Arquivo mensal: novembro 2020

‘Novembro Azul’: prevenção do câncer de pênis é tema da penúltima live alusiva à campanha feita pela Alema

26-11-2020 Quinta-feira

Além do câncer de próstata, as lives alusivas à campanha “Novembro Azul”, promovidas pela Diretoria de Saúde e Medicina Ocupacional da Assembleia Legislativa do Maranhão, em parceria com a Diretoria de Comunicação, destacou a importância da prevenção de outros cânceres urológicos. A médica urologista e cirurgiã Amanda Jordão falou, nesta quinta-feira (26), sobre câncer de pênis e destacou as ações de conscientização sobre a saúde do homem.

A programação, transmitida pela Rádio Assembleia Online (www.radioalema.com) e por meio das redes sociais do Parlamento Estadual (Facebook e Instagram), seguirá até esta sexta-feira (27). O objetivo é abordar temas que conscientizem sobre prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata e de outros cânceres que acometem o sexo masculino, além de destacar a importância da preservação da saúde.

Quebrando preconceitos

O descaso com a saúde, motivada principalmente pelo preconceito, é um dos principais fatores que impedem a maioria dos homens de procurar assistência médica regularmente. Amanda Jordão afirmou que a maioria dos pacientes só procura o serviço médico quando os sinais e sintomas já estão intoleráveis. “Os homens devem atentar para qualquer tipo de lesão, alteração e ferida na genitália, e se despir de qualquer vergonha”, ressaltou.

A especialista explica que, além do descuido dos pacientes em realizar os exames periódicos, a falta de orientação sobre a necessidade de lavar o órgão sexual é outro motivo que elevam as estatísticas. Segundo ela, na maioria dos casos, a doença está relacionada à falta de higienização adequada nessa região do corpo. Isto porque a limpeza correta da genitália evita infecções que reduzem as chances do desenvolvimento de câncer peniano.

“É uma situação que tem uma resolução fácil se diagnosticada de forma precoce, e que nem precisa acontecer se o paciente mantiver uma boa higienização. Por isso, é essencial que o homem limpe a região com sabonete e água abundantemente, removendo todas as secreções. Além de precisar ficar de olho na aparição de manchas, verrugas, úlceras e feridas”, esclareceu Jordão.

Altos índices no Maranhão

A especialista destacou que o Maranhão tem a maior incidência mundial de câncer de pênis, com 6,8%. “A condição socioeconômica da região é um dos fatores que têm reflexo nessas estatísticas, já que o câncer de pênis está diretamente relacionado à falta de instrução e conscientização sobre higiene. No Maranhão, temos um IDH muito baixo, mas, além disso, há ainda um fator genético”, explicou Jordão.

Para a urologista, é necessário que tenha mais campanhas públicas direcionadas ao câncer peniano, uma vez que é tão presente quanto o câncer de próstata. “O desfecho dessa doença pode ser muito desfavorável, e os homens precisam estar bem informados sobre os riscos e formas de prevenção”.

A antipolítica indigenista do governo ameaça os povos indígenas livres

26-11-2020 Quinta-feira

Segundo os dados coletados pelo Cimi sobre as violências praticadas contra os povos indígenas em 2019, um total de 24 terras indígenas onde existem registros da presença de 48 povos isolados está invadida

Equipe de Apoio aos Povos Livres do Cimi

O pior cenário para os povos indígenas se confirmou com a posse do novo governo federal em janeiro de 2019. Observa-se que o desmatamento, as queimadas e as invasões das terras indígenas e das unidades de conservação crescem assustadora e impunemente na Amazônia, estimuladas pela ação e omissão do governo com a finalidade de favorecer a exploração predatória das riquezas naturais da região. Diariamente, os órgãos de fiscalização são desaparelhados para deixar de cumprir sua finalidade institucional. A Fundação Nacional do Índio (Funai) age, cada vez mais, como uma extensão dos interesses econômicos de terceiros no interior das terras indígenas. Os povos indígenas, as comunidades tradicionais, seus aliados e os defensores do meio ambiente são vistos como inimigos a serem combatidos.

Todos os aspectos da política indigenista anterior, com a finalidade de assegurar direitos e beneficiar coletivamente os povos indígenas, passam a ser combatidos abertamente ou solapados para que não se concretizem. Inicia-se uma anti-política indigenista com a intenção de promover uma nova onda de esbulho das terras indígenas, favorecendo a sua apropriação por terceiros e a exploração indiscriminada das suas riquezas naturais.

Essa antipolítica se faz sentir também fortemente em relação aos povos indígenas livres ou isolados. O sistema de proteção oficial a esses povos com relativa autonomia de ação, mas já absolutamente insuficiente, sofre com a escassez de recursos humanos e financeiros, e está sendo inviabilizado.

Criminosos ambientais e todo tipo de exploradores ilegais das riquezas naturais se sentem respaldados pelo discurso oficial e encontram facilidades diante da desconstrução do aparelho fiscalizador do Estado para invadir e explorar as terras indígenas, inclusive com a presença de indígenas isolados

A perspectiva integracionista, que agride as formas indígenas próprias de organização social, mesmo superada pela Constituição, é defendida pelo governo e sinaliza para a retomada dos contatos forçados com os povos indígenas isolados. Corrobora, nesse sentido, a nomeação de um pastor evangélico para a chefia da Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Conta (CGIIRC), pelo fato dele compor um setor fundamentalista que insiste na promoção da conquista religiosa desses povos.

Criminosos ambientais e todo tipo de exploradores ilegais das riquezas naturais se sentem respaldados pelo discurso oficial e encontram facilidades diante da desconstrução do aparelho fiscalizador do Estado para invadir e explorar as terras indígenas, inclusive com a presença de indígenas isolados. Um grito de alerta parte dos funcionários das Frentes de Proteção Etnoambiental (FPE), da Funai, que em carta dirigida “à sociedade brasileira e às autoridades competentes”, em novembro de 2019, manifestam sua preocupação diante do quadro assustador de ameaça à vida dos povos indígenas isolados. Eles revelam, no documento, sua angústia e impotência diante da falta de condições e de segurança para exercerem o seu papel de proteção dos territórios.

Segundo os dados coletados pelo Cimi sobre as violências praticadas contra os povos indígenas em 2019, um total de 24 terras indígenas onde existem registros da presença de 48 povos isolados está invadida, seja por madeireiros, garimpeiros, grileiros, caçadores, pescadores ou extrativistas

Uma das medidas adotadas pelo governo, com enorme potencial de ameaça aos povos isolados, é o Projeto de Lei (PL) 191/2020, já encaminhado para o Congresso Nacional, que autoriza a exploração mineral, inclusive garimpeira em terras indígenas.

Segundo os dados coletados pelo Cimi sobre as violências praticadas contra os povos indígenas em 2019, um total de 24 terras indígenas onde existem registros da presença de 48 povos isolados está invadida, seja por madeireiros, garimpeiros, grileiros, caçadores, pescadores ou extrativistas; não são consideradas aqui as regiões com presença desses povos onde não existe nenhuma providência em termos de demarcação e proteção de suas terras. O Cimi tem registros no Brasil de 116 povos indígenas isolados. A Funai confirma oficialmente a existência de 28.
Algumas das situações mais críticas em que as ameaças aos povos indígenas isolados são particularmente graves:

1. Na Terra Indígena (TI) Vale do Javari (AM), que concentra o maior número de povos indígenas isolados no país, com 18 registros, em 2019, aconteceram quatro ataques a tiros contra a Base de Proteção Etnoambiental do Rio Ituí-Itacoaí denunciados pela União das Nações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e confirmados pelos funcionários da Funai que trabalham nessas bases. Um colaborador da Funai dessa Base de Proteção foi assassinado, em setembro 2019, em Tabatinga (AM).

2. Paulo Paulino Guajajara, guardião da floresta, foi assassinado a tiros, em 1º de novembro de 2019, numa emboscada armada por invasores no interior da TI Arariboia (MA), habitada pelo povo Tenetehara/Guajajara e por grupos Awá-Guajá livres. Laércio Guajajara, que acompanhava Paulo Paulino, foi atingido por dois tiros, um no braço e outro nas costas. A TI Arariboia sofre com a invasão de madeireiros e caçadores há décadas. São indivíduos que se sentem à vontade para atacar os indígenas no interior de suas terras e são uma grande ameaça aos grupos isolados.

3. Na TI Yanomami, onde existem notícias sobre a presença de pelo menos cinco grupos indígenas isolados (sendo um confirmado pela Funai), avança, de modo ostensivo, a invasão garimpeira, degradando a floresta, contaminando de mercúrio as águas e os peixes e espalhando doenças entre os indígenas. Lideranças Yanomami, em 2019, denunciaram que mais de 20 mil garimpeiros exploram, ilegalmente, seu território tradicional, que deveria ser protegido pelo Estado.

4. Na região central de Rondônia se tornam cada vez maiores os riscos à sobrevivência de três povos isolados localizados no interior da TI Uru-Eu-Wau-Wau. Nela, constata-se, também, um evidente aumento dos invasores a partir de 2019, que se sentem respaldados pelo discurso anti-indígena do governo federal. Estima-se que o número atual de invasores seja superior a mil pessoas, diretamente associados aos índices crescentes de desmatamento verificados naquela terra indígena.

5. Na bacia do Rio Xingu, no Pará, o desmatamento explodiu, em 2019, na TI Ituna-Itatá, que tem portaria da Funai de restrição de uso devido à presença de um povo indígena isolado. Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), houve um aumento de 656% do desmatamento nessa área, em comparação com o ano de 2018. Com a construção do Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, a região passou a ser alvo da ação de grileiros e madeireiros, que invadiram massivamente o território indígena.

6. Na TI Inãwébohona, localizada na Ilha do Bananal, o avistamento, no dia 9 de outubro de 2019, de oito indígenas isolados, por um brigadista do PrevFogo, durante uma ação de combate a um grande incêndio florestal, denuncia a situação de risco em que eles se encontram. A Funai, informada constantemente nos últimos anos, tanto por indígenas da região como pelo Cimi, sobre a presença desse povo indígena isolado na Ilha, jamais confirmou a sua existência e muito menos adotou qualquer medida de proteção. Mesmo provocadas a agir pelo Ministério Público Federal (MPF), as autoridades se mantêm em silêncio e omissas, apesar das evidentes ameaças à vida desse povo isolado devido ao grande número de invasores e dos devastadores incêndios no período seco.

7. Os povos indígenas isolados, que se deslocaram para os lugares mais inacessíveis da Amazônia para fugir da violência das frentes de expansão econômica capitalista e para manter a sua liberdade, têm direito à vida e a seus territórios e devem ser respeitados pela opção que fizeram, assegurados pela legislação brasileira e pelos tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil é signatário. A ninguém cabe desrespeitá-los, muito menos àqueles a quem foi confiada a responsabilidade de zelar pelo cumprimento da lei e da proteção dos povos originários e da natureza, como determina a Constituição Federal. 

Artigo publicado originalmente no Relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil – dados de 2019.

Bira do Pindaré mostra coerência política e consciência de grupo

26-11-2020 Quinta-feira

“Numa eleição dessas não há espaço para muro”. De todas as declarações feitas nos últimos dias da segunda e decisiva etapa da corrida para a Prefeitura de São Luís, essa foi, de longe, a que melhor definiu o quadro político em que se dá o confronto entre Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Júnior (Republicanos).

Quem a pronunciou foi o deputado federal Bira do Pindaré, que participou da disputa pelo PSB e ficou em 5º lugar. E que, numa demonstração de coerência e consciência de grupo, se posicionou ao lado de Duarte Jr., segundo a linha do governador Flávio Dino (PCdoB) e seus aliados mais fiéis. Bira do Pindaré não só declarou apoio ao candidato do Republicanos, mas também  mobilizou o PSB da Capital, se envolveu na campanha e foi para a rua pedir votos.

Vale registrar que Bira do Pindaré fez uma campanha exemplar. Apresentou propostas – entre elas um ousado projeto para desenvolver a Zona Rural de São Luís, e já incorporada por Duarte Jr. -, debateu o cenário social, econômico e cultural da Capital, defendeu enfaticamente políticas de inclusão, bem dentro da sua linha de ação como parlamentar. Além disso, ficou à margem de ataques e agressões, mantendo inalteradas sua postura e sua conduta até no dia da votação, tendo recebido o resultado das urnas com serenidade.

Seu apoio a Duarte Jr. levou em conta dois fatores. O primeiro foi o próprio candidato, que considera o melhor para comandar São Luís, e o outro, a sua noção de grupo, que o colocou na linha adotada pelo governador Flávio Dino na manutenção da grande frente político-partidária construída em 2014, da qual tem sido um dos membros mais atuantes.

Por Ribamar Corrêa

Flávio Dino: São Luís não merece Braide, merece uma gestão honesta

26-11-2020 Quinta-feira

O governador do Maranhão desmentiu o candidato bolsonarista que acusou seu governo de não realizar obras na capital

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), reagiu duramente as declarações do candidato bolsonarista a prefeito de São Luís Eduardo Braide (Podemos) que, em debate na TV Band, disse que o governo estadual não realizava obras na cidade. Dino, que apoia Duarte Jr neste segundo turno, afirmou que a capital “não merece Braide, merece uma gestão honesta e que respeita a verdade”.

“O candidato Braide, em debate na TV Band ontem, fez afirmações absurdas contra o nosso governo, reiterando sua verdadeira identidade e os seus propósitos. Sou, mais uma vez, obrigado a me defender de mentiras”, disse o governador que publicou um vídeo rebatendo as acusações.

Segundo ele, na ânsia de defender o governo Bolsonaro, o candidato mentiu sobre a realizações de obras na capital. “Já publiquei nas minhas redes sociais uma relação que prova centenas de obras e benefícios já executados pelo nosso governo na capital”, diz.

O bolsonarista afirmou que o governo não auxiliou na capital instituições como a Santa Casa de Misericórdia. No vídeo, o governador lembrou que ainda nesta quinta-feira (26) vai inaugurar no local uma ala modernizada com 40 leitos.

O governador também pediu respeito aos secretários do seu governo e disse que o candidato não tem autoridade moral para atacar sua equipe. “Mais uma vez ficou muito claro para o que eu tenho dito: Braide quer a prefeitura para servir de palanque eleitoral para eleições de 2022”, alertou o governador.

PCdoB

Debate TV Band: Braide se diz próximo ao Governo Bolsonaro e Duarte Jr. reafirma aliança com Flávio Dino

26-11-2020 Quinta-feira

Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Jr. (Republicanos) concluíram o debate da TV Band, realizado em parceria com a TV UFMA, do jeito que o iniciaram: sem nada acrescentar ao que já disseram sobre projetos em outros debates, sabatinas e programa eleitoral gratuito. Apresentaram as mesmas propostas sobre saúde, educação, mobilidade urbana, zona rural, inclusão social; pronunciaram as mesmas frases e trocaram as mesmas acusações. O diferencial do confronto foi nas suas identificações políticas. Eduardo Braide assumiu ter bom relacionamento com o Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e deixou no ar a impressão de que, se eleito, não precisará de uma boa relação com o Governo Flávio Dino (PCdoB). Já Duarte Jr. se posicionou em sentido contrário, assumindo sua aliança com o governador do Estado, por considerá-la fundamental para uma boa gestão na Prefeitura de São Luís, mas também afirmando que usará os caminhos possíveis para buscar recursos no Governo Federal.

O confronto político foi provocado pelo candidato Duarte Jr., que tomou a iniciativa questionando atitudes e manifestações de Eduardo Braide e classificando de mentirosos os ataques da campanha do candidato do Podemos à sua candidatura. Eduardo Braide tentou evitar o pugilato verbal, argumentando que estava ali para apresentar e debater proposta, mas Duarte Jr. manteve sua estratégia de provocar o oponente, que em vários momentos teve de abandonar o discurso de campanha para se defender, às vezes com sucesso, às vezes se mostrando muito incomodado. Os dois usaram muitas vezes e com insistência o adjetivo “mentiroso”, num processo desgastante para ambos, que repetiram as mesmas e já surradas acusações.

Politicamente, Eduardo Braide deixou claro que tem afinidades e boas relações com o Governo do presidente Jair Bolsonaro, algo que relutou admitir durante toda a campanha, sem, no entanto, assumir a condição de bolsonarista. O candidato do Podemos fez críticas ao governador Flávio Dino, tentando se colocar como responsável pela fatia de recursos que o Governo do Maranhão recebeu como rateio do Pré-Sal, o que na verdade foi uma decisão do Congresso Nacional como um todo. E ao se colocar como amigo do Governo Federal, disse, enfaticamente, que o prefeito de São Luís tem de ser independente, não explicando exatamente em relação a quê e a quem.

Já o candidato do Republicanos não vacilou em se posicionar como parte da aliança do governador Flávio Dino. Duarte Jr. deixou claro que atua no campo liderado pelo governador e que, se eleito, vai ampliar as parcerias que o Governo do Estado já tem com a Prefeitura de São Luís. Ele disse ter certeza de que vai atuar fortemente para aumentar os investimentos do Governo do Estado em São Luís. Em relação ao Governo Federal, foi igualmente enfático ao afirmar que usará todos os meios para obter recursos federais, por entender que não se trata de problema político, mas um direito dos municípios e que recorrerá ao seu partido para ajudá-lo a chegar às fontes de recursos federais.

Bem planejado e comandado sem falhas pela competente e experiente jornalista Daniella Bandeira, o debate da TV Band/TV UFMA poderia ter sido melhor aproveitado pelos candidatos. O problema é que eles já apresentaram repetidamente as suas propostas e esgotaram os seus repertórios de ideias e projetos para suas eventuais gestões. O confronto político, que foi o destaque do evento, serviu para o eleitor saber, finalmente, e agora de maneira muito clara, com quem está Eduardo Braide e com quem está Duarte Jr. na seara política maior, que no fundo move esse confronto. E visto pelo ângulo da política nesse ponto, o debate valeu a pena.

Repórter Tempo

Inflação para além dos alimentos aprofunda a crise econômica

26-11-2020 Quinta-feira

Prévia aponta para o pior resultado para novembro em cinco anos, vai além dos alimentos e acende alerta para 2021. Todos os grupos pesquisados apresentaram elevação. Em 12 meses, a alta de preços acumulada é de 4,22%, já acima da meta do Banco Central, de 4%. Cai a confiança no setor de construções

A prévia da inflação apresentou a maior variação para um mês de novembro desde 2015, quando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) ficou em 0,85%, informou na terça (24) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa (0,81%) é 0,13 ponto percentual menor do que o registrado em outubro, quando o índice registrou alta de 0,94%.

De janeiro a novembro, o acumulado da inflação é de 3,13%, enquanto nos últimos 12 meses é de 4,22%, acima da meta de 4% estipulada pelo Banco Central (BC). O grupo alimentação e bebidas, com aumento de 2,16%, foi responsável por influenciar 0,44 ponto percentual do índice geral. No ano, o setor acumula alta de 12,12%. Os preços dos alimentos para consumo no domicílio foram destaque no mês, subindo 2,69%.

A maior influência sobre a alta no grupo foram itens importantes no consumo das famílias, como carnes (4,89%), arroz (8,29%), batata-inglesa (33,37%), tomate (19,89%) e óleo de soja (14,85%). A alimentação fora do domicílio acelerou 0,87%, puxada pelo item lanche (1,92%), enquanto refeição subiu 0,49%.

Mas todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram aumentos de preços em novembro: transportes (1%), artigos de residência (1,40%), habitação (0,34%) e vestuário (0,96%), além de saúde e cuidados pessoais (0,04%), despesas pessoais (0,14%), comunicação (0,06%) e educação (0,01%). Todas as regiões pesquisadas pelo IBGE também registraram alta de preços, com destaque para Goiânia (1,26%), influenciada pela alta de 3,25% na gasolina.

No geral, o etanol aumentou 4,02%. A gasolina avançou 1,17%, um impacto individual de 0,06 ponto porcentual sobre a inflação. O óleo diesel ficou 0,53% mais caro, enquanto o gás veicular subiu 0,55%. O gasto com transportes teve elevação de 1% este mês, a segunda maior contribuição para a taxa do IPCA-15 de novembro, o equivalente a 0,20 ponto porcentual.

Além do choque de alimentos, o economista-chefe do Haitong Banco de Investimento, Flávio Serrano, lembra ao jornal ‘O Estado de S. Paulo’ que o IPCA-15 está mostrando recomposição de preços, após a deflação em meados do ano em vários itens devido ao isolamento social.

“Se não houvesse preocupação com o fiscal, as revisões não seriam tão fortes. Acho que tem muito do ambiente. As coisas estão acontecendo em conjunto, a persistência de choque de alimentos e piora fiscal, então é difícil separar os efeitos. Está sendo mais duradouro, mas ainda continua sendo choque de alimentos, para outros itens têm menor repasse. Temos de observar”, disse Serrano.

A economista-chefe do Banco Bocom BBM, Fernanda Guardado, pretende revisar a projeção de inflação de 2020 de 3,60% para perto de 3,70%. “Esse número (do IPCA-15) reforça as pressões que temos observado na inflação mais recentemente”, afirmou. “São surpresas que vêm da alimentação, vêm da gasolina, mas começam a aparecer nos serviços e não se limitam apenas a pressões tão temporárias.”

Alta surpreendeu o mercado

O IPCA-15 de novembro veio acima das estimativas de mercado, que projetava um resultado de 0,72%, e mostra que a inflação desacelerou menos do que o esperado após o pico registrado em outubro, quando o IPCA-15 alcançou 0,94%. Também aponta que a carestia está cada vez menos restrita aos alimentos.

“A alimentação não para de surpreender e houve um espalhamento maior da inflação”, observa o economista André Braz, coordenador do índice de preços da Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo ele, os alimentos continuam subindo por conta da alta do dólar e das exportações brasileiras, que aumentam o preço e reduzem a oferta de itens como soja, milho e arroz no mercado doméstico.

Com a moeda norte-americana em alta, também encarecem os insumos da indústria, que já começa a repassar os custos a produtos como móveis (2,40%), eletrodomésticos e equipamentos (2,23%) e roupas (0,84%). Além disso, a retomada de atividades que haviam sido reduzidas na quarentena também enseja uma recomposição de preços, como ocorreu nas passagens aéreas (3,46%).

O resultado faz o mercado rever novamente as projeções. A XP Investimentos, por exemplo, elevou de 3,6% para 3,9% a expectativa para o IPCA de 2020, pois acredita que a inflação oficial deve repetir os 0,86% de outubro em novembro e desacelerar somente para 0,80% em dezembro.

Braz também reviu suas projeções de 3,5% para 3,7%, pois não vê uma redução da pressão cambial no curto prazo e lembra que o fim de ano costuma ter aumentos nos preços de alimentos in natura. “O cenário piorou um pouco. Agora, o risco de ter um desafio maior com a inflação no ano que vem é mais alto”, observou.

O economista acredita que, se essa pressão inflacionária persistir no início de 2021, o BC pode ser forçado a elevar a taxa básica de juros (Selic) antes do que imaginava. Hoje, o mercado acredita que a Selic vai continuar na mínima histórica de 2% até o início do segundo semestre de 2021.

Desmonte e descaso cobram agora o seu preço

Desde 2019 o desgoverno Bolsonaro vem desmontando a estrutura de conselhos e câmaras de discussão, que reuniam representantes do governo e das empresas, e que poderiam operar neste momento para articular uma reação à alta dos custos. Nessas plenárias, poderiam ser buscadas alternativas dentro do próprio setor privado para acelerar a reconstrução de cadeias destroçadas pela crise, com apoio da rede de bancos públicos. Ou se negociar limites à exportação de bens e mercadorias, além da liberação pontual de importações nas áreas mais afetadas pela alta de custos, onde fosse possível.

No setor agrícola, não só foram abandonadas as políticas de formação de estoques reguladores, com o desmonte desses estoques, mas abriu-se mão de qualquer tipo de controle sobre as exportações. Movimento inverso ao de países do Leste Asiático, por exemplo, que adotaram políticas para preservar o abastecimento doméstico e segurar os preços cobrados dos consumidores.

Entre janeiro e a primeira quinzena de novembro, a alta dos preços do arroz, das carnes e do óleo de soja respondeu por quase 36,1% da inflação acumulada no período, na medição do IBGE. No período, o arroz subiu 64,30%, mas foi “batido” pelo salto de 89,6% nos preços do óleo de soja, enquanto as carnes, em conjunto, aumentaram em média 16,47%, sob liderança da carne de carne de porco, 31,12% mais cara.

Isoladamente, os preços da carne suína responderam por pouco mais de um quarto da “inflação das carnes” e por quase 3,7% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado naqueles 10 meses e meio. As exportações de carne suína, impulsionadas pela China, aumentaram 39,0%. Também apresentaram altas as vendas externas de algodão (31,5%) e de açúcar (72,8%).

A safra de soja brasileira foi recorde no ciclo 2019/20, somando 124,84 milhões de toneladas, praticamente 5,13 milhões de toneladas a mais do que no ano agrícola anterior (119,72 milhões de toneladas). Mas as exportações do grão saltaram 23,7% no acumulado dos primeiros 10 meses deste ano em relação a igual período de 2019, de 65,847 milhões para 81,432 milhões de toneladas – ou seja, um acréscimo de quase 15,6 milhões de toneladas.

A produção de arroz, que já superou 13,6 milhões de toneladas em 2011, havia recuado para 10,484 milhões de toneladas na safra 2018/19, mas avançou até 11,183 milhões de toneladas no ciclo seguinte. O problema foi que as exportações dispararam, diante do recuo das vendas nos maiores países produtores. O Brasil ocupou o espaço e elevou as exportações em quase 67,0%, de 790,2 mil para 1,319 milhão de toneladas.

Com o dólar mais alto, o boom de exportações de alimentos fez cair a oferta doméstica, estimulando produtores a acelerar o embarque da safra e ainda a reter parte da produção colhida diante da alta nos preços internos. Manobra especulativa que poderia ter sido desestimulada caso houvesse estoques para regular o mercado.

O “liberalismo” dos Chicago Boys do ministro-banqueiro da EconomiaPaulo Guedes, conduz o país a um desastre, sem perspectiva de propostas que mudem o rumo do naufrágio. Agora, Guedes, que abriu mão de qualquer política de combate à inflação, dando aos mercados liberdade total para especular e aumentar preços, acena com a ameaça da hiperinflação para chantagear o Congresso a aprovar uma política de arrocho fiscal em plena crise econômica. Mais que uma escalada inflacionária, a real ameaça para o país são as pressões geradas pelos erros na condução da política econômica.

Cai a confiança do Setor da Construção

Quem ainda planeja comprar imóveis se depara com alta muito acima dos índices inflacionários. Divulgado nesta quarta (25) pela FGV, o Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) registrou inflação de 1,29% em novembro deste ano, inferior ao 1,69% observado em outubro.

Principal índice usado para reajustar os financiamentos imobiliários, o INCC-M acumula taxas de inflação de 7,71% no ano e de 7,86% em 12 meses. Isso significa que quem comprou um apartamento na planta em novembro de 2019 teve o saldo devedor reajustado em quase 8% agora.

Quando o comprador financia um imóvel na planta, não apenas compra, mas também financia a construção desse empreendimento. Essa construção está sujeita à variação do custo dos materiais utilizados e, por isso, o INCC-M é usado para reajustar o saldo devedor durante essa fase.

Ao mesmo tempo, caiu o Índice de Confiança da Construção, também medido pela FGV. A queda foi de 1,4 ponto em novembro, na comparação com outubro. Foi a primeira queda do indicador, que apresentava altas desde maio e que chegou a 93,8 pontos, em uma escala de zero a 200.

“Após seis meses de alta contínua, a confiança dos empresários da construção recuou, refletindo uma piora das expectativas em relação à demanda e ao ambiente de negócios nos próximos meses. O movimento deu-se nos três segmentos setoriais – Edificações, Infraestrutura e Serviços Especializado – indicando a insegurança com as incertezas elevadas do cenário geral”, afirmou a pesquisadora da FGV Ana Maria Castelo.

A queda do indicador foi puxada pela confiança no futuro, medida pelo Índice de Expectativas, que caiu 2,9 pontos, passando para 96,2 e voltando a patamar inferior a fevereiro, período pré- pandemia (99 pontos).

PT

Trump devolve US$455 bi da ajuda anti-Covid para sabotar ação de Biden

26-11-2020 Quinta-feira

O senador democrata Ron Wyden acusou o secretário do Tesouro de Trump, o ex-banqueiro Steve Mnuchin, de “sabotagem e tentativa de atar as mãos” do governo Biden no combate à pandemia.

Em meio ao descontrole da Covid-19 no país inteiro e com as filas para receber comida doada se espalhando de costa a costa na véspera do feriado de Ações de Graça, Mnuchin anunciou que vai devolver US$ 455 bilhões em fundos emergenciais que o Congresso autorizou em março, mas não utilizou.

A devolução é uma manobra para colocar esses recursos sob veto do Senado controlado pelos republicanos, que desde julho se recusam a aprovar a extensão da ajuda emergencial, imprescindível para socorrer as famílias, as pequenas empresas, os Estados e municípios e o sistema hospitalar, já votada e aprovada pela Câmara de deputados.

Os US$ 455 bilhões foram alocados pelo Congresso no pacote emergencial de março, conforme a Bloomberg, para programas de empréstimos de emergência para socorrer governos locais e empresas em dificuldades.

Na semana passada, Mnuchin prometeu cortar os programas de alívio no final do ano. Como assinalou a Bloomberg, a manobra de Mnuchin “tornaria impossível” para Janet Yellen, a escolha do presidente eleito Joe Biden para chefiar o Departamento do Tesouro, utilizar os fundos “sem a bênção dos legisladores” (republicanos).

Cinicamente, Mnuchin, ex-Goldman Sachs, asseverou que a devolução é para assegurar “uma melhor utilização dos fundos”. Com a devolução, o governo Trump busca dificultar a resposta do governo Biden ao coronavírus. O que, além de imoral, é uma violação explícita da lei de ajuda emergencial de março, segundo parlamentares e analistas.

Ecoando Wyden, a senadora democrata Elizabeth Warren tuitou na terça-feira que “a resposta do secretário Mnuchin à Covid-19 tem sido um fracasso corrupto e incompetente”.

“Ele precisa parar de sabotar o governo Biden de consertar o desastre e ajudar Estados, cidades e pequenas empresas”, disse Warren. São 13 milhões de infectados pela Covid-19 nos EUA e 260 mil mortos – um aterrador recorde mundial. Na terça-feira (24), 172.945 pessoas testaram positivo e 2.136 morreram em 24 horas.

Sob pandemia e recessão, um difícil Dia de Ação de Graças. De acordo com os mais recentes  números do Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês), 20,45 milhões de trabalhadores ainda recebiam cheques de desemprego estaduais ou federais – sendo que uma fonte chave do dinheiro, a ajuda federal, acaba em 26 de dezembro para dois terços deles. Ainda, sob bloqueio republicano no Senado, não há perspectiva de retomada dos US$ 600 suplementares.

“Bloquear mais alívio da Covid não é apenas cruel, é má política econômica”, disse a diretora política do Instituto de Política Econômica, Heidi Shierholz. “O seguro-desemprego é um grande estímulo. Os gastos tornados possíveis pela ajuda emergencial estão apoiando milhões de empregos. Deixar expirar estes benefícios significa cortar esses postos de trabalho”.

“Os republicanos do Senado permitiram que o aumento generalizado de 600 dólares nos subsídios semanais de desemprego expirasse no final de Julho, pelo que a semana passada foi a 16ª semana de desemprego nesta pandemia para a qual os beneficiários não receberam os 600 dólares extras”, disse Shierholz.

Pior ainda, salientou ela, até 13,5 milhões dos trabalhadores desempregados verão a sua ajuda federal especial pandêmica acabar em 26 de Dezembro ou antes. “Quando estes programas expirarem, milhões destes trabalhadores e as suas famílias ficarão financeiramente devastados”.

A tentativa de reintroduzir a ajuda emergencial de US$ 600 já foi bloqueada seis vezes pelo líder republicano do Senado, Mitch McConnell. “Uma crueldade inacreditável”, enfatizou Shierholz.

“O estímulo de bloqueio está também exacerbando a desigualdade racial. Devido ao impacto do racismo sistêmico histórico e atual, as comunidades negra e latina viram mais perda de emprego nesta recessão, e têm menos riqueza para voltar a cair”, destacou a economista.

“A falta de estímulo atinge mais duramente estes trabalhadores, o que significa que o estímulo é uma questão de justiça racial”, alertou Shierholz. “Além disso, os trabalhadores nesta pandemia não estão apenas perdendo seus empregos – milhões de trabalhadores e os seus familiares perderam o plano de saúde fornecido pelo empregador devido às demissões sob a Covid-19. Os republicanos do Senado estão falhando às famílias em dificuldade”.

Na terça-feira, o índice Dow da Bolsa de Nova Iorque superou a marca dos 30.000 pontos pela primeira vez na história, depois de ter despencado em março e sido resgatado pelos trilhões de dólares de socorro do Federal Reserve.

Em suma, enquanto a economia dos EUA está no fundo do poço, milhões estão desempregados, o despejo espera milhões de famílias e a ajuda emergencial continua emperrada desde julho, os especuladores estão estourando garrafas de champagne em Wall Street.

O frenesi de Wall Street tirou Trump do seu silêncio em público dos últimos dias, depois de exposto como perdedor pelas urnas, e ele até fez uma incursão de 1 minuto, acompanhado do vice Mike Pence, para comemorar.

“Este é um número sagrado”, disse Trump, que há muito se fixou na bolsa de valores como o barômetro do suposto desempenho econômico do seu governo.

“Ninguém pensou que alguma vez o iria ver”, acrescentou. E saiu tão rapidamente quanto entrou, sem responder a qualquer pergunta.

A Reuters atribuiu o novo cume atingido pela espuma financeira às notícias animadoras sobre o progresso das vacinas contra o coronavírus, bem como ao reconhecimento formal, embora tardio, da transição de Biden à Casa Branca.

Para a Associated Press, a razão de fundo é o Fed ter cortado as taxas de juro de curto prazo para quase zero, além de outras medidas para ‘estabilizar os mercados financeiros’, assim como a ajuda de trilhões de dólares do Congresso para a economia.

Papiro

França deve iniciar vacinação em dezembro ou janeiro, diz Macron

26-11-2020 Quinta-feira

O presidente Emmanuel Macron anunciou que a França deve iniciar a vacinação da população contra o Covid-19 no “final de dezembro ou início de janeiro” de 2021. Em discurso transmitido pela televisão, na terça-feira (24), informou ainda que a prioridade inicial da vacinação será em idosos e na população mais vulnerável.

“Nossa estratégia [de combate à pandemia] se baseia nas várias vacinas”, afirmou, observando que o país não se limitará a nenhuma em especial.

O presidente ressaltou que a queda no número diário de casos confirmados da Covid-19 — eram 60 mil antes do início do confinamento e, na semana passada, ficou em 20 mil -, mas advertiu que as medidas de flexibilização não podem ser descuidadas.

Para garantir a segurança sanitária, “um comitê científico será encarregado de acompanhar a vacinação. Um coletivo de cidadãos também será formado para acompanhar a população”, disse. De acordo com o presidente uma “segunda geração da vacina” ficará pronta durante a primavera no Hemisfério Norte, que começa no final de março.

Apesar dos números melhores, Macron insistiu nos pedidos de cautela para “evitar mais um confinamento”, e defendeu que a população deve manter o distanciamento e as medidas de saúde, como o uso de máscaras. Bares, restaurantes e academias ficarão fechados até 20 de janeiro, quando será feita uma nova avaliação.

No entanto, dobrando-se aos grupos antivacinas que consideram que a obrigatoriedade fere a liberdade individual, Macron disse que “quero ser claro, a vacina não vai ser obrigatória”.

No domingo (22), o presidente do governo da Espanha,Pedro Sánchez já haviaanunciado que começará um programa estendido de vacinação contra o vírus em janeiro e que espera proteger a maior parte da população em seis meses. A vacina será gratuita e se administrará através do Sistema Nacional de Saúde, detalhou em coletiva de imprensa.

Na Alemanha, os Estados começarão a estabelecer centenas de centros de vacinação em todo país a partir de dezembro. Segundo reportagem do jornal Welt am Sonntag, os secretários de Saúde dos 16 estados alemães traçaram planos para a criação de um ou dois centros de imunização por distrito administrativo – totalizando centenas de unidades em todo o país – além de mobilizar equipes móveis de vacinação.

Nesses países, as vacinas de diferentes laboratórios do mundo estão sendo experimentados com base em acordos de cooperação internacional.

Papiro

Governador Flávio Dino inaugura ala materna na Santa Casa de Misericórdia

26-11-2020 Quinta-feira

Na manhã desta quinta-feira (26), em solenidade virtual, o governador Flávio Dino inaugurou a ala da Retaguarda Materna ‘Elisabeth Coelho Vaz’, na Santa Casa de Misericórdia, em São Luís. Uma ala completa, modernizada, totalmente reformada e equipada com 40 novos leitos, para reforçar o atendimento à saúde materno-infantil no Maranhão. Os leitos serão suporte das maternidades de Alta Complexidade do Maranhão, Benedito Leite e Nossa Senhora da Penha, vinculadas à rede estadual de saúde.

Em sua fala, o governador Flávio Dino citou as obras na área da saúde concluídas e em andamento, além de pontuar as unidades direcionadas ao atendimento materno da rede estadual de saúde. “É uma conquista relevante. Uma nova maternidade incorporada ao sistema de saúde estadual. Já demos muitos passos importantes na ampliação da rede e só na saúde, são dezenas de obras abrangendo a Região Metropolitana. São ações concretas, tangíveis e visíveis. Que essa ala materna possa representar um conforto às mães e seus bebês, e assim, estamos garantindo que o sistema estadual possa cumprir seu papel de apoiar os sistemas municipais de saúde”, avaliou.

Governador Flávio Dino durante inauguração virtual da nova ala materna (Reprodução)

Flávio Dino destacou obras com a conclusão em breve, a exemplo da Policlínica, em Açailândia; e os primeiros leitos na área dos Lençóis Maranhenses, em Barreirinhas. “O Governo do Estado está mais preparado hoje e em todas as regiões, com ações responsáveis e sérias na área da saúde. É possível fazer mais com menos e produzir belos resultados. Quando se governa com probidade e honestidade, os resultados aparecem”, enfatizou o governador. Na ocasião, foi transmitido vídeo sobre a estrutura da nova ala, depoimentos de autoridades e profissionais da saúde.

O espaço, que não era reformado desde a década de 70 e servia para realização de partos, agora vai prestar atendimento mais adequado, especializado e humanizado, pontuou o secretário de Estado de Saúde (SES), Carlos Lula. “Estamos ganhando uma nova maternidade na rede, como se fosse um novo hospital. O Governo transformou em um espaço completamente reformado, lúdico e adequado às mães. E, ao homenagear Elisabeth Vaz, homenageamos também a enfermagem. Por quatro décadas ela cuidou das mães e essa lembrança é muito merecida”, destacou. 

Equipe de enfermagem na nova ala materna da Santa Casa (Foto: Handson Chagas)

A ala possui recepção, sala de procedimentos/estabilização, posto de enfermagem, alojamento conjunto, farmácia, almoxarifado, sala de Núcleos, além de espaço administrativo. Os atendimentos serão regulados pela rede de maternidades do Estado. A ampliação do serviço assegura atenção humanizada à gestante e integra às ações do Governo em atenção à saúde materno-infantil no estado.

A ala homenageia a técnica de enfermagem maranhense, Elisabeth Coelho Vaz, que de 1960 e 1990, dedicou-se ao atendimento em domicílio de gestantes e recém-nascidos. Nascida em Cajapió, em 1939, aos sete anos mudou para São Luís, após falecimento da mãe. Aos 17 anos, cursou técnico de enfermagem, indo trabalhar no Hospital Português, onde se especializou em obstetrícia. Mesmo aposentada, continuou na função por conta própria. Faleceu de câncer, em abril deste ano, aos 80 anos, em São Luís. 

No evento virtual, presenças do vice-governador, Carlos Brandão; representando o prefeito Edivaldo Holanda Junior, a secretária municipal de Saúde, Natália Mandarino; secretário de Governo, Diego Galdino; secretário de Estado de Políticas Públicas, Marcos Pacheco; presidente da Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (Emserh), Marcos Grande; e demais secretários de Estado.

Diego Maradona sempre soube distinguir os canalhas e valorizar os dignos

26-11-2020 Quinta-feira

Agora não podemos fazer mais nada. Já está.

Maradona já foi um mito enquanto viveu. Agora, outro capítulo começará, o capítulo interminável de todos aqueles que o viram, o conheceram, falaram, tocaram nele ou tiveram algum tipo de anedota com ele.

Quantas pessoas no mundo são capazes de tocar tantas outras e transformá-las? Quantos podem dizer que cruzaram a vida de tantas pessoas? Eles são poucos, muito poucos. Diego foi sem dúvida um deles.

Quando escrevo transformar, penso no que uma emoção produz nos outros, os desloca, os faz vibrar, produz secreções químicas, alterações no corpo. Você grita e pula, mas opta por fazê-lo, talvez porque não consegue se conter, mas ainda é volitivo. Por outro lado, emoções genuínas não podem ser autogeradas, elas requerem um estímulo externo.

Enquanto driblava ingleses no México, ele não sabia qual seria o fim. Nem aqui. Foi evitando os solavancos internos e externos, até que chegasse esse fim. Dizer que um dos maiores da história morreu é um eufemismo. Sempre foi curioso para mim vê-lo gostar de fazer coisas que os outros não podiam, sem “esfregar” o rosto.

Saiu muito cedo e já não vai conseguir responder à pergunta que tantas vezes lhe fiz, em privado e em público: a que altura ele percebeu que era diferente dos outros? Como foi? Em que momento você pensou nisso? Em que ponto você percebeu? Foi um episódio ou uma sucessão?

Agora, vamos começar a reunir as melhores lembranças. Se fôssemos capazes, deveríamos evitar a construção de um mito imperfeito, mas sim rever como um dos “nossos”, quero dizer “nossa espécie”, poderia violar as leis da física, ir aonde não poderia, quebrar sua cintura sem estar separado do corpo, e usando um pé esquerdo que, por falta de palavra melhor, posso qualificar de biônico.

Um amigo me deixou, com virtudes e misérias como todos os humanos, mas mesmo nas misérias sempre soube distinguir os canalhas e valorizar os dignos como Che e Fidel. E é por isso que sempre escolheu Víctor Hugo como seu parceiro jornalístico .

Ele sempre soube, para além desse cabo de guerra, quem eram os mocinhos e onde estavam os bandidos.

Maradooooooooo …… Chau Diego, obrigado.

Adrián Paenza é jornalista e colunista do jornal Página 12.