Arquivo mensal: maio 2021

Assembleia Legislativa do Maranhão emite nota de pesar pelo falecimento do empresário Zeca Belo

31-05-2021 Segunda-feira

A Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão lamenta profundamente o falecimento do empresário José de Ribamar Barbosa Belo, nesta segunda-feira (31), em São Luís.

Zeca Belo, como era conhecido, foi proprietário de vários empreendimentos nos setores da construção civil, imobiliário, turístico e de combustíveis.

Foi presidente da Associação Comercial do Maranhão (ACM), do Sindicato de Construção de Obras Rodoviárias (Sindcor) e diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Maranhão (DER), notabilizando-se como importante liderança da classe empresarial maranhense. 

Neste momento de dor, prestamos condolências aos familiares e amigos de Zeca Belo, desejando-lhes força para superar a grande perda. 


Deputado Othelino Neto 
Presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão

Câmara Municipal de São Luís suspende atividades presenciais a partir desta segunda-feira, 31

31-05-2021 Segunda-feira

A Câmara Municipal de São Luís suspende as atividades presenciais a partir desta segunda-feira, dia 31. A medida foi tomada em virtude do aumento da quantidade de casos de Covid-19 na capital maranhense.

O anúncio da medida está presente na Resolução Administrativa nº 11/2021, datada da última sexta-feira, dia 28, e assinada pelo presidente do legislativo municipal, vereador Osmar Filho (PDT). A suspensão seguirá até o dia 4 de junho.

A decisão por suspender as atividades presencial no Palácio Pedro Neiva de Santana visa acima de tudo preservar a saúde dos servidores da Casa, tendo em vista que a elevação da quantidade de casos de Covid-19 em São Luís já foi o responsável pelo aumento da ocupação dos leitos hospitalares da cidade.

Home office – Com a suspensão das atividades presenciais, a Câmara manterá o seu funcionamento por meio do home office. A realização das sessões ordinárias, por exemplo, ocorrerá por meio do Sistema de Deliberação Remota.

Já as outras atividades administrativas do parlamento municipal deverão ser realizadas remotamente, de acordo com determinação de cada setor, exceto os serviços considerados essenciais para o funcionamento e manutenção da Câmara Municipal, que poderão funcionar na forma presencial, assim disciplinados pela Secretaria Administrativa da Casa. Consta ainda na Resolução Administrativa nº 11/2021 que a Secretaria Administrativa definirá os setores essenciais e o horário excepcional de seu funcionamento, bem como a garantia do controle do distanciamento social. Entre os dias 31 de maio e 4 de junho, período de suspensão das atividades, somente terão acesso às dependências da Câmara Municipal os servidores que constem das escalas definidas pelos setores essenciais.

Governo do Maranhão inicia testagem contra a Covid-19 no Terminal Rodoviário de São Luís

31-05-2021 Segunda-feira

O Governo do Estado está dando continuidade ao trabalho de ampliação das ações de monitoramento dos casos da Covid-19 na Grande Ilha. Nesta segunda-feira (31), teve início a testagem no Terminal Rodoviário de São Luís, por onde circulam diariamente cerca de 1,5 mil pessoas. 

A ação é executada pela Secretaria de Estado da Saúde em parceria com a Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos (MOB). 

O secretário adjunto de Assistência à Saúde (SAAS), Carlos Vinícius Ribeiro, esteve presente no primeiro dia da ação e destacou a importância da intensificação da testagem para controlar o aumento de casos da Covid-19 no estado.  

“A gente entende que a testagem em massa é de extrema importância para que possamos acompanhar o andamento da pandemia e identificar esse paciente que é assintomático para que possamos isolá-lo o mais rápido possível, antes que ele contamine outras pessoas. Estamos realizando essas ações nos principais pontos de entrada e saída para identificar justamente esse paciente que está em trânsito”, explicou Carlos Vinicius.

A realização do teste é voluntária e o método utilizado na ação é o Teste Rápido de Antígeno, realizado por meio de amostras coletadas através de swab, um cotonete estéril que é inserido no nariz. Podem se submeter voluntariamente ao procedimento passageiros sintomáticos e também assintomáticos.

Os testes são direcionados para pessoas com bilhetes de embarque e desembarque, e funcionários, sendo realizados de segunda a sábado das 8h às 18h. Para realização do teste, é necessário apresentar os seguintes documentos: passageiros – documento pessoal e a passagem; rodoviários – documento pessoal e algum documento que comprove a ocupação (contracheque ou crachá).

A dona de casa Eloína de Sousa, 39 anos, estava embarcando para a cidade de São Bernardo, interior do Maranhão, e aproveitou para realizar logo a testagem. Assintomática, ela destaca a importância da iniciativa.

Ana Mara Guimarães trabalha em uma das lojas da rodoviária e também fez o teste (Foto: Márcio Sampaio)

“Não estou sentindo nada, mas é muito importante testar, ainda mais se a pessoa vai fazer uma viagem, assim como eu”, destaca a passageira, que teve o resultado do teste negativo para a doença.  

Pessoas que trabalham no Terminal Rodoviário também puderam realizar a testagem. “Essa testagem é muito importante, pois aqui transitam pessoas de todos os lugares do mundo. Eles passam, encostam nas nossas lojas, pegam uma coisa ou outra e não sabemos o que pode acontecer”, diz a comerciante Ana Mara Guimarães, 56 anos, que possui uma loja de acessórios no local, cujo teste também foi negativo.  

O resultado é possível em até 15 minutos, o que aumenta a capacidade de resposta rápida em caso de resultado positivo para a doença. Passageiros ou funcionários que testarem positivo serão encaminhados para coleta de um segundo exame RT-PCR. A amostra então é encaminhada para análise no Laboratório Central do Maranhão (Lacen/MA). Também é levado em conta por onde essa pessoa que testou positivo para a Covid-19 passou e com quem teve contato. 

Resultado do teste sai em 15 minutos (Foto: Márcio Sampaio)

“As pessoas diagnosticadas com a doença, se assintomáticas, serão orientadas quanto ao isolamento. Já as que apresentarem sintomas da doença, serão referenciados para uma das unidades para o tratamento da Covid-19”, acrescenta o secretário adjunto Carlos Vinicius.  

Na última semana, o Governo já havia iniciado a testagem no Terminal da Ponta da Espera e no Aeroporto Internacional Marechal Cunha Machado, para rastrear casos da doença na Grande Ilha.

“A MOB segue apoiando a testagem nas fronteiras dos municípios maranhenses visando garantir mais segurança aos usuários do Terminal Rodoviário de São Luís e no Terminal da Ponta da Espera. Com essa medida, as viagens podem ocorrer com mais tranquilidade e a proliferação do vírus tende a diminuir”, destacou o presidente da MOB, Daniel Carvalho.

Imperatriz 

A ampliação do rastreio de casos da Covid-19 também chegou à Imperatriz, com o início do serviço no Aeroporto de Imperatriz Prefeito Renato Moreira, também nesta segunda-feira (31), quando passageiros de dois voos foram testados. O serviço é organizado de acordo com a programação de voos.

Thaiza Hortegal reúne-se com governador Flávio Dino e discute demandas de Chapadinha

31-05-2021 Segunda-feira

A deputada estadual Dra. Thaiza Hortegal (PP) reuniu-se com o governador Flávio Dino PCdoB), nesta segunda-feira (31), no Palácio dos Leões. Ela informou que o gestor relatou as ações do governo para enfrentar a pandemia em Chapadinha e abriu as portas para novas demandas da região.

“Como havíamos anunciado, o governador destacou o envio de uma comissão de trabalho para atuar no Hospital Macrorregional de Chapadinha, que está desde sexta-feira na região. Ele também comunicou o aumento de leitos e o envio de mais mil testes rápidos para o combate à Covid-19”, disse a deputada.

Participaram da reunião os secretários Márcio Jerry (SECID) e Marcelo Tavares (Casa Civil), além da ex-vereadora de Chapadinha, Licinha Aguiar.

A deputada Thaiza Hortegal revelou, ainda, novas ações previstas para o município. “Flávio Dino anunciou obras de asfaltamento em Chapadinha com emendas minhas e do secretário Márcio Jerry, pois a ordem é unir força. O  Governo do Maranhão tem trabalhado com ações práticas para que as mudanças cheguem nas regiões”, finalizou. 

Protestos contra Bolsonaro ganham repercussão na mídia internacional

31-05-2021 Segunda-feira

O francês Le Monde destacou os atos em várias cidades brasileiras, reportando que as novas manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro é porque ele “é mais perigoso que o vírus”

Por Olímpio Cruz

Despacho da Reuters sobre os protestos promovidos no sábado (29) em cidades brasileiras ganhou ampla repercussão global, com mais de 40 mil sites e jornais em todo o mundo replicando a notícia. Brasileiros realizam protestos em todo o país contra a resposta do presidente Bolsonaro à Covid – diz o título. “Os brasileiros fizeram protestos contra a forma como o Presidente Jair Bolsonaro lidou com a pandemia Covid-19 em pelo menos 16 cidades do país no sábado, carregando cartazes como ‘Fora Bolsonaro’ e ‘Impeachment Já’, reporta a agência.

O espanhol El País destaca que a esquerda do Brasil sai às ruas contra o Bolsonaro pela primeira vez na pandemia. “Os protestos, impulsionados pela gestão desastrosa da pandemia e a volta de Lula, reúnem milhares de pessoas convocadas por movimentos sociais em mais de cem cidades”, relata o diário.

O diário El Mundo disse na manchete que Brasil sai às ruas contra a política “genocida” de Jair Bolsonaro. “A esquerda supera a relutância em se aglomerar e vai às ruas pela primeira vez de forma massiva durante a pandemia”, aponta o correspondente Joan Royo Gual.

O português Público também dá amplo destaque às manifestações. Oposição a Bolsonaro mostra a sua força nas ruas brasileiras. “Cidades em todo o país foram palco de enormes protestos que exigem o afastamento do Presidente, responsabilizando-o pela crise sanitária. Lula ficou em casa e em silêncio”, escreve o correspondente João Ruela Ribeiro.

O argentino Clarín informa que milhares de pessoas voltaram às ruas do Brasil rejeitando Jair Bolsonaro. “Há passeatas em várias cidades, principalmente contra o manejo da pandemia do coronavírus”, reporta. “Movimentos sociais, centrais sindicais e partidos políticos de esquerda também pediram a recuperação de uma ajuda emergencial de 600 reais (94 euros) e uma campanha massiva de vacinação”.

O inglês The Guardian também dá amplo destaque aos protestos ocorridos no sábado, informando que dezenas de milhares de brasileiros marcham para exigir o impeachment de Bolsonaro. “Protestos em mais de 200 cidades e vilas no Brasil provocados pelo tratamento do presidente dapandemia de Covid”, relata.

O francês Le Monde também destacou os atos em várias cidades brasileiras, reportando que as novas manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro é porque ele “é mais perigoso que o vírus”. “Dezenas de milhares de pessoas marcharam novamente, no sábado, 29 de maio, em várias cidades do país para protestar contra o chefe de Estado da extrema direita e sua contestada gestão da pandemia, que deixou quase 460.000 mortos”, informa.

O Libération também destaca os atos no sábado e aponta que foram uma demonstração de força de uma esquerda em busca de estratégia. “Dezenas de milhares de brasileiros manifestaram-se no sábado contra o presidente Jair Bolsonaro, que continua muito popular um ano e meio antes da eleição presidencial, apesar das investigações por suas falhas na luta contra a Covid-19”, ressalta.

A correspondente Chantal Rayes escreve: “Intoxicada por essa demonstração de força, como pelo inesperado retorno ao jogo político de Lula (cujas condenações foram derrubadas no início de março), a esquerda surfa no enfraquecimento do Bolsonaro, enquanto uma comissão parlamentar de inquérito examina as falhas de seu governo diante da epidemia: boicote a medidas de restrição de viagens, defesa de tratamentos medicamentosos com eficácia não comprovada, relutância em adquirir a vacina”.

O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung destacou que dezenas de milhares protestam contra o Bolsonaro. “A multidão se manifestou contra o chefe de estado extremista de direita Jair Bolsonaro em várias cidades do Brasil. Os protestos estavam relacionados principalmente à forma como Bolsonaro lidou com a pandemia corona”, destaca.

Fonte: PT no Senado

Famem quer ampliar vacinação contra Covid-19 nos municípios maranhenses

31-05-2021 Segunda-feira

A ampliação da vacinação nos municípios do Estado foi debatida em reunião da Famem na sede da Procuradoria Geral de Justiça, em parceria com a Defensoria Pública do Estado, Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Ministério Público de Contas (MPC).

Os órgãos emitiram uma recomendação conjunta que será expedida na próxima semana aos Municípios para as regularizações da vacinação e da alimentação dos dados do sistema do Ministério da Saúde. O objetivo é acelerar o plano de imunização nos municípios maranhenses e a alimentação correta dos dados no sistema do Ministério da Saúde.

Pelo registro do vacinômetro, 524 mil doses já distribuídas aos municípios maranhenses ainda não constam no sistema, o que corresponde a aproximadamente um quarto do total de vacinas recebidas. A Famem acredita que a  maioria das doses já foram aplicadas e apenas não foram registradas por inúmeras questões, como o fato de alguns grupos não estarem priorizados dentro do sistema e os dados ficarem apenas nas planilhas dos municípios, sem que possam ser feitos os lançamentos.

Um levantamento junto às prefeituras será feito contendo todas as doses efetivamente recebidas, aplicadas e como estão os dados no sistema do Ministério da Saúde. O relatório será encaminhado ao Ministério Público até a próxima quinta-feira (03).

Sílvia Tereza

Flávio Dino suspende reunião com partidos que iria começar a discutir a eleição de 2022

31-05-2021 Segunda-feira

Está suspensa a reunião com os presidentes de partidos que iria ocorrer nesta segunda-feira (31) no Palácio dos Leões para começar a discutir a eleição de 2022.

O governador Flávio Dino anunciou que em função do agravamento da situação da pandemia, decidiu adiar o encontro. Ao jornalista Ribamar Corrêa, o governador informou que a prioridade agora é totalmente o combate ao coronavírus e que teria passado todo o sábado mergulhado na pressão que o sistema de saúde está sofrendo com a lotação de leitos.

Todos os dirigentes de partidos que já haviam se manifestado na imprensa ou por rede social sobre o tema haviam confirmado presença e estavam ansiosos pelo encontro para colocarem suas impressões sobre o pleito.

Clodoaldo Corrêa

Artigo: “O negacionismo mata”, por Pedro Hallal

31-05-2021 Segunda-feira

O epidemiologista Pedro Hallal, com base em dados divulgados pelo jornal Valor Econômica, mostra que número de mortes na regiões bolsonaristas é maior

Os dados trazidos a público pelo jornalista Ricardo Mendonça no Valor Econômico são estarrecedores. Todas as 5.570 cidades brasileiras foram divididas de acordo com o percentual de votos em Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais de 2018. Em 108 cidades, Bolsonaro teve menos de 10% dos votos, em 833 cidades teve entre 10% e 20% dos votos, e assim sucessivamente, até chegar nas 214 cidades nas quais Bolsonaro teve entre 80% e 90% dos votos e na única cidade em que Bolsonaro teve 90% ou mais dos votos em 2018. Essas informações, aliás, são de domínio público e podem ser acessadas por qualquer um no Repositório de Dados Eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral.

De posse dessas informações, o próximo passo foi analisar a quantidade de casos e de mortes por Covid-19 em cada uma das 5.570 cidades. Novamente, os dados são de livre acesso, tanto pelo Painel Coronavírus do Ministério da Saúde quanto pelo DataSUS. Nas 108 cidades em que Bolsonaro teve menos de 10% dos votos, o número de casos é de 3.781 por 100.000 habitantes. A quantidade de casos sobe linearmente até atingir 10.477 casos por 100.000 habitantes nas cidades em que Bolsonaro teve entre 80% e 90% dos votos e 11.477 casos por 100.000 habitantes na cidade em que Bolsonaro teve 90% ou mais dos votos.

Os dados para mortes são igualmente chocantes. A mortalidade varia de 70 mortes por 100.000 habitantes nas cidades em que Bolsonaro teve menos de 10% dos votos, até mais de 200 mortes por 100.000 habitantes nas cidades em que Bolsonaro teve 50% dos votos ou mais. Na única cidade em que Bolsonaro fez 90% dos votos ou mais no segundo turno das eleições de 2018, a mortalidade é de 313 por 100.000 habitantes. Mais do que o resultado dessa cidade isoladamente, o que chama atenção é a escadinha observada nos gráficos.

Esses resultados mostram uma das facetas mais perversas da pandemia. O negacionismo, seja seu ou daqueles que estão ao seu redor, mata, e quanto maior o grau de negacionismo, maior o risco de morte por Covid-19. O morador de uma cidade na qual Bolsonaro venceu o segundo turno das eleições de 2018 tem três vezes mais risco de morte por Covid-19 do que o morador de uma cidade em que Bolsonaro foi derrotado com folga. Mesmo que a pessoa tenha votado contra o negacionismo, estando ela exposta a um ambiente negacionista, seu risco de morte é maior.

Não é a primeira vez que análises ecológicas desse tipo são produzidas. Nos Estados Unidos, pesquisadores mostraram que, entre março e dezembro de 2020, houve diferenças marcantes na mortalidade e nos casos de Covid-19 de acordo com o partido do governador de cada estado americano. Estados governados por republicanos, partido do ex-presidente Donald Trump, apresentaram, em média, 18% maior mortalidade por Covid-19 do que estados governados por democratas, partido do atual presidente Joe Biden. Embora essas diferenças sejam marcantes, elas sequer se comparam aos incríveis 177% de aumento nos casos que são observados comparando as 108 cidades brasileiras em que Bolsonaro fez menos de 10% dos votos com as 214 cidades brasileiras em que ele fez entre 80% e 90% dos votos.

Encerro expressando minha solidariedade às 450 mil famílias em luto pelas mortes por Covid-19, lembrando que mais de 300 mil dessas mortes poderiam ter sido evitadas caso o país tivesse optado por ouvir a ciência.

Pedro Hallal é epidemiologista, professor da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil

Artigo originalmente publicado no jornal Folha de S. Paulo

29M tira de Bolsonaro o “monopólio das ruas” e fortalece CPI da Covid

31-05-2021 Segunda-feira

Ações de rua deixaram de ser evidência de uma suposta legitimidade do presidente para radicalizar o governo

As manifestações populares de sábado (29) mobilizaram centenas de milhares de brasileiros num contundente protesto contra o governo genocida e autoritário de Jair Bolsonaro. Além de expor a crescente rejeição ao presidente, o 29M tirou do bolsonarismo um de seus trunfos mais emblemáticos: o “monopólio das ruas”.

Foi a primeira vez, desde o início da pandemia de Covid-19 no Brasil, em março de 2020, que um número significativo de manifestantes contrários à atual gestão tomou as ruas, rompendo um longo período marcado por atos realizados apenas por simpatizantes do governo. Segundo os organizadores, os atos do 29M aconteceram em ao menos 213 cidades, de todos os estados brasileiros, mostrando a ampla diversidade geográfica na parcela da população anti-Bolsonaro.

Em outras palavras, as ações de rua deixaram de ser evidência de uma suposta legitimidade do presidente para radicalizar o governo. “Agora, ele não pode mais falar que o povo está na rua em seu apoio. Aquela ideia de ‘eu autorizo, presidente’ (slogan usado por manifestantes governistas) não é mais tão simples”, diz à BBC News Brasil o cientista político Carlos Melo, professor do Insper. “Tivemos um contingente grande de pessoas dizendo que não autorizam o presidente.”

Segundo Melo, o 29M foi um tiro bem-sucedido na narrativa governista. “Bolsonaro vinha até aqui com uma certa tranquilidade em mencionar essa figura abstrata chamada ‘povo’, porque havia uma situação em que apenas os seus apoiadores iam para a rua. Agora, ele perdeu o monopólio da mobilização popular e da manifestação.”

Para Pablo Ortellado, coordenador do Monitor do Debate Político no Meio Digital e professor da USP (Universidade de São Paulo), os protestos também aumentam a pressão pelo impeachment no Congresso. “O tamanho da manifestação e sua difusão pelo território nacional colocam de novo no horizonte um impeachment que parecia um pouco ‘enterrado’ pela persistência da aprovação do Bolsonaro”, avalia.

Na opinião de Carlos Melo, “o impeachment é sempre algo que depende muito mais da insatisfação popular e da mobilização de massas do que da vontade dos atores pura e simplesmente”. Esses elementos estavam presentes nos casos de Fernando Collor e Dilma Rousseff. “Não quero dizer que vai ter impeachment, mas não posso afirmar de forma alguma que simplesmente não vai ter porque o establishment não quer. Não é assim que a coisa ocorre.”

Já Claudio Couto, cientista político e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), julga que o impeachment volta como uma bandeira de mobilização, mas não necessariamente como “um item real do cardápio”. A seu ver, são duas as razões para isso: a proximidade das eleições de 2022 e o fato de o vice-presidente Hamilton Mourão não se apresentar como uma alternativa confiável.

Com ou sem impeachment, o bolsonarismo se desidratou. “A reeleição depende de uma série de fatores, inclusive da aprovação de medidas na Câmara e no Senado. As manifestações enfraquecem a agenda do governo dentro do Congresso”, diz Melo. “O governo tem desempenho frágil e é pouco realizador – não à toa Bolsonaro tem inaugurado ponte de madeira. Enfrenta o problema seríssimo da pandemia, com 460 mil mortos até agora, e uma economia com milhões sem emprego. Nada disso ajuda.”

As manifestações de rua da oposição acontecem num momento em que Bolsonaro se vê pressionado pela queda de sua popularidade nas pesquisas de opinião mais recentes e pelo avanço das investigações da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19. Desde 27 de abril, o Senado investiga, formalmente, as omissões do governo Bolsonaro no combate à pandemia.

“A manifestação demonstra que há um grande descontentamento – que esse setor que não gosta do Bolsonaro está com muito ímpeto. Isso dá mais respaldo para o bloco de oposição da CPI, porque ele se sente simbolicamente apoiado pela população”, afirma Ortellado. Segundo o professor da USP, isso também deve permitir aos políticos não identificados com a oposição serem mais críticos – caso do presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).

Carlos Melo avalia que o clamor das ruas também pode retrair parte da base de apoio ao governo. “Não acho que o Fernando Bezerra [senador pelo MDB-PE e líder do governo no Senado] amanhã estará intimidado, ou que o Flavio Bolsonaro estará intimidado. Mas uma série de nomes na CPI que andam ali no fio da navalha, fazendo discursos ambíguos, terão um pouco mais de cuidado.”

Para Claudio Couto, mais do que as ruas empoderarem a CPI, são os achados da CPI que podem ajudar a esquentar a temperatura das ruas. “A tendência é muito mais esse tipo de mobilização ser alimentada pela CPI do que o oposto. Mas é claro que isso também legitima a atuação da CPI – produz um efeito favorável no sentido de facilitar que a comissão avance no seu trabalho.”

Vermelho com informações da BBC Brasil

Parlamentares rechaçam Copa América no Brasil em plena pandemia

31-05-2021 Segunda-feira

O Brasil já registra mais de 462 mil mortes por Covid-19, é o segundo país no mundo com mais óbitos em razão da doença, mantém ritmo lento de vacinação, possui um auxílio emergencial reduzido que não garante comida a quem precisa, bate recorde de desemprego e luta contra o negacionismo encampado pelo governo Bolsonaro. Apesar do cenário crítico, nesta segunda-feira (31), a Conmebol anunciou que a Copa América será realizada no país. A entidade agradeceu ainda ao presidente Jair Bolsonaro ao comunicar a decisão.

A notícia foi duramente criticada por parlamentares do PCdoB, que viram na realização do evento esportivo mais um ato de irresponsabilidade do governo Bolsonaro com a população.

“Irresponsável! Bolsonaro acaba de autorizar a realização da Copa América no Brasil, após Argentina cancelar competição por conta da pandemia. Mesmo sem público, evento trará milhares de atletas e profissionais ao país em junho, num momento de absoluto descontrole da Covid”, ressaltou a vice-líder da Minoria, deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

O vice-líder da bancada na Câmara, deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), também condenou a decisão. “É surreal que a Conmebol transfira os jogos da Copa América para o Brasil nesse momento. Estamos às portas de uma terceira onda do vírus e somos o segundo país do mundo em número de mortes. Querem dizimar a população? Absurdo!”

O comunicado foi feito horas depois de a entidade suspender a Argentina como sede do evento, que começa no dia 13 de junho, justamente por conta da pandemia da Covid-19. A Copa América, inicialmente, seria dividida entre Colômbia e Argentina; no último dia 20 de maio, a Colômbia pediu adiamento da competição por conta das manifestações que têm tomado o país.

No ritmo que a doença tem avançado no país, a realização da Copa América deverá coincidir com o registro das 500 mil mortes por Covid no Brasil. Ainda assim, Bolsonaro decidiu apostar no evento em detrimento, mais uma vez, de ações efetivas de combate ao novo coronavírus.

No mesmo dia em que a Copa América é anunciada no Brasil, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reforça o que já vem sendo denunciado por parlamentares e especialistas: a situação sanitária no país é grave, com vacinação lenta, aumento da pobreza, e auxílio emergencial insuficiente.

Para a deputada federal Professora Marcivânia (PCdoB-AP), Bolsonaro não entendeu o recado das ruas neste final de semana, quando centenas de milhares de brasileiros enfrentaram o medo do vírus para protestar contra as ações do governo.

“Qual a medida que o governo toma após ser alvo de protestos massivos pedindo sua saída em razão do desastre humanitário que vem causando? Resolve autorizar a Copa América, após ter sido cancelada na Argentina. Ou seja, seremos o “País do Futebol” e da mortandade pela Covid-19”, protestou.

Por Christiane Peres

Fonte: PCdoB na Câmara