Arquivo mensal: outubro 2020

Lula chega aos 75 anos e comemorações ocorrem no Brasil e no exterior

28-10-2020 Quarta-feira

No Brasil, ações nas redes sociais e nas ruas denunciam o governo genocida de Bolsonaro e a perseguição contra o ex-presidente, condenado de maneira injusta e ilegal

Vítima da perseguição política, ex-presidente chega aos 75 anos  nesta terça-feira, 27, sendo homenageado nas principais cidades do país e no exterior. O ‘Lula Day’ denuncia o lawfare e marca luta pela justiça para o mais importante líder político brasileiro dos últimos 50 anos.

Nesta terça-feira, 27 de outubro, militantes da esquerda brasileira e internacional, além dos dirigentes do Partido dos Trabalhadores, promovem no Brasil e no mundo o ‘ Lula Day’, em comemoração ao aniversário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Serão realizadas atividades dentro e fora do Brasil para celebrar a vida e a história de Lula. O dia também marca a luta pela restituição dos direitos políticos de Lula e a defesa de um julgamento justo dos processos ilegais das quais foi vítima.

No Brasil, ativistas estão organizando ações nas redes e nas ruas como oportunidade denunciar a política genocida de Jair Bolsonaro e denunciar a perseguição de Lula, condenado de maneira injusta e ilegal em um processo repleto de ilegalidades cometidas por integrantes do Ministério Público Federal e do ex-juiz Sérgio Moro.

Já no exterior, o Lula Day começou no sábado e contará até terça-feira com atividades organizadas pelos Comitês Lula Livre, núcleos do PT e coletivos variados em 12 países. O evento global teve arte, cultura, debate político e lutas. No mundo e no Brasil a agitação nas redes sociais já começou, com uma campanha de envios de vídeos de felicitações para Lula com as tags #ParabensLula e #Lula75Anos.

Estes conteúdos serão parte da mobilização nas redes no dia 27, que conta ainda com algumas atividades presenciais pelo país, sempre seguindo todas as recomendações sanitárias em função da pandemia. No final desta terça-feira, um programa especial “Aniversário de Lula” será realizado nas redes do Comitê Lula Livre, do Instituto Lula, do PT e outros parceiros sobre a vida do ex-presidente.

Foto: Reprodução

Programação internacional

Nesta terça-feira, nos EUA, o Coletivo BRADO-NY entrevista o escritor Fernando Morais, que escreve livro sobre a trajetória de Lula, e promove intervenção urbana com obras do fotógrafo Ricardo Stuckert. Ambos estão produzindo um vídeo com Lula falando sobre diferentes assuntos e situações que enfrentou durante toda a sua trajetória e que será exibido dia 27.

Na Espanha, o Comitê Lula Libre Madrid convoca a o bate-papo “ Lawfare”, com Gerardo Pisarello, jurista e vice-prefeito de Barcelona entire 2015 – 2019, Rafael Valim, jurista, e Gabriela Brochner, cientista política.

O Comite Lula Livre UK – FREE LULA do Reino Unido e o FIRMES da Espanha organizam um debate online com Enio Verri, líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, deputado federal PT, e Nathalia Urban, jornalista da TV 247. A Organização conta com o apoio do Comite Lula Livre England_Oxford, Brazil Liberation Front – Manchester, Brazil Solidarity Initiative, PT Londres e PT China.

Na Irlanda, o Núcleo PT Irlanda realiza a atividade “Lawfare – Vencer essa guerra para restabelecer a democracia!”, uma live com Wadih Damous, advogado de Lula, ex-presidente da OAB Rio de Janeiro.

Na Itália, o Comitê Italiano Lula Livre organiza debate virtual sobre a importância do poder legislativo para a democracia, com o jornalista Breno Altman, Preta Ferreira, artista e ativista, e Marco Consolo, líder do partido italiano Rifondazione Comunista. De forma presencial, o Núcleo PT Bolonha promove apresentação do músico Rogério Tavares, que cantará músicas de Chico Buarque em homenagem a Lula.

Foto: Benildes Rodrigues

Atividade no país

Em Alagoas, a militância Lula Livre se reúne em ato simbólico em frente ao antigo Produban, com bolo, faixas e um boneco do Lula em tamanho real para estimular fotos que vão para as redes sociais.

No Distrito Federal, o Comitê DF Lula Livre realiza o Ato #AnulaSTF em frente ao Supremo, exigindo “vota logo HC”. Como em momentos anteriores, será no formato imagético, também com distribuição de máscaras com a tag #AnulaSTF.

No Espírito Santo, vai ter Serenata na sacada do hotel na Praça Vermelha, com oficinas entre 12h e 15h, telão com fotos do Lula no ES historicamente e muita música. Tem também “Faixaço” relâmpagos com megafone em vários pontos nos municípios de Cachoeiro do Itapemirim, Serra, Vila Velha, Cariacica, Viana, além de Vitória.

Em Goiânia, está previsto um ato com faixas por “Lula Livre” e “Anula STF” e megafone, em frente ao teatro Goiânia.

Porto Alegre prepara um grande abraço à distância ao aniversariante, organizando atividades nos municípios e regiões com divulgação nas redes com as tags #LulaInocente #AnulaSTF. Às 12h, no Largo Glênio Peres, ocorre um breve ato com os partidos, centrais, MST e outros movimentos com direito a falas, bolo e “Parabéns a você” pro Lula.

No Paraná, a militância dos comitês Lula Livre estão mobilizando vídeos para as ocupar massivamente as redes sociais com mensagens de celebração a Lula, mas desejando sua plena liberdade e a volta de seus direitos políticos e civis.

No Rio Grande do Norte vai rolar um Happy hour, a partir das 16 horas, com um Drive Thru entregando 200 fatias de bolo.

No Rio de Janeiro, vai ter comemoração em grande estilo, com bolo na praia do Flamengo

Em Santa Catarina, vai haver celebração de 1 ano do Festival Lula Livre SC e muito engajamento nas redes com vídeos de personalidades e candidatos por Lula Livre.

Foto: Agência PT

Atos em São Paulo

Em São Paulo a programação acontece na capital e no interior. Haverá uma live Sarau Lula Livre às 16hs, organizada pelo Comitê Jabaquara. As projeções do CCD-LL e Coletivo CorAção encerram o dia na capital paulista.

Em Jundiaí, tem Ato na Barão, em frente do Santander, com direito a bolo e bexigas vermelhas. Além de assistirem vídeos do Lula, os militantes vão ouvir musica e cantar parabéns em plena rua.

Em Piracicaba, o Comitê realiza panfletagem no Terminal Central de Integração, com participação de candidatos e celebrando a vida e a liberdade para Lula.

Em Marília, haverá ato com plantio de árvore, homenageando Lula, seu aniversário, sua futura e próxima liberdade, com palavras de ordem como #AnulaSTF, #LulaLivre e #LulaInocente.

Em Mogi Mirim, tem muito ativismo digital do dia 22 ao dia 27 e outros Comitês também já se somam no envio de vídeos, como Ilhabela, Comitê Rua João Moura, Comitê de Santos Célia e Carlos Riesco e o Conselho Municipal Lula Livre SP.

Na Baixada Santista, militantes celebram com bolos em casa preservando as regras de distanciamento social, mas animados e em luta por Lula Livre e “Anula STF”, com agitação das fotos nas redes sociais.

Em São José do Rio Preto, vai ter mobilizações nas redes com as tags #ParabensLula #GratidãoParaLula, bem como coleta de vídeos nos bairros da cidade com felicitações para Lula.

Em Marília, cidade do interior de São Paulo, haverá plantio de árvore. “Vamos comemorar esta data plantando uma árvore que significa vida, renascimento, num parque com o simbólico nome de “Amor e Liberdade”, disse a liderança do Comitê.

Fonte: Redação da Agência PT com Comitê Lula Livre

Não verás país nenhum: em ano marcado por queimadas, terras indígenas foram devastadas pelo fogo

28-10-2020 Quarta-feira

Publicado originalmente no Relatório de violência contra os Povos Indígenas, artigo retrata avanço de queimadas sobre territórios em 2019

Por Renato Santana e Tiago Miotto, da Assessoria de Comunicação do Cimi

Enquanto os militares seguiam com a sua marcha rumo ao Norte, a devastar com ares de conquista centenas de milhares de quilômetros de floresta na Amazônia, conduzindo hordas de homens pauperizados do Sul e Sudeste para abrir garimpos e grilar terras, muitas das quais ocupadas por povos indígenas, Ignácio de Loyola Brandão escreveu e publicou, em 1981, um clássico da literatura nacional – distopia ainda impensável como cenário factível no Brasil de então, mas hoje realidade que se materializa como pesadelo premonitório: Não verás país nenhum.

Não há mais florestas, todas queimadas no decorrer dos anos. Epidemias oportunistas dizimaram parte da humanidade. Não há rios, plantas, árvores. O mormaço e o calor não são mais arrefecidos pelo vento ou chuvas. Aos que sobreviveram, o sol tornou-se mortífero, o lixo se acumula em montanhas pelas cidades, a água tornou-se escassa com o desastre ecológico, a comida é produzida apenas pela indústria e a população vive sob um regime autoritário. Cadáveres são recolhidos das ruas. A história do país foi toda falsificada, deturpada. A violência marca o ritmo da vida social, com milícias espalhadas pela malha urbana controlada. Não há mais país algum. A ficção, quase 40 anos depois, se desloca para uma realidade perturbadora.

“Kofi Annan, secretário-geral da ONU, passou anos repetindo que, hoje, os problemas centrais da humanidade são mudanças climáticas e padrões insustentáveis de produção e consumo, além da capacidade de reposição da biosfera terrestre”

O jornalista Washington Novaes, no prefácio da 25ª edição da obra, em 2007, escreveu: “Kofi Annan, secretário-geral da ONU, passou anos repetindo que, hoje, os problemas centrais da humanidade são mudanças climáticas e padrões insustentáveis de produção e consumo, além da capacidade de reposição da biosfera terrestre”. A Igreja Católica, com o Sínodo da Amazônia e a Encíclica Ladauto Si, do papa Francisco, refazem o alerta. Organizações e ativistas protestam. O governo Bolsonaro, afeito ao ódio e à morte, rechaça o óbvio na defesa de um projeto distópico, apocalíptico.

Em agosto de 2019, os olhares do planeta voltaram-se ao Brasil – e, mais especificamente, à porção brasileira da Amazônia. Não bastasse o aumento expressivo dos alertas de desmatamento neste bioma, indicados pelos dados colhidos por satélites que sobrevoam diariamente as florestas da região, nuvens de fumaça cobriram os céus de cidades do Norte do país e viajaram até o Sudeste, onde fizeram a tarde da maior metrópole do Brasil, São Paulo, virar noite.

Naquele mês, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 30.900 focos de incêndio na Amazônia – um número três vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2018. Antes disso, a explosão dos alertas de desmatamento do sistema Deter – também do Inpe, voltado a emitir alertas em tempo real e subsidiar os órgãos de fiscalização ambiental – já havia chamado atenção para a situação preocupante das florestas no país.

“Precisamos mostrar para o presidente que queremos trabalhar e [o] único jeito [é] derrubando. Para formar e limpar nossas pastagens é com fogo”

Outro evento, ocorrido no dia 10 de agosto, acabou se tornando um símbolo do momento em que as queimadas e os conflitos socioambientais da Amazônia brasileira ganharam projeção global. Naquele sábado, fazendeiros do entorno da rodovia BR-163, no Pará, realizaram diversas queimadas no que ficou depois conhecido como o “Dia do Fogo”. Como consequência, os focos de incêndio nas cidades de Novo Progresso e Altamira cresceram 300% e 743%, respectivamente, de um dia para o outro.

Cinco dias antes, o jornal Folha do Progresso havia publicado uma conversa com um dos produtores que planejavam a ação e sentiam-se, segundo o jornal, “amparadas pelas palavras do presidente Bolsonaro”. “Precisamos mostrar para o presidente que queremos trabalhar e [o] único jeito [é] derrubando. Para formar e limpar nossas pastagens é com fogo”, explicou a liderança não identificada.

Àquela altura, o Inpe já havia divulgado que os alertas de desmatamento na Amazônia Legal – área de cobertura do Deter, que abrange o bioma amazônico e parte do Cerrado – em junho de 2019 haviam sido 88% maiores do que no mesmo mês de 2018, situação que se agravou ainda mais em julho.

A reação inicial do presidente Jair Bolsonaro, que desde sua campanha eleitoral vinha alardeando a necessidade de “explorar” e “desenvolver” a Amazônia e criticando uma suposta “indústria de multas” ambientais, foi questionar a idoneidade dos dados e exonerar, no início de agosto, o diretor do instituto responsável pelos dados, Ricardo Galvão, sugerindo que ele estivesse “a serviço de alguma ONG”.

Em documento divulgado no dia 26 de agosto, durante a Cúpula do G7, na França, diversas organizações da sociedade civil afirmaram que os discursos públicos do presidente Bolsonaro emitem um “claro sinal de impunidade para a prática de crimes ambientais”, ao passo que o “aparelhamento” e o “desmonte sistemático e deliberado da capacidade operacional” dos órgãos de fiscalização contribuía para a intensificação da crise.

A repercussão negativa foi tamanha que o governo federal, apesar de manter a narrativa de questionamento aos dados e de ataque à reputação do Inpe, foi forçado a se movimentar para evitar um vexame internacional ainda maior.

Assim, em 23 de agosto, emitiu o Decreto 9.985/19, determinando a atuação das Forças Armadas na fiscalização de delitos ambientais na Amazônia Legal. Menos de uma semana depois, o Decreto 9.992/19 proibiu as queimadas em todo o território nacional por 60 dias.

Queimadas em terras indígenas

As terras indígenas foram diretamente afetadas por essa intensa temporada de fogo. Em 2019, os focos de incêndio nesses territórios aumentaram 87% em relação ao registrado no ano anterior.

Em 2019, foram 16.680 queimadas identificadas, pelo Inpe, em terras indígenas de todo o país. Em 2018, o instituto havia registrado 8.942 focos nestas áreas. Os dados, obtidos junto ao Inpe, são do satélite de referência utilizado para o registro e o monitoramento das queimadas no Brasil, o Aqua M-T, de propriedade da Nasa, a agência aeroespacial estadunidense.

Os dados indicam que, no total, 345 terras indígenas foram afetadas pelas queimadas no Brasil em 2019

Segundo o Inpe, este satélite passa diariamente pelo território brasileiro, durante a parte da tarde, e identifica focos de calor ativos, que são indicativos da ocorrência de queimadas. Com resolução espacial de 1 km x 1 km, o sensor utilizado por este instrumento consegue captar frentes de fogo a partir de algumas dezenas de metros quadrados.

Os dados indicam que, no total, 345 terras indígenas foram afetadas pelas queimadas no Brasil em 2019. Assim como nos anos anteriores, a grande maioria delas, 272, são terras indígenas já regularizadas, que deveriam estar plenamente protegidas pela fiscalização do Estado.

No ano de 2019, o Inpe registrou, ao todo, 197.632 focos de incêndio no país – 49% a mais do que em 2018, quando haviam sido registrados 132.872 focos.

Em relação às terras indígenas, a quantidade de focos de incêndio identificados em 2019 foi 19% maior do que a média dos dez anos anteriores e a quarta maior desde 2009. Números maiores foram registrados apenas em 2010 (26.331 focos), 2017 (18.668 focos) e 2012 (17.795 focos).

O pico de queimadas ocorrido em agosto também se refletiu nas terras indígenas, que tiveram 4.753 focos de incêndio naquele mês – 134% a mais do que o registrado no mesmo mês de 2018.

Biomas e estados

O bioma mais afetado pelas queimadas no Brasil durante o primeiro ano do governo Bolsonaro foi a Amazônia, com 89.176 focos de incêndio ao todo – 30% a mais do que havia sido registrado no ano anterior.

Após a impressionante alta no mês de agosto, os focos de incêndio na Amazônia diminuíram a partir de setembro e outubro. A redução pode indicar que a pressão da sociedade civil e da comunidade internacional provavelmente evitaram um cenário ainda mais catastrófico – já que, como aponta nota técnica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a estação seca na região se estende de maio a outubro e o pico das queimadas historicamente ocorre em setembro.

“O que alimentou o fogo naquele ano foi a quantidade expressiva de material combustível oriundo da derrubada da floresta, somada à necessidade de limpeza dos terrenos”

Com um período de seca menor do que nos dois anos anteriores, aponta a nota, o aumento das queimadas na Amazônia, cujas florestas são naturalmente úmidas, esteve diretamente ligado ao desmatamento. “O que alimentou o fogo naquele ano foi a quantidade expressiva de material combustível oriundo da derrubada da floresta, somada à necessidade de limpeza dos terrenos”, destaca o Ipam.

Em 2019, a Amazônia concentrou 38% das queimadas em terras indígenas, com 6.293 focos de incêndio. A quantidade foi 67% maior do que o registrado em 2018 e 17% maior do que a média dos dez anos anteriores.

Apesar disso, o bioma que registrou o maior número de queimadas em terras indígenas no ano de 2019, como ocorre historicamente, foi o Cerrado. Os 9.543 focos de incêndio em 2019 foram quase o dobro do registrado em 2018 e, assim como na Amazônia, estiveram 17% acima da média registrada a partir de 2009.

O bioma que teve o maior aumento de focos de incêndio em terras indígenas em 2019 foi o Pantanal. Com 499 registros, as terras indígenas neste bioma queimaram quase sete vezes mais do que no ano anterior. O número também é 3,7 vezes maior do que a média registrada entre 2009 e 2018.

O Mato Grosso do Sul, estado que abrange a maior parte do Pantanal, registrou em 2019 um aumento de 452% nos focos de incêndio em terras indígenas. A Terra Indígena (TI) mais afetada no estado – e a segunda mais atingida por queimadas no país – foi a Kadiwéu, que fica localizada na transição entre o Pantanal e Cerrado e registrou 1.268 focos de incêndio. Há alguns anos, os Kadiwéu vêm denunciando a apropriação privada do território por fazendeiros e cobrando do Estado a desintrusão da área, que é regularizada.

Terras de isolados

Chama atenção a quantidade de queimadas identificadas em terras indígenas com portarias de restrição de uso e ingresso devido à presença de povos indígenas isolados. Quatro das seis TIs nessa categoria – todas elas localizadas na Amazônia – foram afetadas por queimadas em 2019.

Ao longo do ano, o Inpe registrou nas TIs Jacareúba/Katauixi (AM), Piripkura (MT), Pirititi (RR) e Ituna/Itatá (PA), em conjunto, 207 focos de incêndio. Essa quantidade de queimadas em terras sob restrição representou um aumento de 52% em relação ao registrado em 2018 e é mais de quatro vezes maior do que a média dos dez anos anteriores.

“As declarações de Bolsonaro culpando os povos indígenas pelos incêndios que ocorrem na Amazônia são mentirosas e irresponsáveis. Em relação aos povos indígenas isolados, essas declarações são ainda mais absurdas, porque esses povos têm exatamente na floresta o seu refúgio”

“As declarações de Bolsonaro culpando os povos indígenas pelos incêndios que ocorrem na Amazônia são mentirosas e irresponsáveis. Em relação aos povos indígenas isolados, essas declarações são ainda mais absurdas, porque esses povos têm exatamente na floresta o seu refúgio”, avalia Guenter Francisco Loebens, missionário do Regional Norte I e integrante da Equipe de Apoio aos Povos Livres do Cimi.

“O presidente sinaliza não só com a condescendência em relação aos crimes ambientais, mas também com a impunidade dos criminosos que avançam sobre as florestas na Amazônia. Esses grupos se sentem respaldados, inclusive, para destruir e avançar sobre os territórios de indígenas em situação de isolamento”, analisa Loebens.

Segundo levantamento do Instituto Socioambiental (ISA), o desmatamento nas terras indígenas da região amazônica, entre agosto de 2018 e julho de 2019, foi o maior registrado em 11 anos, com 42,6 mil hectares derrubados. E a terra mais atingida neste período foi a TI Ituna/Itatá, com 12 mil hectares devastados. Ocupada por indígenas isolados e interditada por uma portaria da Funai, 169 focos de incêndio foram registrados sobre ela em 2019.

Os alertas do sistema Deter também apontam para a correlação entre desmatamento e queimadas. Das 267 terras indígenas da Amazônia Legal com focos de incêndio registrados em 2019, 111 tiveram alertas do Deter indicando a ocorrência de desmatamento ou mineração; outras 14 tiveram alertas de outros tipos (cicatrizes de queimada, degradação ou corte de árvores).

Cifra invisível

Apesar de altos, os focos de incêndio registrados em TIs pelo Inpe não conseguem abranger todas as aldeias e territórios indígenas do país. Isso porque grande parte desses territórios ainda não foram demarcados e não têm, por isso, uma delimitação que lhes garanta um lugar na cartografia das instituições do Estado brasileiro. Na prática, para os instrumentos oficiais de monitoramento, são territórios invisíveis, mesmo que estejam total ou parcialmente na posse de comunidades indígenas.

Segundo os dados do Cimi, há atualmente 528 terras indígenas nessa situação – reivindicadas como áreas de ocupação tradicional pelos povos, mas sem providências da Funai para proceder com sua identificação e delimitação. Muitas dessas terras indígenas foram afetadas pelas queimadas de 2019, embora não seja possível quantificar essas ocorrências.

É o caso, por exemplo, da TI Valparaíso, do povo Apurinã, localizada no município de Boca do Acre, no sul do Amazonas. Segundo informações do Regional Amazônia Ocidental do Cimi, os indígenas lutam há 29 anos pela demarcação deste território. Em agosto, fazendeiros que ocupam parte dele queimaram 600 dos cerca de 27 mil hectares reivindicados pelo povo Apurinã. A queimada destruiu um castanhal utilizado pelos indígenas como fonte de subsistência.

Queimadas devastaram território Huni Kui, em Rio Branco (AC) | Fot: Denisa Starbova

“Os Huni Kuī fizeram neste território um centro cultural e de espiritualidade, onde também acolhem, nos finais de semana, os jovens e famílias do povo que moram na cidade para estudar. Frequentam este espaço como forma de manterem sua cultura”

Situação semelhante foi vivenciada pela comunidade Huni Kuī do Centro Huwá Karu Yuxibu, uma área de 200 hectares na zona rural de Rio Branco, no Acre. Ainda segundo o regional, cerca de 100 hectares da área, adquirida pelos próprios indígenas, foram destruídos por um incêndio criminoso.

“Os Huni Kuī fizeram neste território um centro cultural e de espiritualidade, onde também acolhem, nos finais de semana, os jovens e famílias do povo que moram na cidade para estudar. Frequentam este espaço como forma de manterem sua cultura”, explica Ivanilda Torres dos Santos, coordenadora do Regional Amazônia Ocidental do Cimi.

O incêndio atingiu justamente as plantas que eram usadas pelos indígenas para fazer o chá de seus rituais de ayahuaska. Até agosto de 2020, a investigação policial sobre o caso não tinha chegado a nenhum resultado.

Oficialmente, estes territórios ocupados pelos povos Apurinã e Huni Kuī não existem. Essas áreas destruídas por queimadas, consequentemente, não entraram na soma dos 144 focos de incêndio que, segundo o Inpe, atingiram as terras indígenas do Acre em 2019.

Indígenas combateram queimadas

Enquanto os satélites registravam os dados da situação alarmante, diversos povos indígenas mobilizavam-se para combater as queimadas que assolavam seus territórios. Segundo informações do Centro Integrado Multiagência de Coordenação Operacional Nacional (Ciman), pelo menos 39 brigadas indígenas vinculadas ao Programa PrevFogo, do Ibama, atuaram no combate às queimadas em 31 terras indígenas durante a temporada de incêndios de 2019.

Mesmo nas terras indígenas que não contaram com o apoio dos órgãos do Estado, os povos mobilizaram-se por conta própria para tentar conter as queimadas.

“Combatemos 22 quilômetros de fogo, que chegou a dois quilômetros da aldeia. Uma situação muito triste, destruição e animais mortos”

Foi o caso da TI Krahô-Kanela, localizada no município de Lagoa da Confusão (TO). Lideranças relataram que cerca de 95% dos seus 7.612 hectares foram devastados pelo fogo, que se espalhou pelo território de forma rápida e destrutiva. Os dados corroboram o relato das lideranças: 40 dos 41 focos de incêndio registrados pelo satélite Aqua sobre a TI ocorreram entre os dias 27 de agosto e 18 de setembro.

“Combatemos 22 quilômetros de fogo, que chegou a dois quilômetros da aldeia. Uma situação muito triste, destruição e animais mortos”, disse Wagner Krahô Kanela em setembro. Brigadas Javaé, Karajá e Xerente se dirigiram a esta erra indígena para ajudar no combate às chamas.

A TI Krahô-Kanela fica próxima às TIs Inawebohona e Utaria Wyhyna/Iròdu Iràna, que registraram em 2019, respectivamente, 778 e 176 focos de incêndio – a maioria no mesmo período que o território Krahô Kanela, em agosto e setembro. Ambas, também no Tocantins, são sobrepostas pelo Parque Nacional do Araguaia, unidade de conservação gerida pelo ICMBio.

Os incêndios no interior destas terras afetaram a Mata do Mamão, local de perambulação de indígenas em situação de isolamento voluntário. “Aqui temos as brigadas treinadas, mas esses parentes não têm nada”, preocupava-se, à época, a liderança Krahô Kanela.

A Mata do Mamão estende-se até a TI Parque do Araguaia, também no Tocantins, território que registrou o maior número de queimadas no ano de 2019: foram 1.530 focos de incêndio.

“Todos os dias os Myky vão para lá (lugares do fogo) controlar, mas não dão conta. Esse foco fica a uns 17 quilômetros da aldeia, entre duas fazendas. O fogo vem e vai”

No Mato Grosso, na região dos municípios de Brasnorte e Juara, os esforços de combate às queimadas também passaram a fazer parte do cotidiano do povo Myky, em cujo território foram identificados 18 focos de incêndio em 2019.

“Todos os dias os Myky vão para lá (lugares do fogo) controlar, mas não dão conta. Esse foco fica a uns 17 quilômetros da aldeia, entre duas fazendas. O fogo vem e vai”, relatou, em setembro, a missionária Elizabeth Amarante Rondon, do Cimi Regional Mato Grosso. Naquele mês, a pedido da Funai, o Ibama enviou brigadistas e o incêndio finalmente foi controlado.

Setembro também foi um mês especialmente preocupante para os Apiãwa (Tapirapé) da TI Urubu Branco, também localizada em Mato Grosso, na transição entre os biomas Cerrado e Amazônia. A TI dos Tapirapé foi a décima mais atingida por queimadas em 2019, com 416 focos de calor identificados pelo satélite Aqua – 365 dos quais naquele mês.

Como consequência, os alertas de cicatriz de queimadas do sistema Deter cobriram cerca de 17% dos 167,5 mil hectares da TI Urubu Branco em 2019 – uma área equivalente à que foi desmatada na TI Urubu Branco nos 30 anos anteriores, segundo informações de outro sistema do Inpe, o Prodes, que reúne dados de desmatamento acumulado ano a ano.

Incêndio assolou TIUrubu Branco (MT) | Foto: povo Tapirape

“A queimada atingiu praticamente toda a TI. Os Apyãwa dizem que apelaram à Funai, Ibama e outros órgãos, mas não obtiveram sequer um mínimo de resposta efetiva”, relatou Luiz Gouvêa de Paula, do Cimi Regional Mato Grosso. “Eles tentaram várias vezes apagar eles mesmos, mas sem equipamentos pouco puderam fazer. O pior é que isso vem acontecendo há anos e a mata está morrendo”.

“Esse ano foram vários focos de fogo e não conseguimos acompanhar todos, foi muito ruim para nós em relação aos incêndios”, corroborou Elber Kamoriwa’i Tapirapé, cacique-geral do povo Tapirapé. “O futuro das gerações do povo Apyãwa está em risco”.

A destruição causada pelas queimadas no território Tapirapé esteve diretamente ligada, conforme os indígenas relatam, com outras violações aos seus direitos territoriais, como o constante roubo de madeira e a presença de fazendeiros, cuja retirada do território vem sendo protelada há anos por recursos judiciais.

“Os pecuaristas continuam queimando os pastos e, com isso, queimando a maior parte do território. O fogo vem principalmente das fazendas que estão na região norte [da TI] e se espalha. Fica difícil a gente controlar”, avalia o cacique-geral.

A situação fez com que os Tapirapé fossem a Brasília, em outubro, junto a lideranças de outros povos da região do Araguaia, para cobrar do Ibama a fiscalização de suas terras tradicionais e a criação de equipes indígenas do Prevfogo também nestes territórios, com treinamento e condições para combater incêndios.

Fogo devastou a TI Valparaíso (AC), do povo Apurinã | Foto: Denisa Starbova

Crise deliberada
Para o sociólogo e integrante da coordenação do Movimento Nacional de Fé e Política, Pedro Ribeiro de Oliveira, a questão climática afeta a Amazônia e os demais biomas, mas a crise das queimadas é resultado, sobretudo, de uma política deliberada.

“O capitalismo está em crise, se transformando em capital financeiro para valorizar o capital, se apropriando dos bens comuns para transformá-los em mercadoria. E a Amazônia eos  demais biomas são uma mina de bens comuns. Então, a ambição do capital hoje é transformar esses bens, água, biodiversidade, madeira, terras, em bens que se compra e vende no mercado”, explica.

“Ninguém permitiria um desmatamento legal da Amazônia. A pressão contrária seria enorme. O capitalismo recorre à doutrina do choque: vamos fazer um desastre e todo mundo vai ter que aceitar as soluções. Vamos trazer os capitais para dar um jeito nisso. É uma crueldade muito grande com os povos indígenas, com as populações que vivem da floresta e com a própria natureza”, avalia o sociólogo.

Deputados rebatem ataque de Bolsonaro a Flávio Dino

28-10-2020 Quarta-feira

Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a despejar seu ódio contra o Nordeste nesta terça-feira (27) ao afirmar, diante de apoiadores, que “é preciso tirar o PCdoB do governo do Maranhão”. Em resposta ao mandatário, o vice-líder da sigla na Câmara, o deputado Márcio Jerry (MA), reforçou a pequenez do mandatário, que dá sinais claros de alcançar a reeleição, enquanto a crise econômica, social e sanitária segue fazendo vítimas no Brasil.

“Bolsonaro é mesmo um personagem miúdo da política brasileira. Não há na história do Brasil nenhum que tenha ocupado a Presidência da República tão desqualificado quanto ele. Na ‘preparação’ à vinda ao Maranhão agride o povo maranhense de forma acintosa”, destacou o deputado.

Para a vice-líder da Minoria, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), Bolsonaro sobrevive de “contendas e perseguições”. “Esse desqualificado, que ocupa o Palácio do Planalto, sobrevive de contendas e perseguições. Deve morrer de inveja de um governador com conteúdo político, polimento pessoal e capacidade de convivência com os diferentes”, afirmou.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) também comentou o episódio. Para ele, Bolsonaro teme o preparo de Dino. “Sendo incapaz, Bolsonaro teme a estatura política e o preparo de Flávio Dino. Quer punir o povo maranhense por ter o melhor governador do Brasil. Só dois motivos inspiram Bolsonaro na Presidência: a inveja e a necessidade de salvar os filhos da cadeia”, pontuou.

De olho nas eleições de 2022 e na tentativa de reverter a baixa popularidade na região, na fala desta terça, o chefe de Estado apelou para o caricato “fantasma do comunismo” para justificar o ataque. “Tem que tirar de lá, cara, pelo amor de Deus. Só aqui no Brasil mesmo, comunista falando que é democrático. Eu estou fazendo pesquisa aqui”, disse diante de eleitores.

Em uma prévia do clima que marcará a visita ao estado – prevista para ocorrer entre os dias 29 e 30 deste mês –, na semana passada, Bolsonaro já havia divulgado uma fake news que lhe rendeu uma denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF).  À rádio Jovem Pan, o ex-capitão afirmou que tinha viagem prevista para participar de evento evangélico na cidade de Balsas, no interior do estado, mas como o governo do Maranhão havia lhe negado efetivo da Polícia Militar para fazer esquema de segurança, teve de desistir do encontro.

Na última quinta (22), o governador do estado, Flávio Dino (PCdoB), acionou a Corte para denunciar a calúnia. No documento enviado ao Supremo, Dino disse que não recebeu qualquer solicitação para a segurança presidencial.

Ele também exigiu que Bolsonaro apresentasse provas da suposta recusa de colocar a polícia à disposição de sua segurança no município maranhense.

Histórico de agressões

Esta não é a primeira vez que ataca diretamente o governador maranhense, que vem despontando como um dos nomes mais importantes do campo progressista. Em julho de 2019, em uma das primeiras ofensivas contra Dino, Bolsonaro disse ao então ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni: “Daqueles governadores da ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Tem que ter nada com esse cara”. O áudio vazou durante uma transmissão online.

Sem citá-lo nominalmente, em fevereiro de 2020, durante inauguração da pedra fundamental do Colégio Militar de São Paulo, no campo de Marte, o presidente criticou governadores do Nordeste e afirmou que a educação na região forma militantes e desinforma.

Dois meses depois, em maio, durante o agravamento da pandemia do coronavírus, Bolsonaro também criticou medidas tomadas diminuir a circulação de pessoas, chamando-os de “exterminadores de emprego”.

Poucos dias após o episódio, ele voltou a repetir agressões a Flávio Dino. Depois de zombar das milhares de famílias que perderam familiares para o coronavírus ao passear de jet ski em Brasília e ignorar o recorde de mortes causados pela Covid-19, o presidente postou um vídeo que mostrava um policial em São Luís (MA) orientando as pessoas sobre a restrição de circulação que foi imposta com o lockdown na capital maranhense, comparando o estado com a Venezuela.

*Ascom deputado Márcio Jerry

Por Nathália Bignon

Em plena Covid, Bolsonaro aposta na privatização do SUS, depois de cortar dinheiro da saúde pública

28-10-2020 Quarta-feira

Líder da extrema-direita diz a que veio: governar para os ricos e deixar o povo desprotegido durante a pandemia do coronavírus. PT faz a defesa do SUS e propõe suspender decreto presidencial que permite a participação da iniciativa privada nas Unidades Básicas de Saúde. Conselho Nacional de Saúde rechaça iniciativa do Palácio do Planalto, que amplia a destruição da saúde pública, encomendada por Paulo Guedes. Orçamento de 2021 perderá R$ 35 bilhões

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da EconomiaPaulo Guedes, reafirmam o caráter antipopular e perverso do governo. Nesta terça-feira, 27, o governo baixou o Decreto 10.530 que abre caminho para a privatização de Unidades Básicas de Saúde, em plena pandemia do Covid-19. A decisão do governo enfraquece o Sistema Único de Saúde (SUS) e abre caminho para a destruição dos serviços universais de acesso à saúde para a maioria da população. Por conta disso, a reação partiu do Conselho Nacional de Saúde, que denunciou a manobra do Palácio do Planalto. No Congresso, os deputados Alexandre Padilha (PT-SP) e Maria do Rosário (PT-RS), apresentaram o Projeto de Decreto Legislativo 453/2020 pedindo a suspensão do decreto.

“Ao excluir do Ministério da Saúde as determinações sobre a política de atenção primária à saúde, passando-as ao Ministério da Economia a fim de privatizá-las, o governo federal mais uma vez desrespeita a Constituição e a caracterização do SUS, uma vez que as UBSs são a porta de entrada preferencial do SUS”, justificam Padilha e Rosário no projeto. “A guerra com os estados na vacina Covid-19 e o decreto de parcerias privadas nas unidades de saúde dos municípios mostram que, além do ministro da Saúde, ninguém ali conhece o SUS. Querem vender a mãe dos outros (dos municípios) e não entregar”, criticou Padilha.Paulo Pinto/Agência PT

Alexandre Padilha: “Parece que a sangria para vender, que é uma prática e uma postura do ministro Guedes e Bolsonaro, ultrapassa a autonomia dos municípios e ultrapassa qualquer conhecimento em relação ao SUS”

“Tem um misto de intervencionismo com ignorância em relação de como funciona o SUS. Parece que a sangria para vender, que é uma prática e uma postura do ministro Guedes e Bolsonaro, ultrapassa a autonomia dos municípios e ultrapassa qualquer conhecimento em relação ao SUS”, diz o ex-ministro da Saúde. Para Padilha, além do atual ministro da Saúde que já havia dito que desconhecia o SUS, o presidente e o ministro da Saúde também desconhecem o sistema de saúde e o seu funcionamento.

O PT luta contra o desmantelamento do SUS perseguido por Bolsonaro e Paulo Guedes. A proposta orçamentária de 2021 pretende viabilizar um corte fatal para o SUS de R$ 35 bilhões. Bolsonaro planeja acabar com a regra que prevê um orçamento emergencial para o enfrentamento do surto. Segundo o Conselho Nacional de Saúde, isso significa que o país voltará ao sufocamento da Emenda Constitucional 95/2016, que congelou investimentos em saúde e demais áreas sociais até 2036. As perdas do SUS, desde o início da vigência da Emenda do Teto de Gastos, aprovada ainda durante o governo Michel Temer, foi R$ 20 bilhões, entre 2018 e 2020. O novo golpe da equipe econômica agora é viabilizar o início da privatização do SUS.

A parceria com a iniciativa privada para construção, modernização e operação das UBSs é uma recomendação da Resolução 95/2019 do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República, assinada pelo então ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, agora ocupando a pasta da Cidadania. A resolução da Casa Civil afirma que é necessário “ampliar as oportunidades de investimento e emprego no país e estimular o desenvolvimento econômico nacional, em especial por meio de ações centradas na ampliação e na melhoria da infraestrutura e dos serviços voltados ao cidadão”.

Presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), reagiu fortemente à iniciativa do governo Bolsonaro. “No ano que o SUS se mostra ainda mais necessário e a importância da sua valorização, Bolsonaro abre as portas para a privatização das unidades básicas de saúde”, advertiu. “É de uma irresponsabilidade e crueldade sem limites, quer tirar mais um direito do povo, fazer pagar por serviço que só nós temos!”

Defesa do SUS

O presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Pigatto, também engrossou o coro dos críticos ao Decreto 10.530 de Bolsonaro. “Vamos tomar as medidas cabíveis. Precisamos fortalecer o SUS contra qualquer tipo de privatização e retirada de direitos”, disse Pigatto. A Câmara Técnica da Atenção Básica à Saúde está fazendo uma avaliação do decreto. Em nota, o Ministério da Economia confirmou a intenção do decreto e disse que o Ministério da Saúde vai ser “consultado em todo o processo de estruturação” do SUS.

“O principal ponto do projeto é encontrar soluções para a quantidade significativa de Unidades Básicas de Saúde inconclusas ou que não estão em operação no país, sempre em conjunto com o poder concedente municipal e sob a orientação do Ministério da Saúde”, justifica o Ministério da Economia. “Importante destacar que caberá ao PPI coordenar os esforços e auxiliar na interação com os demais agentes em busca da construção de modelos de negócios, mas a condução da política pública será realizada pelo Ministério da Saúde”.Reprodução/PT na Câmara

Enio Verri: “Uma nuvem de gafanhotos não causa tanta destruição quanto o governo Bolsonaro. O mais recente ataque é a privatização da saúde básica. Pobres, que não podem pagar plano de saúde, serão obrigados a pagar consulta em Unidade Básica de Saúde“

No Parlamento, parlamentares da oposição rechaçam a proposta de Paulo Guedes. “Uma nuvem de gafanhotos não causa tanta destruição quanto o governo Bolsonaro. O mais recente ataque é a privatização da saúde básica. Pobres, que não podem pagar plano de saúde, serão obrigados a pagar consulta em Unidade Básica de Saúde. Bom, apenas, para a iniciativa privada”, denuncia o líder do PT na Câmara, deputado  Enio Verri (PR).

“Em plena pandemia da Covid, Bolsonaro assinou decreto que abre caminho para a privatização do SUS. Já está publicado no Diário Oficial e em tese já valendo, retirando da União a obrigação constitucional de cuidar das brasileiras e brasileiros”, denunciou o deputado federal Rogério Correa (PT-MG). “Não podemos ser ingênuos: essa ‘parceria com a iniciativa privada” nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) é, na verdade, um passo fundamental para privatizar o SUS”.

PT

Márcio Jerry: Debate sobre corte de R$ 40 bi da saúde deve ir para Comissão Mista de Orçamento

28-10-2020 Quarta-feira

Presidente da Frente Parlamentar Mista pelo Fortalecimento do Sistema Único da Saúde (SUS), o vice-líder do PCdoB, deputado Márcio Jerry (MA), afirmou nesta terça-feira (27) que levará à Comissão Mista do Orçamento (CMO) o embate sobre os cortes de cerca de R$ 40 bilhões previstos para a área em 2021. Em discurso na sessão virtual da Câmara, o parlamentar, que também é membro titular da Comissão, defendeu a garantia de recursos permanentes para o Sistema que hoje alcança 180 milhões de brasileiros e realiza em torno de 2,8 bilhões de atendimentos médicos por ano no país.

“Gostaria de destacar uma iniciativa parlamentar, liderada por mim, com muito orgulho, e pelo Senador Weverton Rocha (PDT-MA). E o primeiro grande embate que precisamos ter é em relação à questão orçamentária. O SUS, tão evidenciado neste momento de pandemia, tão aplaudido e reconhecido pelos brasileiros e brasileiras, precisa ter um aporte de recursos capaz de melhorar a rede de atendimento, de ampliar a rede de atendimento e de qualificar cada vez mais a ação do SUS em todo território brasileiro”, declarou.

O deputado disse ainda que na CMO espera “juntar forças, criar convergências para que não haja nenhum centavo a menos para dar garantia ao Sistema”, sobretudo após as provas ao qual a saúde foi submetido durante os mais oito meses de crise sanitária.

“Nós precisamos, na verdade, de mais recursos para a saúde em nosso país, e esta é a bandeira a ser levantada por esta Frente Parlamentar Mista. É um momento muito importante para este debate. Nós precisamos avaliar tudo que vem acontecendo nesta pandemia, o papel que vem sendo desenvolvido e cumprido pelo Sistema Único de Saúde e a necessidade, que nos é posta todos os dias, de fortalecimento da saúde pública em nosso país”.

Por Nathália Bignon

Fonte: PCdoB na Câmara

Em evento de universidade francesa, Flávio Dino defende democracia brasileira

28-10-2020 Quarta-feira

Durante a conferência Pour Le Brésil, promovida pela universidade francesa Sciences Po, nesta terça-feira (27) o governador Flávio Dino fez uma defesa da importância da democracia brasileira para combater atitudes agressivas.

Em sua fala, Dino elencou os principais desafios do estado democrático nos dias de hoje, como o combate às fake news, a desigualdade na proteção institucional e a temática da tripartição funcional do estado. 

“Se fosse necessário fazer uma agenda sobre o que nós teríamos que percorrer nos debates e ações para proteger a democracia eu colocaria esses itens: fake news, violência, corrupção, desigualdades, tripartição, desigualdades sociais. Acho que são esses fatores que solapam a vitória desse conceito de democracia entre nós”, disse. 

Ainda de acordo com governador Flávio Dino, “se fizéssemos um balanço do terrível ano de 2020, apesar das inúmeras dificuldades, a democracia teve vitória, sofrida, é verdade. Mas uma vitória sobre o despotismo pouco esclarecido que é perpetrado no atual momento político do Brasil”, assegurou.

O governador Flávio Dino falou ainda que um dos principais papeis da democracia é manter a ordem institucional. “Nós precisamos afirmar as virtudes e a potência da democracia. O ano de 2020 está sendo um dos anos mais complicados na vida institucional do nosso país. Porém, de toda forma, conseguimos evitar o pior”. 

Segundo análise de Flávio Dino, apesar da crise provocada pelo coronavírus, não houve condições políticas para ruptura da ordem democrática, em razão da força da democracia com a ação do Supremo que protegeu e defendeu a federação e permitiu que houvesse um mínimo de condições para combater a pandemia nos estados e municípios brasileiros.

Dilma: “Bolsonaro quer entregar a saúde pública aos planos privados”

28-10-2020 Quarta-feira

Ex-presidenta condena decreto presidencial que autoriza a privatização das Unidades Básicas de Saúde. “Mais de 150 milhões de brasileiros têm apenas o SUS como forma de acesso a atendimento médico”, alerta. “É um atentado contra a Constituição”

A ex-presidenta da República Dilma Rousseff acusa o governo de Jair Bolsonaro de promover mais um atentado contra a sociedade brasileira ao permitir a privatização das Unidades Básicas de Saúde, num programa de Parceria Pública Privado que foi desenhado pela equipe do ministro da EconomiaPaulo Guedes.   “Isto significará a extinção da saúde pública e a entrega do setor aos planos privados de saúde”, criticou, na manhã desta quarta-feira, 28 de outubro, Dia do Servidor Público.

Dilma condenou veementemente o decreto presidencial 10.530, publicado nesta terça-feira, 27, no Diário Oficial da União, que excluiu a consulta ao Ministério da Saúde na escolha de projetos pilotos de privatização de UBSs, a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). “Bolsonaro e Guedes cometem um atentado contra a população e contra a Constituição, que diz que ‘saúde é direito de todos e dever do Estado’”, advertiu Dilma. “O Congresso não pode aceitar esta violação constitucional e ameaça a vida de milhões de brasileiras e brasileiros”.

De acordo com a ex-presidenta, o decreto presidencial, assinado por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, que autoriza a privatização das Unidades Básicas de Saúde é nocivo ao país. “É um passo decisivo para a destruição do SUS”, alerta. “Mais de 150 milhões de brasileiros têm apenas o SUS como forma de acesso a atendimento médico”. Ela conclamou os líderes políticos e a sociedade civil a pressionarem o governo para reverter a decisão do Palácio do Planalto.

“O Congresso não pode aceitar esta violação constitucional e ameaça a vida de milhões de brasileiras e brasileiros”

População não teria acesso a médicos

PT já apresentou projetos de decreto legislativo para suspender a decisão do Palácio do Planalto. As UBS são a porta de entrada preferencial do Sistema Único de Saúde (SUS) e foram criadas para atender até 80% dos problemas de saúde da população, sem que haja a necessidade de encaminhamento para outros serviços, como emergências e hospitais públicos. Os deputados Alexandre Padilha (PT-SP) e Maria do Rosário (PT-RS) são os autores do Projeto de Decreto Legislativo 453 que susta decreto presidencial. “Privatizar as UBSs é condenar a população ao não-acesso à saúde básica, aos medicamentos e ao atendimento médico”, justificam os parlamentares.

Dilma denuncia que o desmonte do SUS pelo governo Bolsonaro não começou agora. “As 45 mil UBSs instaladas no país ofereciam primeiro atendimento, além de vacinação, a centenas de milhões de pessoas. Sem repor os médicos cubanos, expulsos por Bolsonaro por preconceito ideológico, o Mais Médicos deixou de atender 63 milhões que tiveram nas UBSs o único acesso à saúde”, lembrou a ex-presidenta. Ela lamentou que o governo promove o ataque ao SUS em plena pandemia, com o país somando quase 158 mil mortos e com mais de 5,3 milhões de pessoas contaminadas pelo Covid-19

A Secretaria-Geral da Presidência da República divulgou nesta quarta-feira pela manhã um texto para tentar contornar as críticas de especialistas em saúde pública, e mesmo do Conselho Nacional de Saúde, que denunciou a manobra do governo. Na nota, o Palácio do Planalto afirma que “a medida não representa qualquer decisão prévia, pois os estudos técnicos podem oferecer opções variadas de tratamento da questão, que futuramente serão analisados pelo governo federal”. O material divulgado recomenda que os jornalistas procurem o Ministério da Economia, e não o da Saúde, para ter acesso a mais informações.

PT

Bolsonaro visita amanhã São Luís e Imperatriz e Flávio Dino autoriza apoio da PM à segurança presidencial

28-10-2020 Quarta-feira

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desembarca amanhã no Maranhão para uma visita de duas escalas, uma em São Luís, que ocorrerá durante a manhã, e outra em Imperatriz, que acontecerá à tarde. Contrariando todos os protocolos que disciplinam as relações institucionais na Federação, o Palácio do Planalto não comunicou oficialmente ao Palácio dos Leões sobre a visita presidencial ao estado, de modo que o governador e sua equipe desconhecem a natureza e o roteiro da viagem. Por outro lado, também contrariando o que dissera o presidente, na semana passada, à rádio paulistana Jovem Pan, a Polícia Militar do Maranhão, devidamente autorizada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), vai participar do esquema de segurança do presidente em São Luís e em Imperatriz – e o faria também em Balsas, se a cidade estivesse no roteiro presidencial. O apoio da PM foi solicitado ontem pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, ao governador do Estado e ao secretário de Estado de Segurança Pública, Jefferson Portela, e foi atendida imediatamente, sem qualquer restrição.

Iniciado com a estapafúrdia declaração do presidente Jair Bolsonaro à Jovem Pan afirmando que não participaria de um evento evangélico em Balsas porque “o senhor Flávio Dino” teria negado a participação da PM no esquema de sua segurança – o que foi enfaticamente desmentido pelo governador, que decidiu cobrar explicações do Planalto via STF – episódio que expôs cruamente a postura contraditória do presidente da República. Por sua vez, do alto da sua coerência institucional, o governador Flávio Dino deixou claro que jamais negaria um pedido de apoio à segurança do presidente da República em território maranhense. Ele entende que, por mais fortes e profundas que sejam, as diferenças políticas, ideológicas ou partidárias não podem prejudicar as relações institucionais nesse nível de gravidade.

Antes de receber a solicitação de apoio da PM, o governador comentou, quase que dando uma lição de civilidade política ao presidente: “Desde a semana passada, Bolsonaro cria confusão com uma suposta visita ao Maranhão. No que depender de mim, ele pode ir onde quiser, não enfrentará protestos e terá a proteção da polícia do Maranhão. Não precisa ter medo. Aqui somos sérios e temos muito trabalho que nos ocupa”. Ou seja, o governador reconhece que Jair Bolsonaro é o presidente de todos os brasileiros, devendo receber o tratamento devido em todas as unidades da Federação, a começar pelo Maranhão, independentemente das diferenças que o distancie de governadores.

Ontem, enquanto o ministro do GSI e o secretário de Segurança acertavam, com a autorização do governador, a participação da PM no esquema para a sua segurança no Maranhão, o presidente Jair Bolsonaro aproveitava o encontro com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada para atacar indiretamente Flávio Dino, declarando: “Tem de tirar o PCdoB de lá, pelo amor de Deus”. Informado da declaração, Flávio Dino reagiu no ato: “Se Bolsonaro quer me tirar do Governo do Maranhão, um bom caminho é lançar um bolsonarista assumido na eleição de 2022. Em 2018 (Roberto Rocha e Maura Jorge, somados), não chegaram a 10% no Maranhão”. E foi mais longe: “Em vez de cuidar de trabalho sério, Bolsonaro diz que vem ao Maranhão para esse tipo de agenda: agressões e campanha eleitoral. Tudo com dinheiro público”.

Em meio a esses ataques e contra-ataques, uma conclusão ganha mais consistência a cada dia: o governador Flávio Dino é um adversário que incomoda fortemente o presidente Jair Bolsonaro. Por uma série de motivos. Primeiro, é um político de esquerda com larga visão, tem um preparo cultural e técnico muito superior ao dele, tem se mostrado um gestor competente e comanda um Governo eficiente, inovador e honesto. E depois, porque o governador vem ganhando estatura política no plano nacional, podendo se tornar uma ameaça ao projeto de reeleição já em curso no Palácio do Planalto e em todo o Governo Federal.

Vale aguardar a postura do presidente da República na visita de amanhã a São Luís e Imperatriz. Mas desde já uma certeza: se provocar, receberá o troco.

Repórter Tempo

Aos 75 anos, Lula diz que permanecerá na política para lutar contra ‘governo de destruição’

28-10-2020 Quarta-feira

Em entrevista à agência de notícias alemã DPA, o ex-presidente diz  estar preocupado com o aumento da pobreza no Brasil e defende “uma ampla coalizão contra Bolsonaro em 2022”. “O governo Bolsonaro é um governo de destruição e totalmente submisso aos Estados Unidos de Trump”, alerta

Aos 75 anos de idade, completados na terça-feira, 27, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva diz estar preocupado com o rumo que o Brasil está tomando. Ele acusa o líder brasileiro de extrema direita de chefiar um governo de destruição e que joga contra os interesses da sociedade brasileira. “É um governo totalmente submisso aos Estados Unidos de Trump. E um governo submisso, que não se respeita, não tem chance de exercer uma influência internacional positiva”, alerta Lula, em entrevista à agência de notícias alemã DPA.

Na entrevista, ele não confirma que será o candidato do PT em 2022 à Presidência da República e sinaliza que estará na mestra trincheira eleitoral daqueles que querem a retomada do desenvolvimento econômico e social do país. “A candidatura presidencial não é uma questão de desejo pessoal. Em 2018, eu queria correr porque sabia que, com minha experiência, poderia fazer muito mais. Eu era o favorito para ganhar a eleição, mas eles criaram uma farsa para impedir minha candidatura”, afirma.

“O que eu quero, como candidato ou como apoiante de um candidato, é ajudar a vencer o atraso que se criou no Brasil. Podemos ter uma ampla coalizão contra o Bolsonaro em 2022 para recuperar o direitos do povo brasileiro”, explica Lula. Ele diz que é dever das oposições não apenas lutar contra Bolsonaro, mas explicar ao povo as consequências de suas escolhas políticas e econômicas. “O atual governo tenta, a todo o momento, reduzir os investimentos em educação, além de agredir professores e cientistas. Eles querem descartar a folha de pagamento mínima para professores e não mais reservar uma determinada quantia de gastos para a educação”, aponta.

A agência alemã DPA diz que Lula retomou suas atividades políticas após ser libertado da prisão há cerca de um ano. “Ele cumpriu 19 meses por acusações de corrupção, o que seus partidários consideram uma manobra para tirá-lo da corrida presidencial de 2018 e abrir caminho para a vitória do lateral-direito Bolsonaro”, aponta a reportagem, assinada pela repórter Martina Farmbauer. Na entrevista, Lula lembra que está em quarentena desde que voltou da Alemanha, em 11 de março, logo no início da pandemia do Covid-19.

“Estou preocupado com o Brasil e a desumanização das pessoas, o aumento da pobreza e as tensões que já começaram antes da pandemia e que esta crise acelerou”, afirma Lula. “No Brasil, houve um grande aumento do desemprego. E em um momento em que precisamos de liderança positiva e unidade, o país é governado por Bolsonaro, alguém que mente e busca a discórdia o tempo todo”.Reprodução

Política de Bolsonaro é destrutiva

Lula diz que Bolsonaro subestimou os riscos do novo coronavírus e zombou das medidas preventivas sugeridas pela Organização Mundial de Saúde (PMS), além de desprezar a vida dos brasileiros. O país tem mais de 157 mil mortos. “Bolsonaro fez questão de anunciar a cloroquina, que não é eficaz contra o vírus. E agora, por pura ideologia, ele rejeita uma vacina desenvolvida pelo renomado instituto brasileiro Butantan, em parceria com a China”, lamenta. “Sua atitude não tem ajudado a vida dos brasileiros e nem a economia do Brasil”.

O ex-presidente da República, que governou entre 2003 e 2011, diz que a história julgará sua administração. “Governei por dois mandatos, lutei para fortalecer as instituições do país e saí com 87% de aprovação”, afirma. “Tenho orgulho de ter mostrado que um trabalhador poderia ser tão competente ou melhor um presidente do que os filhos da elite. Por ter promovido o maior processo de inclusão social da nossa história. Do aumento do número de jovens brasileiros obtendo ensino de alto nível. Do respeito internacional que o Brasil conquistou”.

A volta do Brasil ao Mapa da Fome e o agravamento da crise econômica e social brasileira são alguns dos problemas agravados pelo governo Bolsonaro. “Eu sei que um Brasil melhor é possível, porque nós provamos isso. O que quero é contribuir para que o Brasil recupere sua democracia, sua soberania, sua alegria e seu otimismo com o futuro”, aponta. “O país precisa recuperar os direitos consagrados na nossa Constituição: o direito à moradia, ao trabalho, à saúde e à educação”.

Lula diz que os direitos do povo brasileiro não podem existir apenas no papel e apenas para parte da população. Ele diz que este é o principal problema do país a ser enfrentado: a desigualdade. “Quando se luta para colocar os direitos em prática, é aí que surge a resistência das elites, e é aí que a política se torna mais importante. Quero continuar fazendo parte dessa luta”, avisa. “Quando a pandemia acabar, acho que o mundo vai estar em um cenário muito difícil – já está – e precisamos discutir muito como recuperar o humanismo, a solidariedade.

PT

Chega de fake news: nota do PSOL sobre mentiras divulgadas por Sikêra Jr., da RedeTV

28-10-2020 Quarta-feira

Mais uma vez o PSOL foi surpreendido com a disseminação de notícia falsa e criminosa a seu respeito. No último dia 26, o apresentador Sikêra Jr., da Rede TV, afirmou que o partido entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para “obrigar o ensino da ideologia de gênero nas escolas brasileiras”, além de chamar os membros do PSOL de ‘bando de pedófilos”. A mentira, que também foi reproduzida e divulgada pelo Jornal da Cidade, conhecido veículo disseminador de fake news, agora ganha ampla repercussão nas redes sociais.

O PSOL já está tomando as medidas necessárias para interromper a disseminação da informação falsa e processará civil e criminalmente o referido apresentador, bem como demais pessoas e veículos de comunicação envolvidos.

Conforme as eleições se aproximam e os candidatos do PSOL se destacam nas pesquisas, a divulgação de fake news tende a aumentar. Essa é uma tática já conhecida daqueles que se promovem por meio da mentira e da destruição da honra de seus concorrentes. Mas estamos preparados para combatê-las e não pouparemos esforços para responsabilizar seus autores e restabelecer a verdade.

Executiva Nacional do PSOL
28 de outubro de 2020