Arquivo mensal: novembro 2020

Presidente do Gedema, Ana Paula Lobato, confere os últimos detalhes da decoração natalina da Alema

30-11-2020 Segunda-feira

A presidente do Grupo de Esposas de Deputados do Maranhão (Gedema), Ana Paula Lobato, acompanhou, na tarde desta terça-feira (30), a instalação da decoração natalina na Assembleia Legislativa para acertar os últimos detalhes da ornamentação que propiciará luz e todo o encanto do Natal aos ambientes da Casa.

Ana Paula disse que sempre faz questão de acompanhar de perto a montagem feita pela equipe do Gedema. “Hoje, acertamos os últimos detalhes para finalizar a decoração natalina nas dependências do Parlamento. Amo esse período natalino, momento de confraternização e que ficamos mais próximos das nossas famílias”, frisou.

A presidente agradeceu à sua equipe pelo empenho. “Obrigada, especialmente, à equipe do Gedema, que não mede esforços e sempre prepara uma decoração linda e encantadora para os nossos servidores e visitantes”, acrescentou.

Ana Paula Lobato estava licenciada do Gedema no período em que disputou as eleições em Pinheiro, como vice na chapa do prefeito Luciano Genésio, reeleito no pleito. “Já estava com saudades daqui e estou muito feliz por estar de volta”, concluiu.

Bolsonaro é o maior derrotado das eleições, diz imprensa internacional

30-11-2020 Segunda-feira

Reportagem da Associated Press, cujo conteúdo é replicado em mais de 17 mil veículos, como o ‘Washington Post’ e o ‘Los Angeles Times’, destaca que o presidente sofreu uma “onda de sucessivas derrotas em disputas para prefeituras”. AP lembra que apenas cinco candidatos a prefeito apoiados por Bolsonaro venceram, “nenhum deles nas cidades mais importantes” e que a maior rejeição veio do Rio de Janeiro, sua base eleitoral, onde o prefeito Marcelo Crivella foi “espancado” no pleito

O fracasso retumbante do bolsonarismo nestas eleições municipais ganha ampla cobertura na mídia estrangeira, após o fim do segundo turno em 57 cidades. Reportagem da agência de notícias Associated Press, uma das mais importantes do mundo, foi replicada em milhares de veículos, como o Washington Post e o Los Angeles Times, nesta segunda-feira, 30, destacando que o presidente brasileiro sofreu uma “onda de sucessivas derrotas em disputas para prefeituras”.

A AP lembrou que apenas cinco candidatos a prefeito apoiados por Bolsonaro venceram, “nenhum deles nas cidades mais importantes”. De acordo com a agência de notícias, a maior rejeição veio do Rio de Janeiro, base eleitoral do presidente, onde o prefeito Marcelo Crivella foi “espancado” no segundo turno pelo oponente Eduardo Paes (DEM), da legenda de centro-direita Democratas.

“Outra grande derrota para Bolsonaro veio em Fortaleza, a quinta cidade mais populosa do Brasil, onde o pouco conhecido candidato de centro-esquerda Sarto Nogueira superou Wagner Gomes, o favorito do presidente, 51,5% contra 48,5%”, destaca o texto, distribuído globalmente. “Gomes havia liderado pesquisas de opinião antes do início da campanha e frequentemente exibia o apoio de Bolsonaro, mas procurou se distanciar nos últimos dias da campanha”, descreve o texto.

Ainda de acordo com a agência, o péssimo desempenho dos candidatos apoiados por Bolsonaro começou a ficar perceptível ainda no primeiro turno das eleições municipais, há duas semanas. A AP cita o exemplo de São Paulo, onde Celso Russomano, candidato do presidente, obteve apenas 10% dos votos na maior cidade do Brasil. “O segundo turno de domingo foi entre duas candidaturas críticas ao presidente”, aponta a agência.

Outros nomes de políticos apoiados por Bolsonaro também não conseguiram sequer chegar ao segundo turno, perdendo por ampla margem em capitais de estado populosas como Belo Horizonte, Recife e Manaus. “Seu candidato também perdeu em Santos, uma das cidades mais importantes do estado de São Paulo”.

“O maior perdedor”

De acordo com o despacho da agência, mesmo o filho do presidente, Carlos Bolsonaro, o único com o nome Bolsonaro na cédula de votação – de um total de 78 candidatos –, foi eleito com 35 mil votos a menos do que em 2016.  “Bolsonaro é claramente o maior perdedor nas disputas para prefeito”, declarou à agência o professor de ciências políticas da Universidade Insper, Carlos Melo.

“Ele falhou em formar um partido, ele falhou em tornar seus candidatos mais fortes”, avaliou o cientista político. “Era quase como se ele ignorasse essas eleições, mas elas deram muita força aos partidos com os quais ele terá que falar no Congresso. Ele é um presidente mais fraco por causa dessas derrotas”, concluiu. A agência destacou ainda que Bolsonaro se recusou a falar sobre o fraco desempenho de seus candidatos, depois de ter votado na capital carioca.

PT

Flávio Dino parabeniza os 217 prefeitos eleitos e manda recado sobre 2022

30-11-2020 Segunda-feira

O governador Flávio Dino divulgou mensagem aos 217 prefeitos e prefeitas eleitos do Maranhão, sem citar nomes. Com ar de descontração e falando com a segurança de sempre, Flávio Dino mandou três recados muito claros, dois de natureza institucional, e outro de tom político. O primeiro: não diferencia o prefeito de São Luís do de Pedro de Rosário, declarando que todos terão portas abertas no Governo, que está pronto para ouvir e ajudar no que for possível. O segundo: a chave da boa gestão está na honestidade, enfatizando que, com boas ideias, poucos recursos podem render bons resultados. E o terceiro, de teor político, ao declarar, enfaticamente, que ele “e o vice-governador Carlos Brandão, estamos à disposição para ouvir a todos”, um recado direto ao senador Weverton Rocha (PDT) de que o palácio dos Leões já fez sua escolha para 2022. Segue a íntegra da mensagem:

“Dirijo essa mensagem inicialmente a todos e todas que foram candidatos e candidatas nessas eleições. Parabéns. Vocês contribuíram para que tenhamos um país melhor. Ao colocarem seus nomes ao julgamento popular, vocês fortaleceram a base da nossa democracia. Eleições livres e periódicas.

Cumprimento especialmente os que se elegerem nas 217 cidades do Maranhão. Desejo que consigam colocar boas ideias em prática, sempre lutando pelos interesses coletivos. Todos e todas podem contar com o Governo do Maranhão. Nesses seis anos, apesar de tantas crises, já executamos milhares de obras. Ampliamos serviços públicos e marcamos presença em todas as cidades do nosso estado.

Eu, o vice-governador Carlos Brandão, secretários de Estado, presidentes de órgãos públicos, estamos à disposição para ouvir a todos, e atender no que for possível. 2021 será um ano muito difícil para o Brasil. Porém, unidos, trabalhando em convergência, podemos fazer mais. Queremos fazer parcerias, acordos convênios, para somar esforços, notadamente na temática social, que é o principal foco do nosso Governo.

Nesses dois anos que ainda temos muito trabalho à frente do Governo do Estado. Até a próxima eleição estadual, podemos fazer muito. Com honestidade, escolha de prioridades justas, o dinheiro público, mesmo que escasso, gera extraordinários resultados. Desejo sorte e sucesso aos eleitos e às eleitas.

Que tenham muita fé em Deus e vontade de servir à população”.

São Luís, 30 de Novembro de 2020.

Por Ribamar Corrêa

Moro vira sócio-diretor de consultoria dos EUA que atua na recuperação judicial da Odebrecht

30-11-2020 Segunda-feira

“Precisa desenhar?”, perguntou o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), apontando a escandalosa promiscuidade. “Não é advocacia, nem atuarei em casos de potencial conflito de interesses”, tentou justificar Moro em sua conta do twitter. A afirmação é desmentida no comunicado oficial da própria empresa

O ex-ministro da Justiça Sergio Moro é um dos novos diretores da consultoria norte-americana Alvarez & Marsal, segundo anunciou a empresa no domingo (29). A empresa atua como administradora judicial da Odebrecht, empreiteira investigada pela Lava Jato. “Não é advocacia, nem atuarei em casos de potencial conflito de interesses”, tentou justificar Moro, em sua conta oficial do twitter. “Precisa desenhar?”, perguntou o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), apontando a escandalosa promiscuidade.

A explicação de Moro, no entanto, foi desmentida no comunicado oficial da própria empresa da qual ele passa a ser sócio. “Consultoria global de gestão de empresas, a Alvarez & Marsal (A&M) anuncia a chegada de Sérgio Fernando Moro como sócio-diretor, com sede em São Paulo, para atuar na área de Disputas e Investigações”, diz a nota.

A consultoria afirma ainda que “a contratação de Moro está alinhada com o compromisso estratégico da A&M em desenvolver soluções para as complexas questões de disputas e investigações, oferecendo aos clientes da consultoria e seus próprios consultores a expertise de um ex-funcionário do governo brasileiro”. Nada mais promíscuo no mercado do que contratar um agente público, ex-juiz federal, para mostrar o caminho das pedras no enfrentamento de empresas com a Justiça brasileira.

A estratégia do ex-juiz federal, que ganhou fama posando de capa preta implacável contra a corrupção, foi criticada por poucos jornalistas da grande mídia brasileira. “Moro, o ex-juiz da Lava Jato, cujo trabalho provocou os sortilégios que provocou nas empresas, na economia e na política é agora sócio-diretor da empresa encarregada de cuidar da recuperação judicial da empreiteira que a força-tarefa ajudou a quebrar”, advertiu o jornalista Reinaldo Azevedo, em sua coluna publicada no UOL, nesta segunda-feira (30).

Moro tem ótimos serviços prestados aos Estados Unidos. Além de quebrar as empresas de infraestrutura nacional, ainda tirou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da corrida presidencial em 2018, beneficiando diretamente Jair Bolsonaro, o líder da extrema-direita nacional em sua ascensão à Presidência da República. Condenou e julgou Lula manipulando o sistema judiciário, combinando o jogo com procuradores da República. Por fim, prendeu o ex-presidente e entrou para a política oficialmente. Em troca, o ex-juiz virou ministro da Justiça e fez vista grossa para as operações suspeitas de corrupção do filho Flávio Bolsonaro. Acabou deixando o governo, depois de um desentendimento com o presidente.

Traição nacional a serviço de interesses externos

operação Lava Jato é responsável pela falência de um dos setores fundamentais da economia brasileira por várias décadas. Historicamente, as empresasbrasileiras de infraestrutura responderam por metade da formação bruta de capital fixo do país – indicador que mede a capacidade produtiva nacional. Entre 2014 e 2017, com a ação da Lava Jato, o setor foi destroçado, registrando um saldo negativo entre contratações e demissões de 991.734 vagas formais (com preponderância na região Sudeste).

As empreiteiras brasileiras ocupavam 2,5% do mercado mundial do setor, e a Odebrecht estava presente em dezenas de países, em praticamente todos os continentes, e vinha vencendo concorrências internacionais, inclusive nos Estados Unidos. Em 2014, a empresa tinha um faturamento bruto de R$ 107 bilhões, com 168 mil funcionários e operações em 27 países. Três anos depois, em consequência do ataque aberto pelos procuradores Deltan Dallagnol e outros integrantes da força-tarefa da Lava Jato, seu faturamento caiu a R$ 82 bilhões, com 58 mil funcionários e atividades apenas em 14 países.

A contratação de Sergio Moro fecha o ciclo de uma prática comum de atuação dos interesses econômicos e geopolíticos dos Estado Unidos no mundo. Exemplo disso ocorreu no Iraque, quando após a Segunda Guerra do Golfo, as empresas norte-americanas passaram a operar as grandes obras do país. Em 1º de agosto de 2019, um acordo entre o governo Jair Bolsonaro e o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, abriu o mercado nacional para as empresas estrangeiras.

PT

Apoiados por Bolsonaro, 11 candidatos saíram derrotados

30-11-2020 Segunda-feira

Apenas dois prefeitos de cidades médias conseguiram ser eleitos pelo presidente. Capitais e grandes centros refletiram a desaprovação do governo federal.

As eleições municipais de 2020 refletiram a desaprovação do governo Bolsonaro nos grandes centros urbanos, freando um avanço evidente em 2018 entre este eleitorado. Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza, não conseguiu se eleger e Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio, foi a derrota mais fragorosa de um bolsonarista de primeira ordem. No primeiro turno, a derrota ainda mais humilhante de Celso Russomanno (Republicanos), caindo da liderança para o quarto lugar (10%), já acendera o sinal de alerta para o bolsonarismo.

O presidente manifestou apoio a 13 candidatos a prefeituras em ‘lives’ na internet. Ao todo, 11 não se elegeram; só dois foram eleitos em cidades médias do interior do país. Mas muitos outros se declararam ou se identificavam com o governo de Bolsonaro e também foram derrotados. A tendência representa uma inversão e um desgaste do bolsonarismo em grandes centros onde teve ampla vantagem em 2018.

Bolsonaro chegou a vencer em cinco capitais nordestinas naquele ano – Maceió (AL), João Pessoa (PB), Recife (PE), Natal (RN) e Aracaju (SE) – estremecendo o domínio petista na região.

Agora, tanto os prefeitos opositores de Bolsonaro, quanto os mandatos que ocuparão cadeiras nas Câmaras Municipais, prometem resistência à extrema direita em 2022.

Para além do freio ao conservadorismo cristão, em 13 capitais, representantes LGBT, feministas e do movimento negro – alguns com “mandatos coletivos” – ficaram entre os vereadores mais votados. Ao todo, 25 transexuais e travestis foram eleitos vereadores em todas as regiões do País, a maioria de partidos de esquerda, num fenômeno 212% maior que outros anos.

Foram poucos os candidatos a vereador privilegiados com o apoio aberto de Bolsonaro. Dos 45 candidatos abertamente recomendados por Bolsonaro, apenas dez se elegeram. Outro indício lamentável para o presidente, considerando que este tipo de “apoio de luxo” costuma ser determinante para a eleição de vereadores.

Bolsonaro conseguiu eleger dois aliados em cidades médias: Gustavo Nunes (PSL) em Ipatinga (MG) e Mão Santa (DEM), em Parnaíba (PI). O interior do país tem sido um reduto político do presidente, com propaganda política ostensiva favorável a ele em painéis e comitês espalhados pelas estradas adentro, além de adesivos em carros. Assim como nos EUA, 2022 promete ser uma disputa entre o eleitorado de grandes centros urbanos e o interiorzão mais conservador e religioso do Brasil.

VEJA CANDIDATOS (AS) QUE ASSOCIARAM SUA IMAGEM A BOLSONARO DURANTE A CAMPANHA MUNICIPAL DE 2020:

Em Manaus, Bolsonaro simpatizava com dois candidatos no primeiro turno que foram derrotados. Pelo menos três derrotados (Belém, Cuiabá e Goiânia) não foram abertamente apoiados, mas usavam Bolsonaro como cabo eleitoral durante a campanha. (Infográfico elaborado por Cezar Xavier)

Apoio dentro da estrutura de governo

Bolsonaro entrou na campanha de seis candidatos a prefeito de capital, sendo que apenas dois nomes avançaram ao segundo turno. Quatro foram derrotados já no primeiro: no Recife (Delegada Patrícia, Podemos), Manaus (Coronel Menezes, Patriota), Belo Horizonte (Bruno Engler, PRTB) e São Paulo (Celso Russomanno, Republicanos) e dois saíram derrotados neste domingo (29)

Na reta final da campanha eleitoral, Bolsonaro fez “lives” no Palácio da Alvorada para pedir votos para 13 candidatos a prefeito, além de candidatos a vereador. A medida é polêmica por promover campanha direcionada a nomes específicos com uso da estrutura de governo.

Outro problema das “lives” foi a recusa dos privilegiados apoiados pelo presidente renegarem o apoio. Em Fortaleza, por exemplo, Wagner escondeu o apoio, devido à péssima avaliação do governo Bolsonaro entre os cearenses. Assim como ele, outros simpatizantes do bolsonarismo e da extrema direita evitaram associar suas campanhas ao presidente, embora se saiba de suas opiniões a respeito.

Vereadores

Dos 45 vereadores apoiados em 27 cidades, dez se elegeram, 35 ficaram de fora, sendo que 31 conseguiram suplência (caso algum eleito tenha que deixar o mandato).

Entre os não eleitos, está a Wal do Açaí (Republicanos), candidata a vereadora por Angra dos Reis (RJ). Em 2018, ela foi apontada como funcionária fantasma ligada ao gabinete de Bolsonaro quando ele era deputado no Rio de Janeiro. Wal disputou a eleição como ‘Wal Bolsonaro’, mas recebeu apenas 266 votos.

Entre os eleitos, está Carlos Bolsonaro (Republicanos), que conquistou uma vaga na Câmara Municipal do Rio de Janeiro com 71 mil votos, bem menos votos que em sua eleição anterior. O candidato mais votado em todo o país foi Eduardo Suplicy (PT), com 167 mil votos.

Por Cezar Xavier

Guilherme Boulos e Luiza Erundina mostraram que existe esperança em SP

30-11-2020 Segunda-feira

Em uma campanha eleitoral que fez história neste 2020 atípico por causa da pandemia sem precedentes da Covid-19, Guilherme Boulos e Luiza Erundina chegaram no segundo turno e enfrentaram, com criatividade e mobilização popular, as máquinas eleitorais que há tanto tempo decidem os rumos de São Paulo. A campanha de Boulos e Erundina fez história com criatividade, mobilização e a retomada da esperança na maior metrópole da América Latina.

Uma série de iniciativas durante a campanha foram essenciais para retomar a esperança entre o povo paulistano, como o “Delivery de Boulos”, uma parceria com Paulo Gallo e outros entregadores antifascistas que voluntariamente entregaram materiais de campanha na casa de apoiadores que para criar “comitês domésticos” para divulgar e enraizar a chapa do PSOL.

Guilherme Boulos foi às ruas com o Se Vira nos 50, momento em que ele ouvia perguntas da população que passava na rua e respondia em apenas 50 segundos de forma direta. Um “papo reto” e olho no olho com a população que fez a diferença. Outra iniciativa da campanha foi a Virada com Boulos, uma live nas redes sociais que acompanhou todos os passos do candidato durante 24 horas seguidas.

A vice Luiza Erundina, mesmo com 86 anos de idade e no grupo de risco da Covid-19, foi parte ativa e atuante da campanha com seu “cata-voto”, onde rodou a periferia de São Paulo com proteção para semear a esperança nos quatro cantos da cidade.

UNIDADE QUE FEZ HISTÓRIA

Após o término do 1º turno, em que Guilherme Boulos foi confirmado como o concorrente contra o atual prefeito Bruno Covas, uma série de apoios foi declarada logo em seguida. Na Frente Democrática que disputou o 2º turno estiveram, além de PSOL, PCB e UP – que estavam na coligação Pra Virar o Jogo desde o 1º turno -, PT, PCdoB, PDT, Rede e PSB também declararam apoio à candidatura de Boulos e Erundina.

Os candidatos Jilmar Tatto (PT), Orlando Silva (PCdoB) e Marina Helou (Rede), que disputaram de forma leal o primeiro turno, foram fundamentais neste segundo turno para enfrentar a máquina tucana em São Paulo. Figuras nacionais dos partidos que apoiaram, como Ciro Gomes (PDT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Marina Silva (Rede) e Flávio Dino (PCdoB) estiveram também na campanha que mobilizou corações e mentes pelo Brasil inteiro.

APOIOS DE PESO

Entre os apoiadores da campanha de Guilherme Boulos e Luiza Erundina estiveram os músicos Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Gadu, Teresa Cristina, Criolo, Emicida, Tom Zé, Zélia Duncan e José Miguel Wisnik, os atores Wagner Moura, Camila Pitanga, Marieta Severo, Sônia Braga e Maria Fernanda Cândido, os cineastas Fernando Meirelles e Petra Costa, além da ilustradora Laerte Coutinho.

Também apoiaram a campanha os escritores Luís Fernando Veríssimo e Ferréz, o fotógrafo Bob Wolfenson, o antropólogo e especialista em segurança pública Luiz Eduardo Soares, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, o filósofo Vladimir Safatle, os advogados Celso Antonio Bandeira de Melo e Walfrido Warde, assim como o economista Eduardo Moreira, criador da campanha de oposição ao governo Bolsonaro, chamada de Somos 70%.

Ex-integrantes da gestão popular de Luiza Erundina à frente da Prefeitura de São Paulo também foram ativos na campanha, como é o caso de Marilena Chauí, que foi Secretária de Cultura na gestão de Erundina, e de Raquel Rolnik, urbanista e professora universitária que foi responsável por coordenar o projeto do Plano Diretor na gestão da ex-prefeita.

A Economia Anticapitalista dos Franciscos e das Claras

30-11-2020 Segunda-feira

“Não há como propor outro modelo econômico sem refutar a lógica antropocêntrica que atribui valor à natureza na medida que a mesma se ordena ao ser humano. Um sistema econômico sustentável exige uma reforma ecotribuitária”, escrevem Marina Oliveira e Guilherme Cavalli, em artigo

Por Marina Oliveira e Guilherme Cavalli

Em maio de 2019, Papa Francisco convidou jovens de todas as partes do planeta para participarem do Encontro da Economia de Francisco [e Clara]. Na convocatória, reforçou a importância da construção de um projeto popular de Igreja e de sociedade. Francisco propõe discutir uma nova proposta de modelo econômico que coloque a vida no centro – e não se resume à vida humana. Afirmou na carta que propôs o evento a urgência de “uma economia diferente, que faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida da criação e não a depreda”. No encerramento do encontro, que ocorreu online, o pontífice apontou a urgente necessidade de mudança.

Ao convidar jovens de diferentes lugares, áreas de conhecimento e setores para conduzir as discussões, a igreja sinodal indica que a “Economia” não deve ser tratada como assunto distante da realidade das pessoas por que em sua origem trata da “norma da casa”. Logo, diz respeito unicamente a como as pessoas sobrevivem, produzem, distribuem riquezas – ou não distribuem. Francisco enfatiza que a agenda econômica deve ser assunto pensado, debatido, questionado e construído por todas e todos, sem qualquer tipo de exclusão. O que propõe é a “economia real”, que tem o bem comum no centro de um modelo de desenvolvimento que beneficia “gente comum”. “[…] na vida econômica e social se devem respeitar e promover a dignidade e a vocação integral da pessoa humana e o bem de toda a sociedade (GS 63).“Não somos coagidos a continuar admitindo e tolerando silenciosamente com nossas práticas “que uns se sentem mais humanos que outros, como se tivessem nascido com maiores direitos” [12] ou privilégios para o gozo garantido de certos recursos e serviços fundamentais [13]”, asseverou Francisco no discurso final do encontro Economia de Francisco e Clara.

São constantes as contribuições do Francisco de Roma ao mundo, extrapolando os fiéis como os únicos interlocutores. Quando o assunto é o sistema econômico e financeiro, o “Papa do fim do mundo” lança o chamado de ir além da pandemia causada pela covid-19, preocupando-se também em curar outros grandes vírus, como a injustiça social, a desigualdade de oportunidade e a marginalização dos mais pobres. O bispo de Roma proferiu numerosas críticas sobre uma economia onde reina “a ambição desenfreada pelo dinheiro”, descrita por ele como “o fertilizante do diabo”. Uma das críticas diz respeito ao “fio invisível” que guia todas as múltiplas exclusões e injustiças, norteados por um “sistema que impõe a lógica do lucro a todo custo, sem pensar na exclusão social ou na destruição da natureza”. O mito de que a liberdade do mercado promoverá a segurança e estabilidade é desvelado hoje pela pandemia, que obrigou a humanidade a pensar em coletivo, mais do que em benefícios de alguns. Se a sociedade se rege primariamente pelos critérios da liberdade do mercado e da eficiência, não há lugar para os pobres e a fraternidade será uma expressão romântica (cf. FT 33 e 109).

“O presente momento clama para uma mudança profunda” – Papa Francisco

Os ensinamentos do sucessor de Pedro, que hoje chama as juventudes ao protagonismo e à radicalidade para mudança, apontam para a necessidade urgente de repensar as práticas econômicas capitalistas, raiz das injustiças e das violações dos direitos humanos e da natureza. “Uma reforma financeira que tivesse em conta a ética, exigiria uma vigorosa mudança de atitudes por parte dos dirigentes políticos. […] O dinheiro deve servir, e não governar!” (EG 58). O presente momento clama para uma mudança profunda que refute os atuais modelos de produção baseado predominantemente na exploração do meio ambiente para a concentração de renda, em culto ao privado: “a tradição cristã nunca reconheceu como absoluto ou intocável o direito à propriedade privada e sublinho a função social de qualquer forma de propriedade privada” (FT 120).

O sistema econômico em vigência [o capitalismo] é sustentado por atores muitas vezes com interesses estrangeiros e legitimadores de práticas coloniais seculares, que, por sua vez, fragilizam democracias frente aos poderes econômicos transnacionais que aplicam o “divide e reinarás” (cf FT 12). E porque dividem, são diabólicos. Ao se clamar por uma economia de Francisco e Clara, é impreterível organizar as economias para a redistribuição dos recursos naturais, da riqueza e da renda, com critérios de equidade, assim como a democratização do acesso a recursos econômicos, como, por exemplo, o crédito. A democratização do acesso ao crédito, por exemplo, é elemento basilar para a implementação e fortalecimento de alternativas econômicas, ou seja, de economias solidárias, que incluem cooperativas e economias comunitárias, autogeridas e públicas (Coraggio, 201).

É fato constatado que o capital financeiro não se preocupa em impulsionar atividades produtivas. Pelo contrário, por sua lógica interna se encarrega de promover lucros por meio da especulação, simplesmente para garantir sua busca interminável de acumulação do capital (HARVEY, 2014). Os territórios e as populações mais impactadas pelas manobras de desvalorização e de especulação são aquelas já em situação de maior vulnerabilidade social. A proposta franciscoclareana não titubeia: as finanças devem apoiar o aparato produtivo, e não mais ser instrumento de acumulação e concentração de riquezas. No discurso de encerramento, o Francisco de Roma apontou a insuficiência de “modelos econômicos que se concentram no lucro como padrão de medição e na busca de políticas públicas relacionadas que ignoram os custos humanos, sociais e ambientais do lucro [11]”.

Uma economia de toda a criação

Críticas ao modelo econômico de desenvolvimento predatório e ecocida estão presentes em inúmeras homilias e nas exortações escritas por Francisco, de forma detalhada na encíclica Fratelli Tutti. Diante da crise sócio-ambiental instaurada por essas práticas econômicas, Francisco convida a Igreja e a humanidade a se opor a modelos econômicos que prejudicam gravemente a vida. “[…] É necessário buscar modelos econômicos alternativos, mais sustentáveis, amigáveis com a natureza, com um sólido “sustento espiritual”, aponta o Documento Final do Sínodo da Amazônia. A exortação “Querida Amazônia”, escrita por Francisco como fruto da jornada sinodal, aponta novamente a urgência de uma revolucionária conversão ecológica. Recuperar a complementaridade entre ecologia e economia é desafio assumido por Francisco desde a Laudato Si, que comemorou recentemente cinco anos de sua publicação, e de modo ainda mais explícito na Fratelli Tutti.

Para a conversão ecológica, o imperativo capitalista, verdadeiro dogma de crescimento ilimitado e absoluto – com todas as suas violências classistas, machistas, racistas e imperiais – deve ser posto em xeque. Chama a atenção como esse modelo econômico que gera a morte busca se aproximar de Igrejas, Universidades, e inclusive domesticar a profecia dos Franciscos e das Claras para limpar a imagem de corporações e maquiar as violências que causam a comunidades, aos povos e à Pachamama. “Estamos falando de uma conversão e transformação de nossas prioridades e do lugar do outro em nossas políticas e na ordem social”, disse Francisco, “ou de convidar os jovens a “viver sem medo os conflitos e as encruzilhadas da história para ungi-los com o aroma das bem-aventuranças”.

Caminhada do papa Francisco com os povos no início do Sínodo da Amazônia, em 2019. Crédito da foto: Guilherme Cavalli

“Querida Amazônia” denuncia a depreciação de “projetos econômicos de extração, energia, extração de madeira e outras indústrias que destroem e poluem” (cf. QA 49), que ignoram o impacto ambiental causado por suas atividades. São braços do sistema econômico vinculado a uma lógica ocidental fragmentada, que se orienta pela dominação da natureza e se sustenta pela modernidade racionalista. O modelo capitalista vigente habilmente se reinventa em suas crises desde uma ideia de que o meio ambiente, o social das relações históricas de povos e comunidades podem ser explorados e mercantilizados numa visão reducionista da natureza como fonte da economia extrativista. Por isso, não é suficiente apenas desacelerar a roda viva do capitalismo, que mói gente e natureza. É urgente que se freie e pare a roda. Faz-se necessária outra economia para outra civilização.

“Novos motores” da economia devem girar em torno da solidariedade, da reciprocidade, da complementaridade, das harmonias e da relacionalidade.

Os rendimentos dos bancos e do sistema financeiro, não podem ser a finalidade das economias. “A salvação dos bancos a todo o custo, fazendo pagar o preço à população, sem a firme decisão de rever e reformar o sistema inteiro, reafirma um domínio absoluto da finança que não tem futuro e só poderá gerar novas crises depois duma longa, custosa e aparente cura (LS 189). É urgente que se refute, desde a solidariedade humana, os princípios do capitalismo. E isso não se faz a partir do próprio capitalismo, mas o colocando em xeque. O que se percebe, mesmo em eventos que se propõem alternativas, são maquiagens, como “economia verde”, “empreendedorismo social”, “ecocapitalismo” e “responsabilidade socioambiental”, que no fundo são habilidades camaleônicas do capital em se utilizar das crises para reinventar-se. Trata-se de conceitos, na maioria das vezes, cunhados e/ou defendidos por capitalistas a fim de garantir a redução de seus impactos mortíferos, objetivando, em última instância, a manutenção do status quo.

Há de nascer, da Economia de Francisco e Clara, uma economia da solidariedade, proposta pelos movimentos sociais e populares, que tem em sua radical prioridade a vida de todos, em contraposição à apropriação dos bens comuns por parte de alguns. Para isso, é necessário combater as causas estruturais da pobreza, da desigualdade, da falta de trabalho, de terra e de moradia, enfrentando os destruidores efeitos do império do dinheiro (cf FT 116). No discurso final do Economia de Francisco e Clara, o papa adverte: “Só os sistemas de crédito são um caminho para a pobreza e a dependência. Esta legítima exigência exige a criação e o apoio de um modelo de solidariedade internacional que reconheça e respeite a interdependência entre as nações e favoreça mecanismos de controle capazes de evitar todo tipo de sujeição, bem como de assegurar a promoção, especialmente dos países submersos e emergentes; cada povo é chamado a se tornar o arquiteto de seu próprio destino e do mundo inteiro [21]”.

Uma economia pós-extrativista
Nas últimas décadas, especialmente desde as reformas neoliberais aplicadas em vários países do sul global sob governos autoritários orientados pelo imperialismo norte-americano, a América Latina tornou-se o centro da expansão da mineração transnacional. Esta expansão, considerada por governos e setores econômicos como o motor do desenvolvimento dos países, contrasta fortemente com os impactos sociais, ambientais, culturais e econômicos impostos às comunidades e aos povos que habitam os territórios onde operam estes empreendimentos. O modelo extrativista é uma modalidade de produção econômica que significa maior dependência do mercado mundial, maior destruição das bases vitais ecológicas, externalização dos gastos sociais e ecológicos e um crescente desprezo aos direitos das minorias sociais e políticas (Gudynas, 2012; Lander, 2012, Svampa, 2012).

“O mercado sozinho não resolve tudo como nos querem fazer crer no dogma de fé neoliberal” – Papa Francisco

O desenvolvimento não deve se orientar para a acumulação crescente de poucos. Por outro lado, deve assegurar os direitos humanos, pessoais e sociais, econômicos e políticos, incluindo os direitos das nações, dos povos e da natureza: “enquanto o nosso sistema econômico produza uma só vítima e exista uma só pessoa descartada, não haverá uma festa de fraternidade universal” (cf FT 110). Em outras palavras, os lucros de alguns e a liberdade do mercado não podem estar acima dos direitos dos povos, nem da dignidade dos pobres, tão pouco acima do respeito ao meio ambiente (cf FT 122).Enfaticamente afirma na Fratelli Tutti: “O mercado sozinho não resolve tudo como nos querem fazer crer no dogma de fé neoliberal; trata-se de um pensamento pobre, repetitivo que propõe sempre as mesmas receitas para qualquer desafio que se apresente; o neoliberalismo se reproduz a si mesmo como o único caminho para resolver os problemas sociais (n.168). A globalização nos fez mais próximos mas não mais irmãos (n.12). Cria apenas sócios mas não irmãos” (n.101).

Os impactos da economia extrativista se refletem em centenas de conflitos socioambientais, especialmente nos continentes (latino)americano e africano. O papa latino-americano conhece as “veias abertas” do seu continente de origem, saqueado desde sua invasão. As histórias de ontem e hoje relatam violações dos direitos humanos, assassinatos e criminalização de defensores da terra, destruição de ecossistemas, deslocamento de pessoas, obstáculos de acesso à água, destruição das economias locais, corrupção, deterioração das democracias, etc.

Francisco de Roma nomeia como “injustiça e crime” as operações econômicas que prejudicam o meio ambiente, que não respeitam o direito dos povos nativos e seus territórios, assim como sua autodeterminação (cf. 14 QA). “Quando algumas empresas sedentas de lucros fáceis se apropriam da terra, mesmo privatizando sua própria água potável, ou quando as autoridades deixam suas mãos livres para madeireiros, projetos de mineração ou petróleo e outras atividades que devastam as florestas e poluem o meio ambiente, elas transformam indevidamente as relações econômicas e se tornam um instrumento que mata” (QA 14).

As perspectivas para os continentes (latino) americano e africano são de aprofundamento e ampliação deste modelo de extração para áreas antes protegidas, como reservas e parques naturais, assim como territórios indígenas. Esta é mais uma estratégia utilizada pelos setores econômicos, conhecida como “acumulação por espoliação”. Isto é, para compensar declínios econômicos, os capitalistas se apropriam de territórios onde a força de trabalho e os recursos naturais tenham um custo inferior (HARVEY, 2014). Isso acontece por meio de saques de recursos naturais de países periféricos, por meio da espoliação de saberes, da privatização, da expulsão das populações de seus territórios, da escravização de povos, entre outros (HARVEY, 2004).

Todas essas violações de direitos são acompanhadas por uma deterioração das políticas de proteção ambientais, que preferem relativizar as advertências emitidas pela natureza e que direcionam para um desequilíbrio socioambiental causado pelo atual modelo econômico. Que responsabilidade a humanidade atual tem para com as gerações futuras? “Já não se pode falar de desenvolvimento sustentável sem uma solidariedade intergeneracional” (LS 159).Sínodo da Amazônia: Contra o roubo, devastação e invasão das Terras Indígenas. Foto: Guilherme Cavalli/Cimi

Sínodo da Amazônia: Contra o roubo, devastação e invasão das Terras Indígenas. Foto: Guilherme Cavalli/Cimi

Na encíclica Laudato Si’, Francisco lembra o beato Paulo VI, que já em 1971 apresentou o problema ecológico como uma crise causada pela atividade descontrolada do ser humano através de “uma exploração irrefletida da natureza pelo próprio homem”, que carrega consigo o perigo de autodestruição. Todavia, em 40 anos desde o pontificado de Paulo VI, o atual sistema econômico se tornou ainda mais feroz e desigual. Inclusive, se inaugurou o antropoceno e o necroceno, onde o ser humano e o sistema predominante são o grande projeto de morte de pessoas humanas e de milhares de organismos vivos. Se chegará a um limite e a um ponto absoluto de saturação, que em termos de consumo, ocorreria em 2030. A natureza vítima dos impactos socioambientais causados pelo capitalismo exige uma “abordagem integral” e interligada para propor novas alternativas econômicas que combatam as desigualdades sociais que vêm sendo retroalimentadas ao longo das últimas décadas.

Uma análise da economia predominante na América Latina mostra o crescimento de territórios isolados economicamente, uma vez que a indústria extrativista não permite uma diversidade econômica sustentada por uma diversificação produtiva. Países tornaram-se territórios primários-exportadores com uma desterritorialização da economia. O capitalismo captura o Estado com a “desterritorialização do próprio Estado”, que passa a conceder direitos territoriais e sociais de comunidades e populações a multinacionais.

Desde os territórios, com iniciativas locais que brotam nas comunidades, há que se modificar a visão equivocada de que as necessidades de consumo são infinitas, rompendo com a cultura do descarte. Para isso, é necessário descolonizar o imaginário que sustenta nas entranhas mais profundas do desejo humano pelo consumo desenfreado. Logo, descolonizados os comportamentos de consumo e de produção, diminui-se a carga de domínio sobre a Mãe Terra. Refunda-se a sociedade pela reinvenção do próprio ser humano. Nega-se o eixo fundamental do paradigma atual, que é o domínio da vida, da natureza e do outro. Germina assim, desde as comunidades, bairros e pequenas cidades, um projeto de fraternidade universal, com propostas de novas democracias participativas, amparadas pela defesa da justiça social, sem a qual não existe paz.

Um sistema econômico sustentável exige uma reforma ecotributária

Não há como propor outro modelo econômico sem refutar a lógica antropocêntrica que atribui valor à natureza na medida que a mesma se ordena ao ser humano, numa violência da tecnociência. Um sistema econômico sustentável exige uma reforma ecotributária, estabelecendo limites para o consumo de recursos naturais e para as emissões de gases estufa de efeito estufa. A partir disso, tratam-se caminhos para a redução do consumismo e das desigualdades, buscando o fortalecimento das capacidades e do capital social das pessoas, na medida em que auxilia os países do Sul na transformação e diversificação de suas matrizes econômicas (Jakson, 2009; Muraca, 2013a).

Um outro mundo já não é apenas possível, se não necessário. As alternativas econômicas ao capitalismo monopolista e neoliberal – hegemonizado pelas finanças – não será obra do grande capital. São os povos, as mulheres, as comunidades, os trabalhadores através das suas organizações sociais, que construirão – no presente e no futuro – as condições de superação desse modelo e de avanço para uma economia anti-neoliberal e pós-capitalista.

Para isso, será preciso enfrentar o debate macroeconômico e compreender que não dá mais para subestimar o papel do Estado como uma estrutura fundamental para a promoção do equilíbrio entre igualdade na diversidade. Isso fica evidente ao perceber que a desigualdade social se agrava na medida em que os Estados são enfraquecidos, até serem plenamente capturados pelo poder absoluto do dinheiro, degradando o sentido da democracia, do bem-estar social e do bem comum.

Papa Francisco aponta para um outro mundo que começa a surgir com movimentos juvenis que impulsionam um projeto multifacetado e que pretende mobilizar apoio para uma mudança de rumos, tanto no nível macro das instituições econômicas e políticas, quanto no nível micro dos valores e das aspirações individuais (Kallis, 2011). É o mundo da economia, da política, da saúde e da educação de Francisco e Clara.

Uma economia do amor
Importa, no fim, ressaltar que a inauguração de uma nova economia supõe a mudança de paradigma civilizatório dentro do qual ela se realiza. O Papa na Fratelli Tutti reconhece que “atualmente não há um projeto comum para a humanidade” (n.18). Por isso uma advertência severa perpassa esta nova encíclica social: “estamos na mesma barca… ninguém se salva sozinho, que só é possível salvar-nos juntos” (n.32).

Face a este risco real, o Papa Francisco apresenta uma alternativa salvadora: “um novo sonho de fraternidade e de amizade social” (FT n.6). Devemos compreender bem esta alternativa. Viemos e estamos ainda sob um paradigma que está na base da modernidade e do capitalismo. É o reino do dominus: o ser humano como senhor e dono da natureza e da Terra. Estas só possuem sentido na medida em que se ordenam a ele. É um explícito antropocentrismo, criticado na Laudato Si’. Esse paradigma mudou a face da Terra, trouxe muitas vantagens como o antibiótico e todos os meios de comunicação, mas também criou um princípio de autodestruição com armas químicas, biológicas e nucleares que podem destruir a vida por várias formas diferentes. Face a este paradigma ameaçador do dominus, senhor e dono, o Papa contrapõe o frater, o irmão e a irmã. Ele não se sente fora e acima da natureza, mas dentro dela como irmão e irmã, no sentido de São Francisco de Assis, que chamava a todos os seres com o doce nome de irmãos e irmãs, visão retomada explicitamente pela Fratelli Tutti.

Religiosos e leigos, indígenas e lideranças de comunidades tradicionais durante caminhada ao lado de Francisco, no Vaticano. Crédito da foto: Guilherme Cavalli/Cimi

Nessa viragem do “senhor e dono” da natureza e da Terra para “o irmão e irmã” de todos (Fratelli Tutti) está a salvação de a esperança de um futuro bom para a nossa vida na Casa Comum. A nova economia de Francisco e Clara se inscreve dentro deste quadro, sem o qual ela perde seu fundamento e corre o risco de ser capturada pelo gênio do capitalismo que tudo assume, ressignifica e segue seu curso de exploração e de desumanização.

O Papa se dá conta do inusitado desta proposta paradigmática ao reconhecer: “parece uma utopia ingênua, mas não podemos renunciar a este sublime objetivo” (n.190). Por que faz semelhante confissão? Por que não temos onde buscar novos valores e princípios que inaugurem um novo paradigma de civilização e, consequentemente, uma nova economia. A fonte onde o Papa vai beber as razões de sua proposta se encontram no próprio ser humano. Os valores ausentes no sistema imperante ou que eram vividos de forma individualista e subjetivista, ele os universaliza e generaliza. Neles está a base do novo que deve surgir.

Assim, é o amor que deixa de ser uma experiência somente entre dois seres que mutuamente se atraem, para emergir como amor social. É a amizade que ganha uma expressão social, “pois não exclui ninguém” (n.94) é a fraternidade entre todos os humanos, sem fronteiras, incluindo, no espírito de São Francisco de Assis, os demais seres da natureza; é a cooperação aberta a todos os países e a todas as culturas; é o cuidado, começando por cada um (n.117) e expandindo-se para tudo que existe e vive; é a justiça social, base da paz, é a compaixão para os caídos nos caminhos. Todo esse mundo de excelências está presente no ser humano. Sobre esta base irá se construir a nova civilização.

Esse desafio é proposto pelo Papa Francisco aos jovens do mundo inteiro: o de serem os “poetas” do novo, os protagonistas da nova civilização com sua correspondente economia. Ou comecemos agora ou não teremos o tempo suficiente e poderemos percorrer um caminho sem retorno. Agora tudo se joga. Daí a premência do Papa Francisco ao alertar que vivemos uma emergência planetária e que o sistema-vida e o sistema-Terra estão sob risco. Mas alimenta a esperança naquele “Deus que é o apaixonado amante da vida” (Sabedoria 11,26: LS 77, 89). Ele não permitirá que nossa vida desapareça assim miseravelmente.

Uma das palavras finais da Laudato Si’ reafirma sua esperança: “Para além do sol: caminhemos cantando: que as nossas lutas e a nossa preocupação por este planeta não nos tirem a alegria da esperança” (LS n.244).

Autores
Marina Oliveira é mestranda em Relações Internacionais pela PUC-Minas e possui graduação na mesma área. Moradora de Brumadinho, atua como Coordenadora de Projetos para as comunidades atingidas pelo rompimento da barragem da Vale S. A., pela Arquidiocese de Belo Horizonte. É membro da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara.

Maranhão tem a 4ª maior alta de empregos em 2020 no Brasil

30-11-2020 Segunda-feira

O Maranhão conseguiu o quarto maior crescimento no saldo de empregos com carteira assinada no Brasil, entre janeiro e outubro deste ano. A alta foi de 3,92%, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. 

Em termos de crescimento proporcional, o Maranhão fica atrás apenas de Acre (4,81%), Pará (4,36%) e Roraima (4,23%). O desempenho maranhense, nos dez primeiros meses do ano, está bem acima da média nacional, que teve variação negativa de 0,44%

No número absoluto de novos empregos, o Maranhão é o sexto melhor do Brasil. O saldo positivo é de 18.820 postos formais no acumulado de 2020.

Em outubro, o Estado criou 5.772 novos empregos. Foi o quinto mês seguido em que o Maranhão teve crescimento de postos com carteira assinada. 

Nordeste

O Maranhão também lidera a criação de empregos no Nordeste no acumulado do ano. O Estado que mais chega perto do Maranhão é o Ceará, com 1.047 novas vagas. Todos os demais têm desempenho negativo entre janeiro e outubro.

No mesmo período, o Nordeste inteiro perdeu 31.823 vagas. Já no Brasil todo, foram 171.139 postos perdidos.

Quarto ano

Este é o quarto ano seguido em que o Maranhão gera novos empregos com carteira assinada. A curva tem subido sem parar desde 2017. Naquele ano, o saldo positivo tinha sido de 1.221 postos formais. Em 2018, subiu para 9.649. Em 2019, foram geradas 10.707 vagas.

Flávio Dino diz que frente ampla é vital para esquerda em 2022

30-11-2020 Segunda-feira

O governador do Maranhão não acredita numa aliança entre os partidos de esquerda com os de centro-direita nas eleições de 2022

Em entrevista ao UOL, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), defendeu mais uma vez a formação de uma frente ampla para enfrentar as eleições de 2022. Ele não acredita numa aliança entre as forças de esquerda com os partidos de centro-direita, que saíram fortalecidos das eleições municipais.

Segundo ele, o recado das urnas revelou que a esquerda não irá se redimir por meio de uma única figura e precisa se unir para chegar ao segundo turno. “Uma aliança eleitoral de partido em 2022, que reúna forças de centro-direita, eu realmente não acredito nisso. Agora, miro o tempo inteiro na chamada frente ampla. Para disputarmos o primeiro turno, não correr o risco de ficar fora do segundo”, defendeu o governador.

O governador frisou que é preciso uma nova ofensiva, numa parceria entre partidos de esquerda. “Então, é preciso analisar que alguns êxitos, não é terra arrasada. Mas continuamos numa ofensiva da direita. A direita foi amplamente vencedora na eleição municipal. Temos que unir do lado daqui para enfrentar essa ofensiva”, disse.

Flávio Dino vota em São Luís, exalta direito ao voto e diz que todos os 217 prefeitos do MA terão o mesmo tratamento

29-11-2020 Domingo

Com camiseta “Lula Livre”, Flávio Dino registra o voto em São Luís

O governador do estado de Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), votou na manhã deste domingo (29) na Escola Doutor Clarindo Santiago, no bairro Olho d’Água. Com camiseta estampada “Lula livre”, o político registrou o momento nas redes sociais e aproveitou para relembrar a luta histórica pela democracia e pelo direito ao voto. 

“É sempre muito importante quando o voto popular se manifesta, é a essência da democracia. Tivemos um resultado eleitoral bastante importante no país até aqui para o nosso campo político, que é o campo político progressista popular, da esquerda. E eu tenho a expectativa de que isso se confirme agora no segundo turno, com várias cidades importantes no Brasil reafirmando o nosso caminho do desenvolvimento com justiça social”, ressaltou o governador em entrevista à Rádio Timbira.

Respondendo à imprensa, Flávio Dino fez questão de enfatizar que “no Maranhão, dos 217 municípios, 180 prefeitos eleitos ou reeleitos são de partidos aliados ao seu grupo político, mas que independente disso, qualquer que seja o resultado deste segundo turno em São Luís, os 217 prefeitos do Maranhão receberão o mesmo tratamento por parte do meu governo: nossa atitude vai ser sempre a mesma, nos termos da lei, parceria, compromissos, com todos.”