis Medeiros

Minas Gerais

O estado de Minas Gerais também sofreu com as fortes chuvas de dezembro de 2021 e janeiro deste ano. De acordo com Haroldo Heleno, calcula-se que cerca de 25 mil indígenas foram atingidos pelas enchentes que ocorreram em Minas. Entre os povos afetados, estão os Maxakali, Pataxó, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Pankararu, Xakriabá, Xukuru-Kariri e Tuxá.

“Um dos casos mais preocupantes de Minas Gerais é o povo Maxakali, da Aldeia Pradinho. Eles ficaram ilhados em razão das fortes chuvas. Além disso, houve um surto gripal que atingiu quase toda a comunidade. Foi preciso uma intervenção do poder municipal de Teófilo Otoni [município de Minas Gerais] para ajudar, porque a Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena] não deu conta sozinha”, disse Haroldo.

“Um dos casos mais preocupantes de Minas Gerais é o povo Maxakali, da Aldeia Pradinho. Eles ficaram ilhados em razão das fortes chuvas”

Por meio de redes sociais, os Maxakali realizaram campanhas para arrecadar alimentos, água e quantias de dinheiro para fazer as manutenções necessárias na aldeia. Em uma postagem feita no dia 10 de dezembro de 2021, os indígenas não esconderam a aflição perante o drástico cenário.

“Nós estamos muito preocupados dentro da aldeia. A aldeia está sofrendo muito, as pontes estão quebradas e atendimento…as crianças estão doentes. Não está passando carro nenhum, as pessoas vão a pé comprar as coisas, as crianças ficam com fome”, diz um trecho da publicação.

“A cidade de Machacalis já tem 200 desabrigados e cinco pessoas mortas. E as chuvas não param. As cidades de Umburaninha e Batinga estão alagadas. Vamos precisar de muito apoio! Esta campanha é para apoiar aldeias Maxakali do território Pradinho”, afirmam os indígenas em outro momento da postagem.

Diferente do estado da Bahia, o governo de Minas Gerais agiu com total descaso e omissão, segundo Haroldo Heleno. “Que a gente saiba, não houve nenhum compromisso. Os governos municipais do estado se aproveitaram da situação para se promover, como ocorreu, por exemplo, em Brumadinho. Pegaram carona com as organizações que estavam fazendo campanhas de solidariedade e, de repente, os caras [representantes políticos] chegavam para tirar foto e dar entrevista como se fosse uma ação da prefeitura. Em Brumadinho até houve ajuda, mas usaram a situação como instrumento político para campanha eleitoral”.

“Os governos municipais do estado se aproveitaram da situação para se promover. Pegaram carona com as organizações que estavam fazendo campanhas de solidariedade”

Indígena Pataxo Hã-hã-hãe na margem do rio Paraopeba após rompimento de barragem em Brumadinho, Minas Gerais. Foto: Fernando Moreno/Futura Press/Estadão Conteúdo

Tocantins

Desde dezembro do ano passado, a Aldeia Catàmjê, na Terra Indígena (TI) Krahô-Kanela, no Tocantins, sofre também com os impactos causados pelas enchentes: há mais de um mês que a área está completamente alagada. Escola, posto de saúde, casas e espaços para reuniões foram inundados após a cheia do rio Formoso (TO). Além disso, houve uma perda significativa de alimentos, já que as plantações também foram levadas pelas águas do rio.

Ao Cimi, o cacique Wagner Krahô-Kanela relatou que, a cada dia que passa, a situação fica mais grave. “Nós não temos para onde ir, o nosso lugar é o nosso território. Estamos buscando apoio das autoridades, como a Funai, a Sesai e a Seduc daqui [Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes do Tocantins]. Mas até agora não tivemos muita ajuda”.

“Nós não temos para onde ir, o nosso lugar é o nosso território”

Escola da aldeia Catàmjê, na Terra Indígena Krahô-Kanela (TO), segue ilhada após fortes chuvas. Foto: cacique Wagner Krahô-Kanela

Por meio de um documento encaminhado pela Associação do Povo Indígena Krahô-Kanela (APOINKK) ao Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do estado, no dia 12 de dezembro de 2021, os Krahô-Kanela solicitaram um barco, um motor de popa e a contratação de um barqueiro para que as pessoas pudessem se deslocar e ser atendidas no local.

“Justifica-se que o período da chuva chegou, logo o barco e motor de popa e contrato do barqueiro são necessários para o trabalho da equipe multidisciplinar de saúde indígena e atendimento à comunidade. Sem embarcação e motor de popa a comunidade ficará ilhada, sem acesso ao atendimento”, diz o documento.

De acordo com cacique Wagner, até o momento os Krahô-Kanela não tiveram retorno do DSEI, unidade vinculada à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e responsável por efetivar a atenção à saúde indígena nas regiões. Mas, na semana passada, a Funai deixou uma embarcação no local para ajudá-los com o deslocamento. Além disso, a liderança disse que também receberam apoio da assistência social do município, que doou cestas básicas. No entanto, a comunidade segue precisando de ajuda.

“Pedimos à Seduc uma tenda para instalar a nossa escola improvisada, mas ainda sem sucesso. Além disso, precisamos de apoio com a alimentação, porque a nossa roça alagou e foi um grande impacto que sofremos. Não dá para produzir alimentos devido à água e isso afeta o nosso modo tradicional de vida”, lamentou a liderança do povo Krahô-Kanela.

“Não dá para produzir alimentos devido à água e isso afeta o nosso modo tradicional de vida”

Escola, casas e plantações seguem debaixo d’água na aldeia Catàmjê, na Terra Indígena Krahô-Kanela, após fortes chuvas. Foto: cacique Wagner Krahô-Kanela

Eliane Franco Martins, coordenadora do Cimi Goiás/Tocantins (GO/TO), confirmou a omissão poder público perante o contexto. “A Funai deixou um barco, mas só isso. A Defesa Civil disse que ia ajudar, doou umas cestas, mas não duraram nem dez dias, porque eram pequenas. É muita omissão do poder público. Nós, do Cimi, que estamos ajudando, principalmente”.

O cacique disse que, apesar do descaso dos governos estadual e federal, a ajuda do Cimi tem sido muito importante para enfrentar o momento. “O Cimi nos ajudou com combustível [para o barco] e com lonas. Nós estamos utilizando a lona para colocar no chão de nossas casas e aterrar, já que está minando água dentro das residências. O apoio do Cimi é muito importante”.

Construção de barragens: impactos socioambientais

Apesar de estarem em regiões brasileiras diferentes, os estados do Tocantins, de Minas Gerais e da Bahia enfrentam um problema em comum: os impactos socioambientais causados, principalmente, pelas construções de barragens. Entre todos os relatos que o Cimi recebeu para escrever esta reportagem, a maioria apontou esse tipo de empreendimento como um dos principais desafios enfrentados pelos povos indígenas.

Para o cacique Wagner Krahô-Kanela, da Aldeia Catàmjê (TO), esse último episódio de cheia tem a ver diretamente com os empreendimentos hidrelétricos. “Nós sabemos que o meio ambiente está mudando e essa cheia tem a ver com as barragens, com as modificações do meio ambiente. Tudo isso vem causando um grande impacto negativo dentro dos nossos territórios”.

“Nós sabemos que o meio ambiente está mudando e essa cheia tem a ver com as barragens, com as modificações do meio ambiente”

Aldeia Catàmjê, na Terra Indígena Krahô-Kanela (TO), segue inundada após enchentes de dezembro de 2021 e janeiro de 2022. Foto: cacique Wagner Krahô Kanela

Agnaldo Pataxó Hã-Hã-Hãe avalia que as enchentes que ocorreram na Bahia e em Minas Gerais também têm a ver com as “ações do homem” e com a construção de barragens. “O fato de as chuvas terem invadido algumas comunidades indígenas é um reflexo das ações do homem no meio ambiente, o rio só queria passar. Essas ações têm a ver, principalmente, com a construção das grandes barragens. Com a cheia dos rios, o volume aumenta e acaba atingindo também as comunidades indígenas”, explicou.

Ainda segundo a liderança, agora o momento é de conscientizar e criar estratégias para enfrentar novas enchentes. “Estamos dialogando, conversando com as comunidades que foram atingidas, fazendo uma análise de reconstrução para nos prepararmos para outra possível enchente. Além disso, agora é necessário trabalhar a conscientização da sociedade brasileira como um todo. Precisamos planejar e preservar o meio ambiente e criar mecanismos para evitar tragédias como essa”.

“Precisamos planejar e preservar o meio ambiente e criar mecanismos para evitar tragédias como essa”

Em Minas Gerais (MG), a situação não é diferente: de acordo com Haroldo Heleno, ainda há muitos estragos causados pelas enchentes e pelos grandes empreendimentos, inclusive por barragens de rejeitos de mineração que transbordaram. “O problema de Minas Gerais é a opção que o governo fez pelo processo minerário. Minas Gerais é um queijo suíço, todo esburacado, e as consequências são as mais danosas. Temos situações complicadas como na aldeia Naô Xohã, que fica na beira do rio Paraopeba. Essa aldeia foi recentemente afetada pelo crime cometido pela Vale há três anos e que até hoje não resolvido”.

“Essa aldeia [Noâ Xohã] foi recentemente afetada pelo crime cometido pela Vale há três anos e que até hoje não resolvido”

Catástrofe socioambiental provocada pelo rompimento de barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG)
Foto: Vinícius Mendonça/Ibama

O crime ao qual Haroldo se refere é o que ocorreu no dia 25 de janeiro de 2019, no município de Brumadinho (MG). Era começo da tarde de uma sexta-feira quando a barragem da mineradora Vale se rompeu, abrindo espaço para um mar de lama destruir casas da região do Córrego do Feijão e tirar as vidas de centenas de pessoas e animais. Estima-se que mais de 270 pessoas morreram em decorrência desse crime, considerado por muitos como “premeditado”.

Três anos depois, indígenas Pataxó e Pataxó Hã-Hã-Hãe, da aldeixa Naô Xohã – lembrada pelo coordenador do Cimi Regional Leste –, estão entre os povos que ainda sofrem os impactos causados pelo rompimento da barragem.

“A aldeia Naô Xohã precisou ser esvaziada no dia 9 de janeiro, depois das chuvas intensas que atingiram Minas Gerais e que fizeram as águas do rio Paraopeba, já contaminado por metais pesados, invadir nossas casas e outras estruturas da aldeia. Depois de serem resgatados da cheia pelo Corpo de Bombeiros e abrigados em uma escola municipal de São Joaquim de Bicas, e sem condições de voltar ao território contaminado, a Vale negou a possibilidade de realocar as famílias em local seguro, afirmando que o território não está contaminado e que está em condições dos indígenas voltarem”, disseram os indígenas por meio das redes sociais da aldeia Naô Xohã.

“Sem condições de voltar ao território contaminado, a Vale negou a possibilidade de realocar as famílias em local seguro”

Indígenas Pataxó e Pataxó Hã-Hã-Hãe, da aldeia Naô Xohã (MG), realizam protesto contra a Vale três anos após o crime cometido pela mineradora. Foto: Guilherme Cavalli/IyM

Como uma forma de protestar contra a mineradora e reivindicar seus direitos, os indígenas interditaram na última terça-feira, dia 25 de janeiro de 2022, a linha do trem Fecho do Funil e a rodovia RFFSA, na divisa entre Brumadinho e João Joaquim de Bicas, ambos em Minas Gerais (MG).

De acordo com as lideranças dos povos da aldeia Naô Xohã, o objetivo da mobilização era dar visibilidade e repudiar os três anos de impunidade da Vale, responsável pelo crime contra o município de Brumadinho (MG). Além disso, os indígenas cobraram da mineradora uma posição sobre os reparos na aldeia e sobre a realocação das famílias atingidas pelas últimas enchentes.

Alta do Rio São Francisco

Na última segunda-feira, dia 24 de janeiro de 2022, uma matéria veiculada pelo Jornal Nacional falou sobre o aumento da vazão de hidrelétricas do Rio São Francisco. Já são mais de 30 municípios de quatro estados brasileiros em estado de alerta.

Em razão das fortes chuvas que ocorreram em Minas Gerais – estado onde nasce o Rio São Francisco –, entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, toda a bacia recebeu um grande volume de água. Algumas cidades dos estados da Bahia, de Pernambuco, Alagoas e Sergipe já presenciaram os primeiros sinais: casas e estabelecimentos construídos na beira do rio foram invadidos pelas águas nos últimos dias.

No último dia 24, também a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) publicou uma matéria em seu site afirmando que, naquela data, o rio São Francisco, a partir do reservatório de Sobradinho (BA), apresentava o maior nível de água em seu curso natural dos últimos 13 anos, no trecho que atravessa o nordeste.

Ainda segundo a Chesf, a companhia “está realizando operação especial de controle de cheia do rio desde o dia 12 de janeiro, com aumento programado e gradativo da vazão, e vem mantendo diálogo com prefeituras, defesas civis, associações, Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco e outras entidades, para atuação desses órgãos quanto a ações de prevenção e orientação dos usuários”.

De acordo com Haroldo Heleno, a cheia do rio já está mobilizando povos indígenas do oeste da Bahia. “A cheia do Rio São Francisco está expulsando toda a comunidade do povo Kiriri de sua área. Estamos negociando com eles a compra de lona, porque já estão sendo deslocados para um assentamento. É possível que essa cheia também atinja os povos Pankararu e Potiguara, que também ficam no oeste do estado da Bahia”.

Cimi

Brandão X Weverton: aliança governista decide nesta segunda quem será o candidato aos Leões

30-01-2022 Domingo

Esta segunda-feira (31) reúne todas as condições para ser um marco decisivo e histórico na política maranhense. É a data fixada para que os líderes da base partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PSB) batam martelo decidindo quem será o candidato do grupo ao Palácio dos Leões.

No jogo estão o vice-governador Carlos Brandão (PSDB, mas em vias de migrar para o PSB), que será governador a partir de abril e concorrerá à reeleição, e o senador Weverton Rocha (PDT), que afirma não haver colocado nem freio nem mecanismo de retorno no foguete da sua pré-candidatura.

Por mais que as posições pareçam inflexíveis, o que produz um clima de forte expectativa, com uma pitada de tensão, há em curso, estimulados pelo governador Flávio Dino, que mantém enfático o discurso da unidade, movimentos e conversas que podem levar a um grande acordo.

A Coluna fez algumas sondagens, tendo as fontes “segurado o ouro”, mas passando claramente a impressão de um otimismo cauteloso. O que ficou claro é que cartas bem objetivas serão colocadas sobre a mesa, e poderão produzir o grande acordo aspirado. Ou uma ruptura, que não está entre os resultados possíveis dessa operação.

O cenário da reunião abriga a lógica política e o arrojo político. A lógica favorece o vice-governador Carlos Brandão, um político tarimbado que na condição de governador, a partir de abril, será naturalmente candidato à reeleição. O arrojo é expressado pelo senador Weverton Rocha, um político jovem e impetuoso, que está disposto a interromper o mandato senatorial.

O acordo possível é que um deles abra mão da pré-candidatura e declare apoio ao outro, com direito a indicar o candidato a vice e firmar compromissos para as eleições de 2026. A não aceitação de um entendimento que garanta a unidade do grupo e abra caminho para acertos futuros, certamente criará as condições para uma ruptura, com um confronto entre dois candidatos dentro da base governista. Nesse caso, mesmo que um deles vença a eleição, governará sem uma base política sólida, podendo enfrentar enormes problemas de governabilidade.

Nos últimos dias, correram vários rumores sobre intensos movimentos nas entranhas partidárias, fazendo com que essa seara esteja sendo sacudida por uma ciranda dos partidos. É provável que na reunião desta segunda-feira o suporte partidário tanto de Carlos Brandão quanto de Weverton Rocha esteja alterado em relação à reunião do dia 29 de novembro, quando houve a primeira tentativa de definição do candidato governista. Diferentes sinais indicam que Carlos Brandão vai para a reunião partidariamente fortalecido.

Weverton Rocha, por seu turno, parece manter guardadas cartas partidárias importantes no bolso do colete. Tanto um quanto o outro sabem que, mais do que uma pesquisa mostrando alguma vantagem nos percentuais de intensão de voto, a base partidária é um trunfo fundamental e decisivo para a definição do candidato. Afinal, candidatura majoritária é um projeto de grupo.

O fato concreto é que, mesmo com esses fatores, os quais, juntados com boa vontade, podem produzir um grande acordo, não há como antever o desfecho da reunião desta segunda-feira, que será realizada sob o signo da imprevisibilidade. Pelas condições que o embalam, Carlos Brandão está convencido de que é o nome da vez na aliança governista.

E pelos fatores que o estimulam, Weverton Rocha exibe confiança de que sua vez é agora. Nos bastidores, corre que o governador Flávio Dino, mesmo reafirmando aos partidos o seu apoio ao projeto do vice-governador Carlos Brandão, mas sem transformar Weverton Rocha em adversário, mantém abertas todas as portas para a negociação e o entendimento.

Em resumo: a reunião desta segunda-feira pode produzir tanto o grande e aspirado acordo, que satisfaça os dois grupos em disputa e mantenha forte a aliança partidária situacionista, quanto materializar o fantasma da divisão, que será o pior dos cenários para um movimento vitorioso em 2014 e 2018, e com todas as armas políticas ao seu alcance para vencer também em 2022.

Por Ribamar Corrêa